Verão no aquário

Verão no aquário Lygia Fagundes Telles




Resenhas - Verão no Aquário


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Nath 23/05/2020

Era verão também ali dentro?
Este foi o meu terceiro livro da incrível Lygia Fagundes Telles, e também foi o meu terceiro favorito da autora. Será que eu AMO essa mulher??!! DEMAIS! E ainda bem que eu ainda tenho mais tantas outras grandes obras da autora na minha estante. Fico imaginando bater um papo com a Lygia num café, ouvindo tudo o que se passa dentro da cabeça dela... deve ser uma experiência quase SENSORIAL de tão enriquecedora.

Mas esse foi "só" o meu segundo romance da autora, o meu primeiro foi o favoritaço Ciranda de Pedra (a minha segunda melhor leitura de 2019, apenas?), que foi quase tão impactante quanto este aqui. Digo, quase, porque assim como o Ciranda de Pedra, eu também me identifiquei com alguns dos dilemas vivenciados pela protagonista dessa história, a Raíza; que, como sugere o próprio nome, é uma jovem mulher extremamente enraizada ao amor fortíssimo que nutre pela mãe, ao falecido pai, ás lembranças da infância e ao passado perdido junto a esse pai. Entretanto, a minha identificação com a personagem não se resumiu a nada disso, mas sim a algo muito mais profundo abordado na narrativa... O lugar de eleição da protagonista: o famoso aquário do título!

Em certo momento, a protagonista se vê as voltas em um forte dilema: isolada do mundo externo dentro dela mesma, presa nas fortes lembranças do pai, ela deseja, impulsionada por um forte sentimento dúbio de rivalidade e amor pela mãe, romper os vidros espelhados da redoma que construiu em torno de si mesma para afogar-se em emoções muito mais profundas; que, como a própria mãe bem falou, com imensa sabedoria, não passava de "literatura", ou seja, as águas do aquário eram muito rasas quando comparado a crueza real do cotidiano da vida.

Mas a nossa Raíza quer afogar-se mesmo assim, mesmo que as suas águas sejam rasas.. Quer alcançar o sumo mais doce da fruta, mas sem morder a casca. Algo impossível! Porque a liberdade dos oceanos fora dos "aquários", requer a força da mordida da casca, requer a luta. Para se alcançar o sumo da vida tem que se arriscar em mar aberto!

"Era bom afundar para sempre mas seria preciso muita água, seria preciso um mar inteiro.", admite a nossa protagonista. Em outras palavras, seria impossível afundar num aquário.

Eu poderia ficar aqui discorrendo sobre tantas outras coisas impactantes que a Lygia abordou nessa história, como a crítica social imposta á burguesia daquela época. Ou o jovem padre André, amigo intimo ou amante da mãe da Raíza (NUNCA saberemos..), atormentado por um passado vazio de amor e afeto e que perdeu a fé em Deus. Ele também estava preso num aquário de águas sombrias; mas, diferente da Raíza, não conseguiu romper o vidro sem se ferir para sempre nas trevas de suas próprias lembranças.. Enfim, mais um livro maravilhoso da autora que mudou a minha forma de ver a vida e me incentivou a lutar sempre em oceanos mais profundos.

"Porque haveria de ser medíocre? Por acaso já experimentou ir mais além? Experimentou? Já dizia Bergson, não podemos saber até que ponto conseguiremos chegar se não nos pomos logo a caminho." Pg.103
Craotchky 23/05/2020minha estante
Adorei a resenha! Profunda. Ainda tenho que ler As meninas.


Victoria 23/05/2020minha estante
Se o livro tiver a profundidade da sua resenha, já vale mais do que a pena.


taiana 23/05/2020minha estante
Eu li "Antes do baile verde", o livro que reúne vários contos dela, e me apaixonei, sua resenha só me faz ter mais vontade de ler Lygia


Nath 23/05/2020minha estante
Ah, muito obrigada Victoria. Fico muito feliz q vc tenha gostado tanto da resenha :) Mas não deixe de ler o livro, é muito mais profundo do que as minhas singelas palavras sobre ele.


Nath 23/05/2020minha estante
Obrigada, Fillipe! Vc sempre um querido ^^ Eu tb vou ler o As Meninas, ele está na minha pilha de livros de próximas leituras ao lado da minha cabeceira.


