Fazes-me falta

Fazes-me falta Inês Pedrosa




Resenhas - Fazes-me falta


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Daniel 02/06/2012

Trecho
Porque tu morreste, experimento pela primeira vez o sopro de eternidade - acredito agora que há um lugar do lado de lá onde tu me esperas. Não sorrias - não é ainda a Fé. Esse lugar de mortos, vejo-o como uma planície de cinzas. Um sítio largo onde habita a melancolia dos que se recusam a largar a vida, como tu. Um lugar sem Deus - mas contigo.




Recomendar? com que palavras?
Paula 08/05/2013minha estante
Amo esse livro. Aliás, sou fã da Inês. :)


Daniel 09/05/2013minha estante
Paula, eu acho que neste livro a autora atingiu a perfeição. E conseguiu sair um pouco daquela linha (sei que vocês mulheres detestam isso, mas lá vai:)"literatura para mulheres". O narrador masculino é bastante convincente, e é impossível ficar indiferente à dor da perda que ele sofre.


Daniela 06/10/2013minha estante
Lindo livro! Não dava nada por ele...
Trechos dele vieram de encontro com a fase da minha vida, na época. "...A vertigem da mortalidade levou-me ao ensino: bandos de jovens de olhos ansiosos diante de mim, sucedendo-se uns aos
outros como nuvens leves numa noite de verão. Até que tu apareceste, com teu sorriso de idades misturadas, e restauraste
a minha quase esgotada juventude.?




Peleteiro 09/06/2020

Com uma prosa poética milimetricamente bem medida e uma atenção excepcional a cada palavra, ?fazes-me falta? é uma verdadeira obra-prima que esbanja singeleza e sensibilidade ao abordar a condição humana em sua essência.

Carregada de frases cortantes e introspectivas, a narrativa, que se divide entre a voz da morta e a voz do amante que restou vivo, provoca uma verdadeira miscelânea de sensações, que percorrem desde o encantamento, até a angústia perante a consciente da morte daqueles que amamos e de nós mesmos.

No início da leitura, já encomendei mais dois livros da autora, que foi a minha melhor descoberta nesse período de isolamento social.
Manuella_3 09/06/2020minha estante
Há tempos na minha estante, agora deu mais vontade de ler!


Peleteiro 10/06/2020minha estante
Hahah, é uma leitura densa, que flui devagar, mas que, por sua delicadeza, não causa tédio em momento algum.




Márcia Regina 30/08/2009

Estranho, não consigo classificar este livro. Não sei dizer se gostei ou não. Ele é pesado, lento para ler. E se tivesse que contar a história agora, não saberia.

Mas também é verdade que a autora tem um poder excepcional de criar frases e descrever sensações. Gosto de copiar meus trechos preferidos e copiei praticamente o livro todo.
Uma incógnita para mim. Maravilhoso por um lado, mas confesso que não me animo a ler mais de um livro da Inês Pedrosa por ano.

Algumas relíquias das frases dela:
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"Porque a opacidade do mal é interior. Um muro deconhecido dentro do coração. Nunca vemos o mal que fazemos, só o mal que nos fazem se torna claro."

"de que acontecimentos é que verdadeiramente nos lembramos?"

"Ganhastes, Sininho: o Deus da Culpa agarrou-se-me aos ossos. Mas não era esta a vitórias que querias de mim, pois não? O prazer da culpa, esse prazer gastronómico de demorar no corpo a dor que fomos capazes de causar. Ou o prazer mais rápido de sacudir a culpa sobre o corpo do outro. A culpa precisa sempre de corpo. Agora,pela primeira vez,preciso do teu corpo."

"Há quanto tempo não te arde o coração?"

"Continuas a ser professor, embora saibas que todo o saber chega demasiado tarde."

"Esperavas demasiado de mim. Esperavas demasiado da vida. Vivias num sebastianismo de alta rotação que às vezes me exasperava. Ninguém ia melhorar - nem o funcionário público, nem a Justiça, nem a paisagem algarvia, nem o meu rosto no espelho. Amavas-me muito pelo que eu não era; querias à força que eu concretizasse os projectos loucos que às vezes tinha. E eu gostava de imaginar coisas que nunca existirão."
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E assim vai...
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Raela 10/04/2021

Um livro instigante e nostálgico, uma troca de cartas ferrenha, um amor sobre o que não foi dito e deveria ter sido! Grande Inês
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Paty 23/07/2014

