Pah Aleksandra 17/07/2017
Uma viagem sobre escolhas, preconceitos e sucesso!
Arábia é a história de um jovem que fez uma escolha ousada e que, mesmo rodeado de inseguranças e incertezas, provou que sair da sua zona de conforto foi a melhor maneira de construir um novo futuro. –Consegue imaginar largar casa, emprego e terra natal para iniciar um mestrado na Arábia Saudita? Rafael também não, mas mesmo assim decidiu correr o risco.
A obra narra os anos que Rafael Coelho, o próprio autor, passou na Arábia Saudita. Acho importante dizer que a ideia da obra não é reconstruir os passos dele no melhor estilo biografia, muito pelo contrário, o foco está na necessidade que Rafael viu de compartilhar suas escolhas, acertos e erros, e todo o aprendizado gerado por esses anos em que esteve em um continente tão diferente – tanto em costume, quanto em política. Assim, aqui acompanhamos a vida desse jovem corajoso e aventureiro, mas sempre na intenção de entendermos o quanto viver na Arábia Saudita mudou, completamente, a vida de Rafael.
Surgiu para o jovem a oportunidade de fazer mestrado na KAUST, King Abdullah University Of Sience. Na época a universidade não passava de um projeto gráfico: o Rei Abdullah, na tentativa de diminuir a dependência da nação diante do petróleo e de fazer o país ser reconhecido pela formação acadêmica de ótima qualidade, investiu 20 Bilhões de Dólares na construção de uma universidade de ponta. Além de um projeto incrível e de muito dinheiro investido, e também porque não são bobos nem nada, a KAUST abriu bolsas acadêmicas para os melhores alunos do mundo, buscando criar uma primeira turma forte e sólida. E é aí que Rafael entra nessa história. O rapaz, que não pensava em fazer mestrado e só queria terminar a faculdade e ser efetivado na empresa em que estagiava, acabou sendo um dos escolhidos para a turma de primeiros alunos da KAUST. E, depois de alguns incentivos financeiros, decidiu ir para Arábia Saudita. Decisão que, anos depois, provou ser uma das melhores que já tomou.
O livro traz tanto o dia a dia de Rafael na universidade, convivendo com estudantes do mundo todo e aprendendo a lidar com as regras de um país tão rígido e fechado, quanto às viagens que ele e seus amigos fazem ao longo dos dois anos de mestrado. Existem inúmeros países e culturas próximos da Arábia Saudita, assim ele aproveitou os feriados e finais de semana prolongados para visitar regiões para quais nunca sonhou ir. Portanto, é fato que o livro possui dois pilares que gosto muito: a possibilidade de mergulharmos em outra cultura (nesse caso uma cultura fortemente embasada e dependente do Islamismo) e de viajarmos pelo mundo ao lado do personagem principal. Carrego em mim essa vontade de rodar o mundo, então foi incrível ver o autor listar suas idas e vindas, principalmente por regiões pouco conhecidas. O clima do livro é tão focado na aventura e nas viagens que, sem brincadeira, a vontade que dá é comprar uma passagem e partir pelo mundo. Além disso, adorei a perspectiva de conhecer essa região tão mística e fervorosamente religiosa. Aqui, o autor traz tanto a visão preconceituosa que a mídia prega dos costumes desse povo, como a maneira fechada, reclusa e inaceitável para quem vê de fora que esse povo vive.
Além das viagens e de conhecer mais essa cultura tão opressiva, o livro também traz a perspectiva de um jovem de vinte e poucos que quer ter dias normais: jogar futebol, sair pra noitada, namorar, encher a cara e tudo isso sem se preocupar com as leis que dominam o oriente médio. A narrativa do Rafael é bem “gente como a gente”. Ele escreve como se tivesse falando com um amigo, o que torna a leitura bem rápida e fluida, e não tem vergonha de contar as dificuldades – sociais ou comportamentais – que passou no seu período na Arábia Saudita. Afinal, independente de estar lá para estudar, qual jovem que não precisa de um pouco de diversão de vez em quando? Claro que também devo dizer que não concordei com algumas das opiniões do autor (principalmente com relação ao papel desempenhado pela mulher no oriente como um todo), mas o ponto é entender que o livro é a forma como ele vê e sentiu o sua estadia na Arábia Saudita e em seus países vizinhos.
No final do livro o autor compartilha com o leitor tudo o que essa experiência, de convívio e viagens, ensinou. Ele criou uma lista de dicas bem bacanas e que nos fazem refletir sobre nossos medos e anseios, e como deixamos de conquistar determinadas vitórias simplesmente por termos pavor do desconhecido. Ou seja, o livro é um prato cheio para os amantes de viagens e também para aqueles que precisam de um empurrãozinho para lutarem por aqueles sonhos guardados na gaveta.
"Quando você toma uma decisão, não pode ficar pensando no que teria acontecido se tivesse seguido o caminho A ou B. Tem que fazer o caminho que você escolheu ser o certo. Se joga!"
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