Triângulo das águas

Triângulo das águas Caio Fernando Abreu




Resenhas - Triângulo das Águas


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riamarialuiza 06/04/2024

Naturalmente. As coisas sempre prestes a serem apanhadas. E você eternamente prestes a apanhá-las. Como uma sina. Sempre prestes.
Caio está em Pérsio (que não é Pérsio)?
Há uns dois anos, li Caio pela primeira vez, "Morangos Mofados" e suas cartas. Ali, sua escrita me chamou atenção. Demorei um pouco pra ler "Triângulo das Águas", mas esses dias "Pela noite", com "dois latino-americanos virando a noite pelo avesso da noite na noite da maior cidade da América do Sul" me pegou muito e fundo. Dos três contos - "Dodecaedro", "O marinheiro" e "Pela noite" -, o que menos gostei foi "O marinheiro" mas, num todo, gostei muito do livro.

Diversos grifos no kindle, entre os quais: "[...] todo melado de emoções informuláveis, saudades impossíveis"; "[...] porque não suportaria, sim, suportaria, suportarás, as pessoas suportam tudo, as pessoas às vezes procuram exatamente o que será capaz de doer ainda mais fundo, o verso justo, a música perfeita, o filme exato [...] cada palavra, cada acorde, cada cena, até a dor esgotar-se autofágica, consumida em si mesma, transformada em outra coisa que não saberia dizer qual era [...] tanta literatura andando pelo apartamento vazio, a vida, fosse o que fosse era agora, a vida era já, a vida era aqui, e o aqui e o já e o agora não passavam de uma vontade de chorar sem lágrimas [...]".

Vontade de dar esse livro de presente pra alguns amigos de olhos que não se esgotam.
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Pedro Matias 08/03/2024

3 novelas
O livros e composto de três novelas. A primeira tem ares de mito. A segunda parece um surto de solidão. Mas a terceira é que realmente me fisgou. Tem um pouco de noite, do Érico Veríssimo. Dois jovens saem pelas ruas da cidade, relembrando que tem uma origem em comum, mas usando outros nomes, enquanto encaram seus traumas e inseguranças. Bom.
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adrianlendo 06/01/2024

A narrativa que o Caio constrói durante os três contos desse livro são como boiar em três espaços diferentes.

"Dodecaedro" é como boiar no mar. Não importa o quanto você tente, sempre vai vir uma onda pra te fazer afundar quando você menos espera. É sempre uma surpresa, vem do nada e te deixa ensopado, quase um êxtase.

"O marinheiro" é boiar num rio. A correnteza te leva cada vez mais longe e quando você decide parar já nem sabe mais onde está, só sabe que ela te levou longe demais mesmo durante o relaxamento.

"Pela Noite" é boiar na piscina. É só boiar no raso, tudo segue ali e talvez a memória não guarde isso em momento algum.

A mistura dos três faz com que esse seja um livro bom, não tão memorável quanto imaginei que seria, mas melhor do que muita coisa que já li. É a escrita de Caio que o torna especial e interessante. Suas angústias, suas vivências, seu tesão, tudo isso constrói um livro que te dá ânsia de terminar mesmo que você esteja confuso a respeito disso. Abreu torna até o mais banal interessante, e a maior parte desse livro é a prova disso.
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Cecí 29/12/2023

Pra imergir em águas profundas
"Será que o amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido?"
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Douglas Brilhante 05/11/2023

As vezes eu sinto uma certa dificuldade em resenhar.. Um livro não é somente um livro. Ele é um conteúdo da qual o produto final realmente depende do receptor. Depende da bagagem do leitor e até da hora e dia em que você está lendo. Como estamos num domingo à tarde... bateu.

Triângulo das águas rendeu o prêmio Jabuti (a maior honraria da literatura nacional) a Caio Fernando Abreu.

A nota é uma média simples dos três contos, embora eu acho que precise ser ponderada.

Os contos são totalmente independentes e as temáticas são solidão, amor, desejo e a sensação de tempo.

1 - Dodecaedro ? 6,0/10, acho que não me atingiu tanto. Polifônico, muito metafórico e visceral...

2 - O Marinheiro ? 6,8/10 ? Um ?delírio? onírico de autolibertação de um estado de torpor.

3 - Pela Noite ? 10/10 ? Um dez absoluto! Acho que nesse conto foi todo o peso do prêmio. Se o livro for um triângulo, com certeza não é equilátero, e se for das águas, os dois primeiros são lagos e esse foi um oceano inteiro.

Em ?Pela Noite? duas pessoas num segundo encontro, com vias de primeiro, entram num mergulho introspectivo sobre suas vidas. O que mais existe no mundo são desencontros (estamos falando de almas). Mas, as vezes, você sente que de alguma maneira, a coisa esteve ali, bem próxima. Que você podia tê-la tocado, mas que se perdeu. Uma coisa pronta esperando para acontecer, mas que não acontece. Esse conto é sobre isso. Ele é quase todo linear, mas tem umas tortuosidades com monólogos e fluxo de consciência.