Fazes-me falta é poesia que só a ausência sabe ter. Essa falta que mexe tão profundamente com a nossa infalibilidade em ser humano e de fato nos coloca em contato com a vida. É isso.
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Paula 24/01/2013

Quando ler machuca...
Fazes-me falta é forte. Preciso, pungente, póstumo. É uma memória daquilo que não se falou, não se viveu; do que ficou suposto acontecer. Por isso é ainda mais verdadeiro. Passado, presente e futuro se encontram e arrancam suspiros, sorrisos e lágrimas - singelas e muitas - dos olhos do leitor.
Toda vez que me dedicava a ler a obra de Pedrosa, sentia como se eu vivesse a perda de um amor e deixava transparecer por meio de expressões faciais e lágrimas o que o livro me transmitia.
Superou minhas expectativas (que eram muitas). Esse é um dos livros que não se esquece; que se guarda na caixinha do peito pra lembrar como ver a morte em vida pode ser doloroso.
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Paula 14/08/2009

Uma história de amor
Texto da capa do livro:

Amor é coisa séria demais para ficar na mão de amantes, sugere Inês Pedrosa neste livro arrebatador. Fazes-me falta é a crônica da relação intensa de um homem e uma mulher unidos por um sentimento indefinível entre amizade e paixão - e separados pela morte precoce dela. Quem conta a história são os próprios personagens: cabe a ela, já morta, iniciar um diálogo com ele, desamparado em estranha viuvez.

Inês Pedrosa nasceu em Portugal em 1962. Jornalista, trabalhou nos principais jornais e revistas de seu país. Estreou na literatura em 1992 com A Instrução dos Amantes e, em 1997, ganhou o Prêmio Máxima com Nas Tuas Mãos, romance já lançado na Espanha e na Alemanha. É autora da Fotobiografia de José Carlos Pires (1999) e da coletânea de perfis biográficos 20 Mulheres para o Século XX (2000).
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Trechos do livro:

"O que existia, existe, entre nós, é uma ciência do desaparecimento. Comecei a desaparecer no dia em que os meus olhos se afundaram nos teus. Agora que teus olhos se fecharam sei que não voltarás a devolver-me os meus". pág.12

"Amizade. Desenho o teu riso sobre essa palavra e vejo-te inteira no lugar dela". pág.115

"Porque te escolho, neste sussuro sem retorno? Porque te quero no meu sono, se iluminaste sobretudo o que não fui? Morreste-me antes que eu morresse - e não consigo morrer sem ti. Nunca consegui. Todos os dias da minha vida estive contigo - como se todas as amizades anteriores fossem só o caminho para chegar a ti, como se todas as amizades posteriores fossem apenas a ausência de ti. Mais delicadas, mais ritmadas, mais claras - menos tu". pág. 168
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Fazes-me falta é um livro apaixonado, com uma linguagem poética e característica da Inês Pedrosa. As vozes da mulher e do homem dessa história se intercalam em um diálogo que pouco a pouco vai contando a história desse amor. Acompanhamos passo a passo as lembranças dos dois, a saudade, os arrependimentos e sofremos junto com eles essa falta, essa ausência. Acho que não só quem perdeu um amor, mas quem já teve um amor se identifica com esse livro. Eu recomendo.
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JURA 03/10/2009minha estante
quando comecei a ler esse livro , parei, Não sei se não era o momento, ou ele não me seduzira.

Comecei de novo, agora o amo, faz-me falta.




Alexandre Kovacs / Mundo de K 10/06/2011

Inês Pedrosa - Fazes-me Falta
Fazes-me falta - 221 páginas - Editora Objetiva, Selo Alfaguara - Lançamento 2010.

Inês Pedrosa, jornalista e escritora, nascida em Coimbra, em agosto de 1962 é um dos nomes mais importantes da literatura contemporânea portuguesa e ainda encontra tempo para ser a Diretora da Casa Fernando Pessoa. Fazes-me falta foi lançado originalmente em 2002 e tornou-se sucesso de público e crítica em Portugal onde vendeu mais de cem mil exemplares, apesar de não ter as características normalmente encontradas em um best seller, muito pelo contrário.

