drica 29/09/2017Trilogia do AdeusA Trilogia do Adeus foi bem interessante, por conter 3 narradores, e cada livro ser narrado em tempos diferentes, três gerações. O pai idoso, a Bia adolescente e o Matheus pai de adolescente.
Caderno de um ausente trata de uma carta escrita por um pai a sua filha recém-nascida. Essa carta é escrita aos pedaços, conforme a criança vai crescendo. No seu conteúdo, o pai escreve se despedindo da sua filha, falando sobre coisas que aconteceram antes do nascimento (fala de familiares, o que a mãe passou durante a gestação...) e prevê o que pode acontecer num futuro em que ele não estará presente, por ser um homem de meia idade (50 anos). A narrativa tem um tom nostálgico, como se o pai escrevesse com saudade do que ainda vai acontecer a filha, mas que ele não poderá vivenciar. Sua escrita sobre o futuro é apenas uma hipótese, no final da carta a gente observa que quem não acompanhará o crescimento de Bia é a mãe. É a primeira ausência da criança.
“E eu só sei, Bia, que, em breve, não estaremos mais aqui, e, enquanto estivermos, eu quero, humildemente, te ensinar umas artes que aprendi, colher a miudeza de cada instante, como se colhe o arroz nos campos, cozinha-la em fogo brando, e, depois, fazer com ela um banquete.”
Menina escrevendo com o pai é uma resposta ao primeiro livro. A filha, já com 20 anos, narra sua vida ao lado do pai mais velho, seus sentimentos em relação à ausência da mãe, sua relação com o irmão e os demais familiares. Mas o que se destaca na obra são as reflexões da Bia com a proximidade da morte do pai, ela vai contando como foi a sua convivência com ele, o processo de crescimento dela e o envelhecimento do João.
“Ler, tanto quanto escrever, é fazer a ressureição de um mundo.”
A pele da terra é a visão do Matheus, filho do João. Ele relata sua relação com o filho, durante uma peregrinação. Durante a caminhada, ele vai refletindo o quanto ele e o filho são parecidos e ao mesmo tempo as características que os distingue.