Helder 27/04/2023Bons contos, mas...Fui lendo este livro aos poucos durante pouco mais de uma semana.
Normalmente um conto por dia.
E quando terminei, fiquei com a sensação de que foi bom, mas podia ter sido melhor e não sei explicar por que, pois agora antes de escrever esta resenha fui ler os resumos de leitura que fui fazendo à cada conto e vi que dos nove contos deste livro, eu só não gostei de um.
Todos os outros me trouxeram sensações. Boas, ruins, medo, alegria, incomodo, curiosidade. Mas me parece que faltam finais mais bombásticos que fiquem na minha cabeça, ou aquela sensação de que eu "queria ter escrito algo tão sensacional"
Mas talvez isso não seja Lygia Fagundes Telles.
Acho que seu objetivo não é ser sensacional ou explodir cabeças. Acho que ela quer mais é nos trazer pequenos incômodos contando histórias cotidianas, mas que saem do caminho reto.
Isso acontece logo no inicio em Dolly, primeiro conto do livro onde uma moça responde a um anúncio para dividir um apto e acaba encontrando um cenário de violência. Neste conto podemos dizer que Lygia mostra a “perda da inocência” desta menina. Outro conto que vai por este viés de “perda de inocência” é Segredo, onde uma menina precisa entrar em um local para pegar uma bola.
Já em alguns contos a autora traz textos ousados e de mais difícil leitura, pois usa diversas vozes e diversos tempos narrativos. Exemplos disso são o segundo conto chamado “Você não acha que esfriou” que traz uma narrativa complexa que requer atenção onde uma mulher vai pra cama com o melhor amigo do marido, mas nada acontece porque este amigo é apaixonado pelo marido dela e Boa Noite Maria onde a autora discute solidão e eutanásia. Ambos os textos cheios de vozes e em diferentes tempos que mostra o talento da autora em levar o leitor por diversos caminhos, mas pedem atenção do leitor.
Mas para mim os contos mais interessantes são Uma Branca Sombra Pálida onde uma mãe tenta entender a atitude de sua filha tentando se isentar de suas culpas e Anão de Jardim, onde temos um narrador inédito na literatura, até onde eu saiba.
Sendo assim, como literatura com certeza todos os contos valem a leitura, mas infelimente para mim faltaram estopins que fizessem com que os contos seguissem comigo após a leitura.