O romance é estruturado na troca de monólogos entre um homem e uma mulher que relembram, cada um a seu modo e conforme o próprio entendimento, o relacionamento passado à partir de um evento marcante: a morte inesperada da mulher. Na verdade, ela tem certa vantagem na narrativa porque consegue observar todo o tempo o comportamento do antigo parceiro mesmo depois de sua própria morte, como na excelente passagem: "De quem é esta morte encenada em caixão? De onde vem esta febre fria que me sela a boca? Luto para fugir desta caixa onde me expõem e me lamentam. Se ao menos soubessem rezar. Pai Nosso, eu não quero já o céu. Aos vivos, incomoda-os o cheiro dos mortos. Por isso o sufocam em flores, incenso, velas, tudo o que possa manter esse cheiro longe do corpo concreto, ainda carne, ainda quente. No lugar dos mortos, é o medo que enjoa e entontece. O medo que os vivos têm de mim agora, do futuro que lhes anuncio, vestida para enterrar. Esse medo cria ondas de calor, ondas enevoadas, que a luz das velas, a baba dos sussurros amplia.".

O relacionamento dos protagonistas com todos os acertos, enganos, encontros e desencontros, tem uma particularidade: não vive da paixão e do desejo, mas sim da amizade. No entanto, mesmo a amizade parece nada significar quando ela não consegue seguir a sua "morte" e ele não entende mais a sua "vida" sem ela. Inês Pedrosa descreve com perfeição este sentimento no seguinte trecho de um dos monólogos da mulher: "Tu eras tão mulher como eu, eu era tão homem como tu — e cada um de nós tinha sexo, claro, tudo entre nós era sexo, sexo sublime, sem ranger de molas, desgaste de corpos, sem o melancólico ritual do frenesi e do repouso que reduz a paixão a cinzas.".

O mais surpreendente nesta original alternância da narrativa ente o homem e a mulher é a forma como Inês Pedrosa dá credibilidade à fala masculina ou feminina. Assim é que a mesma ideia da amizade sem paixão é descrita, desta vez pelo homem, na seguinte passagem: "Enroscaste-te em mim e começaste a coçar-me as costas, muito devagar. Dormimos muitas e muitas vezes assim — e nunca, nem por um segundo, pensamos em fazer aquilo a que os inocentes chamam sexo. Falávamos muito disso, sim — desse ato a que as pessoas vão chamando sexo ou amor consoante as conveniências e as circunstâncias. Esse ato que as pessoas vão repetindo até à mais exaustiva solidão.".

Inês Pedrosa conseguiu, com muita poesia, escrever um romance sobre perda e solidão que é difícil de se esquecer e que, certamente, irá te pegar desprevinido(a) quando descobrir o quanto de igual existe nesta relação de paixão e amizade entre um homem e uma mulher.
Léia Viana 24/10/2011minha estante
Linda resenha!
Estou amando a narrativa de Inês Pedrosa, densa, profunda, marcante e cheia de suavidade na maneira poética de descrever sentimentos de vazio, solidão... perda. Adorei sua resenha


Peleteiro 30/05/2020minha estante
Maravilha de resenha, Alexandre! Estou lendo o livro, e o que mais me surpreende, além da linguagem extremamente poética, é essa credibilidade que ela transmite sob a ótica feminina e sob a ótica masculina. Um grande livro, sem dúvidas!




alineaimee 22/02/2016

Publicado pela primeira vez em 2002, "Fazes-me falta" tem um enredo mínimo, o que dificulta-me a tarefa de tecer comentários mais detidos. É interessante manter-lhes a chance de ser arrebatados a cada página. Sei que soo exagerada, mas esse foi o efeito do livro em mim. Ao final da leitura, sentia-me exausta, enxovalhada pelo texto. Inclusive, recomendo que o leiam aos poucos, com vagar, porque não só o texto é bastante refinado em muitos momentos, como o tema é um tanto pesado.

O romance intercala monólogos de dois personagens, um homem e uma mulher, que tiveram uma relação amorosa pregressa e que não mais podem conviver. Eles falam um para o outro e suas mensagens compõem uma espécie de diálogo espiritual. Ela faleceu de forma abrupta e precoce e fala de um espaço-tempo post mortem, logo, ele não pode ouvi-la.

O título do romance pode dar a falsa impressão de que se trata de uma história açucarada e clichê, mas não é o caso. Em primeiro lugar, a relação entre os personagens escapa ao trivial. Eles tiveram um relacionamento amoroso, mas nos últimos anos eram apenas amigos que, apesar de muito diferentes, amavam-se muito. Esse amor que, no entanto, estava fora do âmbito carnal, é de uma complexidade difícil de descrever sem entregar o melhor do romance.

