Vitória Sommer 03/03/2023
É um dos mais famosos clássicos modernos dos Estados Unidos, publicado em 1963. O fator que chama muito a atenção é que é a dificuldade de classificar o gênero desse livro:
Por ser, ao mesmo tempo, uma biografia e uma ficção. A autora o publicou inicialmente sob o pseudônimo de Victoria Lucas, como se fosse uma ficção. Ocorre que ela acaba narrando a própria vida, mas caricaturizando e exagerando alguns personagens e situações (claro, modificando os seus nomes). A história é narrada em primeira pessoa, e se passa no um período de alguns meses na vida de Esther (personagem principal), que ganha bolsa de estudos para estagiar em uma editora de revista. No entanto Esther, apesar de sempre ter sido uma aluna excepcional, passa a se sentir desanimada pelos estudos, trabalho, pelas pessoas que a rodeiam, e pela vida em geral: um vazio muito grande acomete a sua pessoa. E esse vazio vai aumentando no decorrer do livro, gerando consequências trágicas. Apesar dos temas bem pesados e do enorme vazio da protagonista, a personagem é engraçada ao descrever as situações - o que torna algumas partes do livro divertidas, contraditoriamente.
Trata-se de um livro sobre as dificuldades da passagem para a vida adulta, a depressão profunda e falta de sentido na vida de Esther. Também é uma obra revolucionária para a época, tratando de temas como a desigualdade de tratamento entre homens e mulheres, o papel ?pré-determinado? que se esperava das mulheres na sociedade. A personagem questiona todo esse papel, se revoltando contra ele (lembrando que foi publicado em 1963). O livro já foi comparado com ?O apanhador no campo de centeio? e, apesar de ser muito diferente deste, encontro algumas semelhanças na voz jovial e ?perdida? dos personagens principais.
É um livro *extremamente original* -ainda mais considerando a época em que foi publicado- mas também muito pesado. Entendo porquê se tornou um clássico, porém não recomendo ler caso esteja passando por momentos ruins, pois tem cenas bem fortes.