debora-leao 16/01/2024
Não me conectei tanto com o livro. Está de acordo com as resenhas que li e o efeito foi bem esse mesmo: o de absurdo. Vc fica tipo "não é possível, que nada a ver". Logo nos primeiros parágrafos vc pensa "ble, que forçado, nada crível", mas a narrativa segue e vc passa a pensar "caraca que gente doida, eles estão insistindo nisso mesmo!".
O livro foi engraçado em alguns momentos. A crítica social pra mim perpassou uma questão de arrogância (justamente o funcionário ambicioso perde logo o NARIZ? O cara "nariz empinado" fica sem essa parte do corpo?), uma crítica ao funcionalismo público, enfim. Foi interessante, mas por ser bem curto achei meio pouco desenvolvido. Poderia ser mais profundo. É uma história curta, tem menos de 100 páginas, o livro é um pouco maior pq há muitas ilustrações e alguns textos de apoio que juntos perfazem umas 20-25 páginas.
Uma coisa que senti é o extremo pertencimento à cultura russa. Foi minha primeira leitura de Gogol, especificamente, mas de russos em geral eu li Anna Kariênina, Noites Brancas e Gente Pobre, e O Nariz é de longe o que pra mim foi mais ligado a esta cultura. Tanto que algumas vezes achei difícil entender algumas coisas mesmo com notas de rodapé, pq fica explicado mas não dá pra compreender o sentimento (quando se diz que tal termo é uma dança tradicional russa, pra mim fica faltando dizer se é alegre, mais lenta, se normalmente se dança em pares e a pessoa está dançando no ar, enfim... Detalhes, mas que ajudam a dar o tom).
Quis começar por ele por ser curto, mas estou em dúvida se foi a melhor escolha. É simples e rápido, mas acho que a profundidade do texto não está tão superficial nem dada logo de cara. Ainda darei uma chance para Almas Mortas e O Capote e aí repenso, e qualquer coisa volto aqui pra contar.