Os protagonistas discorrem sobre solidão, perda, saudades, mágoa. Consolam-se com as memórias e lamentam o que não foi possível, devido à distância que já se interpunha entre eles antes da morte abrupta da mulher. Suas falas são comoventes, mas também cativam, porque Pedrosa logrou em construir personagens ricos, verossímeis em seus defeitos, fraquezas, orgulhos, ingenuidades. Cada qual traz uma história repleta de peculiaridades que contrastam, se chocam e se somam quando em contato.

A abordagem dos sentimentos urdida por Inês Pedrosa transcende, almeja o sublime. E tudo isso veiculado por uma prosa impecável, deliciosa, que nos apequena e agiganta a um só tempo. Fazes-me falta é um romance sensível, pungente, lírico, que me surpreendeu e aumentou belamente a minha lista de romances favoritos escritos por mulheres.
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fsamanta (@sam_leitora) 17/07/2011

É a minha segunda excursão pelos livros de Inês Pedrosa. Novamente, maravilhoso. A escritora nos brinda com uma prosa poética de fácil acesso. Ela brinca com as palavras com tanta eficiência e constrói imagens líricas tão bem acabadas que ao leitor descuidado podem passar despercebidas por sua leveza.
Um livro que trata de um assunto romântico sem ser piegas ("quantos restos de ti fazem parte de mim"), proeza de poucos. O que será rememorado são os detalhes do dia-a-dia, não grandes atos.
E a falta. O brutal e absoluto desconsolo do nunca mais ("Ainda terei tempo para te esquecer?" / "Dormirás tranquilo,aninhado no conforto da falta que eu te faço.") Por isso, um livro que não tem exatamente uma história, mas sim uma coleção de recordações, experiências e sentimentos.
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jota 09/12/2013

Amiga amante
Fazes-me Falta é o típico romance que pode levar certo tipo de leitor a quebrar uma regra: a de que as coisas certas a se fazer com os livros é lê-los e conservá-los cuidadosamente. E não se deixar levar em momento algum por alguma passagem ou trecho irresistível (e neste livro eles são inúmeros) e então sacar um lápis ou uma caneta e sair sublinhando trechos, fazendo anotações nas margens, colocando aqui e ali sinais diversos ou pontos de exclamação, etc.

Consigo resistir a tudo isso e mais sem qualquer esforço, mas tenho de reconhecer que o livro de Inês Pedrosa é uma tentação muito grande para o leitor sair da linha, pela quantidade de frases poéticas e evocativas que apresenta, pelas belas expressões e palavras empregadas em todo o texto, enfim, por todas as suas várias qualidades. Tudo isso servindo ao tema principal, uma história de perda e solidão (mas também de paixão e amizade) contada em duas vozes - uma delas a da mulher que morreu, a outra, a do companheiro que permanece.

Também é certo que o leitor vai precisar de um dicionário á mão, interrompendo diversas vezes a leitura para inteirar-se do significado de uma porção de palavras desconhecidas (ao menos para mim; palavras portuguesas, com certeza): noante, pataniscas, gangolino, aldrabice, poçal, osga, moralina, [índio] folharudo, e [parede] esventrada são apenas algumas; há muitas outras, muitas mesmo. Bem, aprender é sempre bom, não?

E ao lado de outras belas palavras usadas sem parcimônia pela autora é possível até mesmo encontrar vários palavrões ditos pelo casal de protagonistas, quase todos conhecidos dos brasileiros, exceto “catano”, como nesta frase: "Que sentido faz a morte de uma rapariga de 37 anos, catano, roída pela própria posteridade?" C......!, dizemos nós.

De todo modo, copiei outro trecho, este bastante poético e que penso ser capaz de até mesmo cativar algum pequeno ou grande príncipe de Saint-Exupéry, que estivesse a navegar pelos idílicos céus lusitanos pintados pela autora: “Sempre vivi em teoria, assustada com os buracos negros entre fulgurações - muito mais do que tu. Assim nos encontramos agora - eu, filha de um Deus desleixado, tu, fervoroso praticante das distâncias impensáveis. Não sei pensar sem ti."

Bem, apesar de toda essa coisa amorosamente solene de que apenas amantes altamente espiritualizados ou intelectualizados parecem capazes de exprimir em pensamento ou por escrito, para mim esses tais “buracos negros entre fulgurações" e esse “fervoroso praticamente das distâncias impensáveis" mereciam fazer parte de alguma antologia de poesia em prosa, sem dúvida. Se é que já não fazem, além-mar.

