Patty Santos - PS Livros
20/03/2017Um final digno para uma fantasia apaixonante"- Seja o início e o fim, Sherazade al-Khayzuran. - Um lampejo de luz se acendeu do outro lado. - Seja mais forte do que tudo à sua volta."
A Rosa e a Adaga é a continuação de A Fúria e a Aurora, e também o final dessa duologia escrita por Renée Ahdieh e publicada no Brasil pela Globo Alt. Caso você ainda não saiba se trata de um reconto do clássico As mil e uma noites, e como eu disse na resenha do primeiro livro, não li o clássico então não consigo dizer quão similar é a duologia de Renée.
No primeiro livro temos uma Sherazade que se voluntaria para ser uma das esposas de Khalid, o califa de Khorasan, acreditando que ele seja um monstro que mata suas esposas a cada nova aurora. Sherazade quer vingança pela morte de sua amiga Shiva, uma das esposas mortas pelo califa. Aos poucos Sherazade vai descobrindo o homem por detrás do monstro, quais são os verdadeiros motivos que levam Khalid a cometer tamanha barbárie. Ela sobrevive graças ao seu dom em entreter o califa com suas histórias e os dois começam a criar laços com essa convivência. É claro que a atitude de Sherazade deixa sua família e amigos preocupados e um plano é orquestrado para resgata-lá.
Em A Rosa e a Adaga encontramos Sherazade refugiada em um acampamento com sua família e as forças que se uniram contra o califa não somente para resgatá-la como para tira-lo do poder. E por estar entre os inimigos do califa ela precisa disfarçar seus sentimentos por Khalid, e fazer com que todos acreditem que ela está feliz ao lado se seu primeiro amor, Tariq. Acontece que Sherazade ainda é a califa de Khorasan e veladamente é uma prisioneira nesse refugio, se alguém desconfiar do quanto ela é importante para Khalid poderá utiliza-la para ataca-lo de alguma forma.
Khalid e seu povo estão passando por um momento delicado, a cidade quase foi destruída e a reconstrução é árdua, além disso, as pessoas mais próximas a ele acabam se distanciando também. Khalid acredita que toda a destruição é sua culpa, por conta da maldição, assim com o intuito de se redimir, ele começa a ajudar na reconstrução da cidade, saindo sozinho e escondido da sua guarda.
E é nesse contexto que temos uma Sherazade a procura de uma forma de quebrar a maldição, ao mesmo tempo em que tenta entender melhor seu poder. E um Khalid que sabe que precisa se reerguer, pois brevemente terá que se defender de um novo ataque por parte dos que conspiram contra ele.
" Algumas vezes - ele engasgou - a família que se escolhe... é mais forte que a de sangue."
Diferente do que pontuei no primeiro livro, em A Rosa e a Adaga a autora explora melhor os personagens Jahandar e Irsa, pai e irmã de Sherazade, conseguimos entender a importância de cada um na trama, e acabamos nos aproximando muito de Irsa, que demonstra ser uma garota inteligente, amável e um tanto inocente, ao passo que entendemos os desejos egoístas de Jahandar e sua forma leviana de usar uma magia que ele não domina.
A introdução do triangulo amoroso que me irritou um pouco no primeiro livro, quase não se faz presente agora, não duvidamos do amor que Tariq sente por Sherazade, mas com o desenrolar da história ele acaba por compreender o amor que Sherazade sente por Khalid e mesmo sendo muito difícil para ele, o seu amor por Sherazade e a vontade de vê-la feliz fala mais alto. Apesar de tomar algumas decisões infelizes em partes da história, que culminaram em muitas lágrimas, Tariq foi um personagem que realmente me surpreendeu ao por de lado seus sentimentos por algo maior.
Sherazade é uma personagem ímpar, ela continua com sua personalidade forte e língua afiada, o que torna sua jornada mais difícil, a impressão que o leitor tem é que ela não faz ideia da sua real importância no contexto geral. Mas sem sombra de dúvida ela é a alma do livro, o fio condutor da mudança, dos desafios, das tragédias, mas também de toda a superação.
Eu me envolvi mais com os personagens em A Rosa e a Adaga, é evidente a mudança e o crescimento dos personagens nessa segunda parte da história. O Rei menino de A Fúria e a Aurora deu lugar a um rei maduro e preocupado com seu povo em A Rosa e a Adaga, que demonstra seu poder e benevolência quando se faz necessário, eu torci muito pelo amor de Khalid e Sherazade. E mesmo acreditando que o final tenha sido corrido demais, e a solução encontrada pela autora para o plot twist tenha sido muito simplória, eu fiquei satisfeita com o final.
Um final digno para uma fantasia apaixonante. Sem sombra de dúvida vale muito apostar nessa duologia, e conhecer a história de amor de Khalid e Sherazade, não há como não lembrarmos de Aladdin e Jasmine voando com o tapete mágico. Uma história evolvente e única. Leiam!!!
"Khalid podia sentir o sorriso na voz dela. Ele não se mexeu, certo de que finalmente estava sonhando.
E esse era um sonho do qual não queria acordar."
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