Mario Miranda 10/06/2018
Quando a Revolta define o Homem
Atentarei minha análise tão somente ao conteúdo da obra, uma vez que a qualidade física do livro já foi ressaltada em análises anteriores: mesmo para um livro de bolso, má qualidade do livro, folhas finas e de difícil manuseio, formatação ruim das páginas. Uma pena.
O Homem Revoltado, obra filosófica de Albert Camus foi publicada em 1951, sendo a razão do rompimento intelectual entre este e Jean Paul Sartre, rompimento este retratado de maneira sublime por Simone de Beauvoir em Os Mandarins, publicado 03 anos após, onde os personagens Perron (Camus) e Dubreilh (Sartre) rompem uma amizade a medida que este tem a necessidade que aquele adira cada vez mais aos ideais socialistas e de defesa da URSS.
A obra realiza uma análise histórica, social, política, filosófica e artística com base na "Revolta", conceito que exprime a mensagem que um homem quer transmitir quando ele define algo como "inaceitável" para sua situação existencial.
Talvez o capítulo mais relevante seja o que o autor aborda a "Revolta Existencial", momento em que o homem exprime sua insatisfação com o Criador enquanto Criado, é o seu "não" contra sua situação e inserção no mundo. Não é a sua negação contra a entidade metafísica, mas sobretudo sua negação enquanto submisso as vontades metafísicas.
O Homem Revoltado é uma obra que definitivamente exige determinados conhecimentos prévios para sua ampla compreensão, uma vez que Camus aborda a revolta ao longo da história ocidental, conhecer as obras de Sade, Dostoiévski, Nietzsche, Marx (especialmente as críticas à ele), bem como "O Mito de Sísifo" torna-se essencial para quem busca um entender completo da obra.