Kris Monneska - Conversas de Alcova 14/03/2017Teve tudo pra dar certo, mas...Oi gente, tudo bem? Hoje eu estou aqui para trazer a resenha de um livro nacional que eu li semana passada numa das minhas ultimas aventuras pelo mundo do Kindle Unlimited, estou curtindo bastante ler no Kindle, mas ainda assim prefiro os físicos. Enfim, voltando ao assunto, O Que Resta de Mim é o romance de estréia da Thais M. de Lima, que também é blogueira. Eu vi algumas pessoas comentando sobre a obra, li várias avaliações positivas e fiquei curiosa, mas infelizmente eu não curti a leitura, algo que me fez até mesmo pensar em não publicar a resenha, mas que blogueira de bosta eu seria se só trouxesse pra cá opiniões positivas, não é?
Então, vamos lá sigam-me os bons.
Eu vou tentar deixar bem claro aqui o que eu não curti na leitura, por isso é provável que em alguma altura da resenha hajam spoilers, mas eu vou deixar eles marcados pra quem quiser poder pular.
A Narrativa começa no passado, é feita em primeira, pessoa pela própria Gabriela aos 9 anos e nos conta sobre a vida dela nessa parte da infância, nos fala do seu melhor amigo, Guilherme (um garoto de 12 anos que mora na casa ao lado), do relacionamento familiar e principalmente, relata os abusos que ela sofre do pai e que a levam a tomar uma atitude para parar com aquilo.
Na sequência a perspectiva da narração muda e nos dá o ponto de vista de Guilherme na mesma época, porém estamos dentro de um sonho quando ele acorda percebemos que já se passaram 9 anos desde então. Agora ele vive no Rio de Janeiro e hospeda em sua casa sua irmã mais nova, que passou recentemente por alguns problemas e preferiu ficar com ele ao invés de com a mãe.
Somos apresentados também a versão adulta de Gabriela, que está de mudança, abandonando a sua vida em São Bernardo do Campo e partindo para o Rio de Janeiro onde conseguiu ingressar na Universidade Federal, mas a mudança não a incomoda tanto, pois após os fatos da infância a sua convivência com a mãe mudou drasticamente. Sendo assim as únicas pessoas que ela sofre por deixar pra trás são Milena e Ninha, sua mãe, que foram as pessoas mais próximas a ela desde que tudo aconteceu.
Tudo o que Gabriela espera com essa mudança é que de uma vez por todas ela consiga deixar os sentimentos do passado para trás e seguir em frente, mas ela nem imagina é que esse passado está prestes a se tornar mais presente do que nunca.
A escrita da Thais é legal, a narrativa dela é fluída e faz com que a leitura transcorra relativamente rápido, algo bom já que o livro tem 423 páginas (segundo o Skoob). A premissa da obra é boa, apesar de não ser muito original e ter muitos elementos que me lembraram Um Caso Perdido da Colleen Hoover, mas faltou receber uma melhor lapidação. Existem muitas cenas desnecessárias, e um excesso absurdo de reviravoltas na história que acaba tornando tudo muito confuso e cansativo, mas esse ainda não foi o ponto que mais me incomodou e sim o excesso de incoerência na construção psicológica dos personagens e do excesso de machismo arraigado na obra.
A Thaís se valeu de algumas referências dentro da obra que acabaram derrubando a sua linha do tempo, há referências no início do livro que colocam a parte em que os personagens são crianças em 2011 e na parte em que a história realmente se desenvolve as referências apontam para 2016, só que na trama entre uma parte e outra se passa cerca de 9 anos, o que colocaria a trama em 2020. Esse é um erro relativamente bobo, mas que não deveria passar por um copidesque.
Além desses fatores a parte erótica da obra não me agradou. O protagonista todas as vezes que via a mocinha ficava de pau duro, mesmo em situações nem um pouco sexuais. E ainda depois quando eles começam a manter um relacionamento as descrições da Gabriela durante o ato sexual não condizem com a realidade do ato em si.
Pra finalizar a obra a autora se valeu de um novo plot twist, que eu não vou contar, mas que definitivamente não me convenceu e me soou com algo apelativo, bem novela mexicana.
Pelo que vocês perceberam eu não curti a leitura. Acho que a trama tinha tudo pra dar certo mais infelizmente, não deu. Acredito que faltou uma pesquisa mais profunda em alguns pontos, além de uma leitura mais crítica, afim de apontar esses erros para que eles fossem corrigidos antes da publicação. A Capa do livro é bonita e condiz com a história, mas a revisão também deixa a desejar.
A escrita da Thaís é bastante dinâmica, flui muito bem, existem personagens muito legais na obra que conseguem cativar, eu me diverti enquanto lia, dei algumas gargalhadas, mas infelizmente a parte agradável da leitura não foi o suficiente para fazer com que a parte desagradável valesse a pena.
Não sei se lerei os próximos livros da série, mas acredito que a autora tem potencial, pois é o seu primeiro livro e sua escrita a partir de agora só vai amadurecer.
Enfim, a resenha saiu imensa, porque praticamente foi dividida em sem spoiler e com spoiler.
Então, espero ter conseguido passar bem o meu ponto de vista da obra, em momento algum minha intenção foi ofender ou desmerecer a autora, mas eu sempre prezo por sinceridade nas minhas resenhas e não agiria diferente.
Lá no blog tem mais detalhes explicando o que eu não gostei da obra porque eu precisaria dar spoiler pra isso, então passa lá e confere!
site:
http://www.conversasdealcova.com/2017/03/resenha-o-que-resta-de-mim-flor-de-liz.html