Malu | @dicas_de_malu 31/07/2017Quando li a sinopse de Esqueça o amanhã, fiquei imediatamente curiosa por este enredo, esperando uma distopia envolvente e com muitos mistérios. Felizmente, apesar de alguns problemas, este livro se mostrou uma leitura interessante, com uma premissa muito boa e um ritmo intenso, que me prendeu da primeira à última página.
O livro é narrado em primeira pessoa por Callie, uma jovem que está prestes a completar 17 anos e receber sua memória do futuro. Ou seja, ela vai descobrir qual caminho seguirá no futuro e acredita que finalmente se sentirá completa e com seu felizes para sempre. No entanto, para da menina, a memória que seu futuro lhe envia é algo que ela não poderia imaginar nem em seu pior pesadelo: Callie se tornará uma assassina; pior ainda, vai matar sua irmã caçula, que é a pessoa que ela mais ama nesse mundo.
A única alternativa que resta para Callie é evitar que esse futuro terrível se concretize e ela não medirá esforços para isso. Contando com a ajuda de Logan, um antigo amigo que se afastou há alguns anos, mas por quem ela sempre nutriu um amor secreto, Callie precisa fugir do governo e, principalmente, de seu destino, a fim de garantir a segurança da pequena Jessa.
Em sua fuga, Callie descobre muito mais sobre as memórias do futuro e os objetivos de duas importantes organizações daquela sociedade: a Agencia de Memória do Futuro, a AMFu, e a APTec, Agência de Pesquisas Tecnológicas. Callie sempre soube que essas duas organizações tinham grande relevância naquela sociedade, mas não fazia ideia de quantas coisas terríveis poderiam estar por trás de todo esse sistema.
Entre os pontos positivos que destaco neste livro está justamente o enredo, que é, no mínimo, instigante. Como as pessoas recebem essas memórias do futuro? É possível se desviar do destino que elas reservam? Qual é o real objetivo da AMFu e da APTec? E, tornando tudo ainda mais envolvente, várias outras perguntas vão se somando a essas no decorrer da leitura, de modo que o leitor fique cada vez mais curioso para prosseguir.
O ritmo da trama é mais acelerado e conta com uma boa dose de mistério e de ação. Além disso, a escrita da autora é bastante leve e simples, o que torna a leitura agradável e permite um rápido envolvimento com o universo apresentado. Mesmo no começo, quando não compreendia muito bem o funcionamento daquela sociedade, isso não tornava a leitura cansativa; ao contrário, aumentava a minha curiosidade e o desejo de seguir em frente e buscar as explicações para as minhas dúvidas.
No entanto, como falei no começo da resenha, a obra tem problemas. O primeiro deles é que o romance rouba a cena e tira o foco da história em diversos momentos. Eu sei que Callie e Logan são adolescentes e, desde o começo, fica claro que haviam sentimentos mal resolvidos entre eles. No entanto, a quase adoração que Callie tem por ele acaba se tornando maçante e quase inapropriada. Ela está fugindo do governo, lutando contra um destino terrível e descobrindo uma realidade cada vez mais perversa naquela sociedade, então, era de se esperar que o romance ficasse em segundo plano. Prioridades, né? No entanto, várias vezes ela faz exatamente o contrário e ainda age de um modo totalmente egoísta.
Isso acaba levando a outro problema do livro: a construção de personagens. Grande parte da trama fica centrada na Callie e no Logan, fazendo com que haja pouco espaço para o desenvolvimento dos personagens secundários. Com relação aos protagonistas, Callie se mostra muito irregular, sendo corajosa e altruísta em alguns momentos, e muito infantil (até para uma adolescente) e egoísta, em outros. Já o Logan é um personagem realmente cativante, mas que acaba sendo limitado também pelo fato de todo o livro ser narrado pela perspectiva de Callie.
Confesso que esses problemas quase afetaram o meu envolvimento com a história, porque estava começando a ficar realmente irritante o modo como o romance se tornava prioridade em momentos totalmente inadequados. No entanto, isso não chegou a ocorrer, porque a autora conseguiu retomar o foco a tempo e a parte final do livro seguiu um rumo muito interessante e conduziu a um desfecho daqueles que deixam a gente desesperado pela continuação.
Com relação a edição, eu fiquei completamente apaixonada pela capa. É simples, mas muito bonita. Além disso, as páginas são amareladas e as letras têm um tamanho muito bom para leitura. O único problema que identifiquei foram alguns erros de revisão, mas nada que chegasse a prejudicar a leitura.
Assim, recomendo Esqueça o amanhã para quem gosta de distopia, mistério e uma (grande) dose de romance. Mesmo não tendo atendido a todas as minhas expectativas, ele ainda se mostrou uma leitura agradável, envolvente e instigante. O enredo é bom e, apesar de ter esperado mais dos personagens, terminei o livro me importando com eles o suficiente para querer ler o segundo livro e saber o que aconteceu. O desfecho é bastante impactante e conseguiu me surpreender, me fazendo acreditar mais no potencial da autora. Aliás, espero de coração que a Galera Record não demore a publicar a continuação, porque não estou sabendo lidar com a curiosidade.
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