Esse conto vale o livro todo. Doug indica só por ele.
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Danilo Moreira 13/08/2023

Intenso, ácido e sem pudores
É a primeira vez que li uma obra do Caio. As três novelas refletem a complexidade das relações humanas, numa narrativa que remete ao estilo de Clarice Lispector (de quem Caio era muito fã), especialmente pela presença da técnica do fluxo de consciência.
Está presente também a parte esotérica do autor, em especial a astrologia.
Gostei da narrativa franca, acida e sem pudores, especialmente no último conto, que ainda faz uma singela homenagem à noite gay paulistana.
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@eu_rafaprado 04/03/2023

Triângulo das águas
Triângulo das águas ? Caio Fernando Abreu
Nota 5 de 5 ? 224 páginas (Tempo médio de leitura: 7h30m).

?De todos os meus livros, Triângulo das águas é certamente o mais atípico. Eu simplesmente posso dizer que não o escrevi: fui escrito por ele?.

?Gostaria que o livro fosse lido e sentido assim. Como murmúrio do rio, um suspiro do lago ou um gemido do mar?.

Triângulo das águas foi premiado em 1984 na categoria contos, crônicas e novelas, com o prêmio Jabuti.

Eu nunca me canso de ler Caio, que tem uma maturidade gigantesca na escrita e que consegue tocar até o coração mais frio, talvez por vivencia, já que Caio sempre se declarou um eterno amante apaixonado e colecionador de desilusões.

Nas duas primeiras novelas deste livro é possível mergulhar em rios, mas a terceira e ultima me fez mergulhar em um mar gelado onde não dava pé, mais uma vez meus caros amigos, esse leitor que voz fala, caiu no golpe de pensar que seria uma rápida leitura, precisei de folego em varias partes, chorei em algumas.

Em ?Pela Noite?, Caio percorre um lugar muito triste: a solidão do homem gay na década de 80, onde o preconceito e o medo eram ainda maiores do que os de hoje.

Dois homens na noite de São Paulo, buscam mais que compreensão, procuram se conhecer, mas por traz de toda vontade existe o medo, traumas e barreiras. Cada um se esconde na sua casca, frágil e manchada.

Caio cita várias cantoras maravilhosas e autoras consagradas, fala sobre livros.. é um mergulho na cultura.

Li esse livro por indicação do meu amigo literário Rapha @raphakhalil que nunca erra ahahhah

?Porque eu também sinto medo, e haverá a morte um dia. A vida é apenas uma ponte entre dois nadas e tenho pressa?.

?Esse trauma é pessoal, mas todo homossexual sul-americano tem no subconsciente um grupo de garotas monstras vaiando enfurecidas?.

#caiofernandoabreu #triangulodasaguas
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Ronaldo Thomé 15/01/2023

"Meia Noite/noite inteira/três, quatro cinco da manhã (...)"
Clássico absoluto do mestre Caio Fernando Abreu! Embora (na minha opinião) não supere o sensacional Morangos Mofados, nem sua obra seguinte (o belo Os Dragões não Conhecem o Paraíso), Triângulo das Águas é mais um belo caminho trilhado pelo autor, e aqui (assim como nos outros dois livros) nota-se que Caio atinge uma voz totalmente própria (ainda que seja possível perceber suas influências de Clarice Lispector e Hilda Hilst).

Basicamente, o livro é composto de três contos independentes, em que o enredo é totalmente distinto de uma história para outra, mas as temáticas centrais são muito parecidas: o desejo, o tempo, a sensação de solidão no meio de todos, os amores turbulentos, o diálogo frequente do personagem com o leitor e consigo.

O primeiro conto, "Dodecaedro", é uma experiência literária que pode deixar você desorientado: são doze vozes, que se alternam, narrando o cotidiano de pessoas refugiadas em uma casa durante o Carnaval. Em "O Marinheiro", Abreu constrói uma paisagem surrealista incrível, baseada em um homem que tem visões, e um dia deixa um desconhecido entrar em sua casa. Chega a ser bizarro, mas em muitos momentos, pareceu que o escritor se inspirou no Ciclo dos Sonhos de H.P. Lovecraft (...).

O último texto é o mais longo e o que ficou mais conhecido: Pela Noite, que narra a história de dois homens que se encontram para uma noite de farra em vários pontos de São Paulo. Sob o pseudônimo de Pérsio e Santiago, eles saem pela noite chuvosa de SP numa aventura que se torna um mergulho introspectivo sobre suas vidas. É um conto incrível cheio de descrições, monólogos interiores, fluxos de consciência e o mais incrível é que Caio organiza tudo sem que fique chato ou enfadonho (em compensação, ele mesmo admite que não curtia o primeiro conto desse livro).

