Ana Paula Sesterheim 15/02/2018
Sinopse incrível, mas história pouco trabalhada.
O livro é dividido em duas partes, a primeira ambientada no século XVIII, e a outra no século XXI.
A primeira começa na Inglaterra com Caio, um jovem que deve proteger um tesouro e um livro junto de Roberto, um homem que acabou de conhecer, mas tornam-se grandes amigos (primos, para os desconhecidos). Ambos escondem os artefatos em outro continente e fazem de tudo para ter uma vida normal, como casar e ter filhos e tudo ocorre perfeitamente bem nesse período. Então, somos apresentados à Jhonny na segunda parte.
A segunda é ambientada no ano de 2046, e a tecnologia está muito mais avançada, tendo robôs para todos os tipos de trabalhos. Tudo ia bem, até que um dia o pai de Eric, o último herdeiro, se vê sozinho tendo que cuidar de seu filho.
Será que Eric será capaz de proteger o tesouro de uma guerra iminente e de inimigos que o cercam há mais de uma geração?
Confesso que o livro me chamou a atenção por ser uma fantasia ambientada no século XVIII, e a premissa é bastante interessante, mas fui desapontada logo nas primeiras páginas.
Apesar da história ser ambientada séculos atrás há muita informalidade, e até mesmo questões culturais foram deixadas de lado. Todos os personagens são chamados de “Seu Fulano” em algum momento, até mesmo o rei, guardas, entre outros. Além de se passar na Inglaterra e os nomes dos personagens serem completamente brasileiros: Caio, Roberto, Carlos, João...
Também há uma moça que mais tarde virá a se tornar esposa de Caio, mas ainda quanto está solteira, vai na casa de Roberto e Caio SOZINHA, o que sabemos que não aconteceria de maneira alguma tempos atrás. Essa mesma personagem é completamente birrenta e mimada, fazendo o que bem entender com o marido, inclusive, bate nele.
Outros fatores que contribuíram para que eu não aproveitasse a leitura foi a incoerência. Sim, há muitas coisas confusas. Algumas delas são o fato do tesouro ser escondido (jogado) no mar, a deriva, como se não fosse parar em qualquer outro lugar do mundo.
Também há um leão que é colocado na garagem de um hotel junto à um cavalo, como se fosse normal. Nem mesmo em uma história de fantasia isso chega a ser plausível, já que os animais ficam largados lá como se fossem veículos, além do óbvio acontecer: o leão come o outro animal.
Enfim, é um livro que não nos convence, além de não nos passar a sensação de estarmos em outra era, não conseguimos imaginar. Se a história fosse ambientada apenas no século atual, seria a mesma coisa. Não há diferença alguma da linguagem de época e atual.
O texto também é bastante poluído. Há muitas palavras repetidas e variações, encontrei “ele”, “dele”, dela” em apenas 2 linhas, por exemplo. A revisão também peca bastante na ortografia, concordância, gramática, etc.
Esses pontos que citei, são mais em relação a primeira parte. A segunda preferi não comentar sobre os fatos para que ninguém pegue spoiler, mas os erros são os mesmos.
Acredito que a história poderia ter sido muito mais trabalhada, pois não parece que o autor fez pesquisas durante a produção do livro, dando a impressão de um trabalho raso e jogado. Também acho que a editora poderia ter feito um trabalho muito melhor com a obra, dando suporte ao autor nesses quesitos com a ajuda de um revisor, o que não me parece o caso.
Enfim, o autor tem que melhorar muito, pois é como se eu tivesse lido um rascunho de uma ideia. Então, seria interessante se houvesse uma segunda edição, para que os leitores acompanhassem essa evolução do autor, que espero que melhore com as críticas.
site: http://www.cantinhogeek.com/2018/02/resenha-o-ultimo-herdeiro-e-pedra.html