Continuando nessa linha, nós, leitores, mortais comuns, jamais seremos capazes de dizer coisas simples de maneira tão elaborada como fazem os protagonistas de Fazes-me Falta, conforme este trecho em que a morta diz para o amigo amado: “(...) os planos eram o teu departamento. Depois de um almoço bem regado, eu ficava a giboiar, tu subias à primeira nuvem e ficavas a planar.” Isso é arte ou artimanha? Em Portugal se giboia com gê e no Brasil com jota, pelo jeito.

Não encontrava num livro overdose poética assim desde a leitura de Gilead, de Marilynne Robinson, poucos meses atrás. Esta, uma obra bem comportada que, no entanto não cansa tanto assim o leitor e que parece dizer sobre a vida em geral e sobre nós mesmos em particular tão ou mais do que Fazes-me Falta. Livro merecedor de cinco estrelas (não há nota 4,7, 4,8, não?), muito mais pela admiração que provoca no leitor do que propriamente pela estima que se poderia manter por ele ao longo de muitos anos.

Lido entre 05 e 09/12/2013.
jota 13/12/2013minha estante
Corrigindo: "...quebrar uma regra: a de que a coisa certa a se fazer..."




DIRCE 07/12/2009

Prazer em conhecê-la
Quanto prazer em conhecer Inês Pedrosa. Claro que me refiro a obra dessa sensível escritora. Refiro-me à sua maneira de escrever prosa em forma de poema o que, nesse aspecto, me fez lembrar de Clarice Lispector.
O curioso é que seu tivesse que contar a história de Faz me falta não conseguiria. Talvez porque não haja uma história. A leitura que fiz foi a das lamúrias de 2 mentirosos, só que não se trata de lamúrias importunas, mas sim, de constatações lamuriosas carregadas de sentimentos, feitas em forma de monólogos.
Esses 2 mentirosos, talvez seja mais apropriados chamá-los de covardes, são um homem e uma mulher ( a mulher falecida) que não se apercebem o quanto a vida é efêmera e se privam de vivenciarem o amor que os unia, optando em cultivar a amizade. Eles não conseguem saírem ilesos a essa opção – são severamente punidos com a dor da solidão, da saudade, da perda .
Faz me falta é uma crônica que fala com muita beleza da solidão, das ilusões abortadas e, concluindo, realmente não dá para falar sobre uma história, já que não é um livro para ser falado, e sim, para ser lido e sentido. Só não dei 5 estrelas por conta do estranhamento do idioma.

PS.: Ao enviar minha resenha me deparei com a resenha da Márcia e, para minha surpresa, ela também fala da dificuldade em falar sobre uma história. Esse comentário dela me levou a reeditar minha resenha para colocar essa minha observação.
Jacque 27/04/2011minha estante
Confesso...tô louca pra ler esse livro mas realmente o que ainda me impede é a dificuldade com o idioma...ñ consigo gostar do português (PT)...mas vou insistir...só ñ sei se vou comprá-lo, vou dar um jeito de baixar...pq sei q ñ é um livro q vou querer ter...entranho né?!...rsr
Exemplo: "Porque te escolho, neste sussuro sem retorno? Porque te quero no meu sono, se iluminaste sobretudo o que não fui? Morreste-me antes que eu morresse - e não consigo morrer sem ti. Nunca consegui. Todos os dias da minha vida estive contigo - como se todas as amizades anteriores fossem só o caminho para chegar a ti, como se todas as amizades posteriores fossem apenas a ausência de ti. Mais delicadas, mais ritmadas, mais claras - menos tu". pág. 168


DIRCE 27/04/2011minha estante
Oi Jacque!
Não, não acho estranho não. Eu, conforme, mencionei na resenha, estranhei muito o idioma, recordo que até sorri durante a leitura, e disse pra mim mesma: Dirce para com isso, esse é nosso idioma oficial.
Obrigada por ter me brindado com tão lindo fragmento.
Agora, me diz: amizade???? Não no meu entendimento: um relacionamento tão simbiótico...
bjs




Nanda 09/05/2020

No amor não se pede licença. Mas que sabes tu do amor?
esse livro.
essa mulher.
essa escrita.
essa experiência.
tudo.
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laaisfischer 29/01/2021

Sobre perdas
Uma das suas frases ficou como impressa em meu coração; "como o mundo ousa a continuar sem a tua presença?"

Livro forte, emocionante.
Leia Inês Pedrosa
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