Mais um belíssimo livro e ótimos começo de leituras de 2023!

Indicado para: conhecer a maneira de narrar e contar histórias de uma geração um pouco diferente (anos 80), mas que, ainda assim, parece atual pela força e talento do seu autor.

Nota: 10,0 de 10.

Dica: leia Pela Noite ouvindo "Todas as Noites", do Capital Inicial - https://youtu.be/LPRWRHkdWDw
Douglas Brilhante 05/11/2023minha estante
Olha. Eu estava lendo as resenhas procurando algo que descrevesse mais ou menos o que eu senti.
Algumas simplesmente não parecem ter vindo do mesmo livro, o que tudo bem.. um livro não é somente um livro. É ele e o que ele provoca em você.
Mas tua resenha foi EXATAMENTE o que eu senti.




Mel 29/12/2022

Dramatização dos arquétipos astrológicos
Gosto muito da escrita de Caio, principalmente pelo traço subjetivo e emocional. Compartilhamos o mesmo amor por Clarice, influência que ele deixa muito clara nas suas obras, mas não compartilhamos o mesmo apreço pela astrologia.
Esse livro, como ele mesmo diz, talvez não passe de uma dramatização dos arquétipos astrológicos. Se estrutura sobre a simbologia dos signos da água: peixes, escorpião e câncer, que representam as emoções. É composto por três textos que correspondem a um dos três signos: Dodecaedro, O marinheiro e Pela noite, respectivamente. Além dessa relação com os signos, os textos tem em comum a noite e água, visto que todos se passam em uma noite e, ou se passa próximo à um rio ou durante a chuva.

Em relação a Dodecaedro, é um texto caracterizado pela polifonia: são doze personagens narrando cada um a sua perspectiva da situação, cada um sendo representante de um dos signos do zodíaco, e essas perspectivas são intercaladas por uma décima terceira voz, que conta sua própria história. Como uma característica da sua literatura pós-64 (marcada pela crítica radical a toda forma de autoritarismo) esses personagens estão reagindo a uma situação de opressão e isolamento, fazendo uma metáfora com cachorros loucos.
O marinheiro mostra um homem que vive isolado em sua casa, ocupado em reorganizar os objetos da casa e tendo visões, esperando a visita de um marinheiro imaginário (que já o havia visitado uma vez) até que, por via própria, se liberta. A história parece representar um processo de autodestruição, morte simbólica e renascimento.
Em Pela noite, acompanhamos dois personagens com uma personalidade muito contrastante que se reencontram e saem pela noite em SP, o que parece unir esses dois é a solidão. Durante a narrativa percebemos como cada um lida com o amor e o desejo que ambos tem de preencher um vazio.

Obs.: As simbologias desse livro estão implícitas e, como não conheço astrologia, pesquisei sobre para entender melhor os textos. Nessas pesquisas tive o desprazer de me deparar com um artigo onde a autora chama a astrologia de CIÊNCIA, veio com aquela fala de sabedoria ancestral... Acabei lendo tantos absurdos que não fui mais fundo no entendimento sobre.
Mel 29/12/2022minha estante
E que maravilha essa edição linda ter caído nas minhas mãos em vias de ser descartada!!




Juliana Civitavecchia 15/12/2020

Caio is my spirit animal
Esse livro tem a maior quantidade de energia caótica já registrada na história da literatura brasileira. Ninguém pode negar.
De fato não é meu estilo de leitura. Sigo com essa convicção. Mas a forma com que ele joga a bomba no teu colo e espera que tu ache o fio certo pra cortar é diferente.
Sangue quente. Cru. Saliva. Desespero. Pele. Carência. Amor. Marlboro. Raiva. É tudo jogado no mesmo liquidificador.
Ainda tô absorvendo o impacto, uai...
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Karol 01/10/2020

Denso
O livro apresenta uma espécie de personagem autobiográfico que perpassa os três contos, sendo muito mais nítido no último (que, para mim, foi o melhor disparado, embora eu tenha comprado o livro por causa de "Dodecaedro"). Isso, aliado a imagens bonitas e profundas, mais as referências a grandes obras do cinema e da música, além da efervescência do Brasil nos anos 80, faz a leitura bastante instigante.
Mesmo não sendo um livro longo, é bastante denso e é preciso tempo para dialogar com Pérsio e os outros personagens da obra.
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Sarahmoraes 20/04/2020

Lindo
Os livros do Caio sempre me trazem uma melancolia que é difícil de explicar. Amo a forma como ele escreve e como a gente sente tanta coisa ao mesmo tempo enquanto lê.
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