Nath 23/05/2020minha estante
Muito obrigada, Taiana! Continuemos todos então sempre lendo a nossa Lygia! *-* E eu tb li o Antes do Baile Verde (e tb fiz resenha sobre ele aqui, aliás!) E o Venha Ver o Pôr do Sol é MARAVILHOSO. O melhor conto de terror da literatura brasileira.




Renata 29/04/2015


Não tinha parado ainda para ler Lygia Fagundes Telles, e acabei saindo do livro querendo mais. Verão no aquário, escrito em 1960, publicado pela primeira vez em 1963 guarda traços de sua época mas não chega a ser datado, visto que a trama se desenrola sobre os conflitos universais e atemporais da relação humana, familiar e do amadurecimento humano. Das diferentes formas que temos para nos haver com o mundo. Bom livro.
Arsenio Meira 30/04/2015minha estante
Esse vai pra lista. Vc já Antes do baile verde? Caso não tenhas lido, indico, Renata. Na minha opinião, não há um conto regular. Todos são bons, muito bons. Há uma coletânea que a própria Lygia organizou, chamada "meus contos preferidos", que é o fino da bossa.


Renata 30/04/2015minha estante
Antes do baile verde não li, o Verão no aquário foi meu primeiro livro dela. Este de contos acho que tenho, uma edição da Rocco com uma capa bem burocrática rsrsrs Esse ainda não peguei pra ler.


Arsenio Meira 01/05/2015minha estante
rsrsrs, a capa é mais burocrática que o CPRH... No entanto, os contos anti-monotonia...




André Vedder 01/04/2023

O saboroso gosto de querer mais.
Minha primeira experiência com Lygia e já anseio pelas próximas leituras.
Que escrita!
Tudo aqui beira a perfeição, desde a personagem principal e seus conflitos internos até a ambientação criada pela autora, com sua narrativa densa e cercada de mistério.
Lygia possui uma prosa riquíssima, além de uma característica que considero dos grandes escritores: não desperdiça palavras.

"Buscava então minha mãe que lhe aplacava a febre com seu calmo amor, ela o amava na mais perfeita forma de que um ser humano é capaz de amar: sem esperar nada em troca."
Maria 02/04/2023minha estante
Uma das maiores contistas que já existiram!


Maria 02/04/2023minha estante
Esse é um dos poucos romances que não li dela. Colocarei na minha lista.


André Vedder 03/04/2023minha estante
Esse livro ainda martela na minha cabeça de tão bom e rico. Pretendo ler um de contos ainda esse ano.




Marcelo217 28/06/2021

Uma tragédia contemporânea
Mesmo que tenha sido publicado nos anos 60, essa história tem uma atmosfera muito atual. É o meu segundo da Lygia e não estou decepcionado!

A escrita característica é envolvente desde a página 1. Acho incrível como ela consegue desenrolar uma história dessa forma. Os fluxos de consciência misturados a narração faz ao mesmo tempo uma leitura dinâmica e vacilante. É exatamente o que acontece também em As Horas Nuas dela. É possível ver muitas semelhanças entre os dois livros; o nome das empregadas ser Dionísia, a tensão familiar, a forma meio decadente dos personagens, os romances entre personagens com um espaço de idade grande, a pegada espiritual. Mesmo com todos esses itens em comum a história continua original.

Acho muito fascinante essa atmosfera cult e sofisticada que ela dá aos personagens sem necessariamente trazer opulência ou luxo aos ambientes onde acontecem as histórias. Os diálogos ao mesmo tempo que são corriqueiros, trazem perspectivas tão maduras e sábias aos assuntos da trama, mesmo nas personagens Raíza e Marfa que são mais jovens.

Genial os diálogos sobre espiritualidade, morte e amor que a personagem Raíza tem com Fernando. Me deu muito o que pensar e refletir. Também como em As Horas Nuas, os personagens lidam com traição de uma forma muito prática e fria, o que me deixa sempre a questionar se isso acontece mesmo na vida real.

História muito boa, misteriosa, personagens originais e com atitude, além de uma tensão entre eles que é quase incômoda. Mesmo sabendo que a proposta é essa narrativa que gira em torno da personagem Raíza, fiquei com vontade de ler mais sobre o cenário em geral. Ficou muita coisa subentendida que poderia ter sido mais explorada, como o triângulo amoroso entre Raíza, Patrícia e André. Com certeza lerei mais coisa dela e já to fascinado pela forma como ela escreve.
sah 28/06/2021minha estante
amei a resenha, fiquei com vontade de ler :)


Daniel 28/06/2021minha estante
Próxima leitura!




Eduardo 07/03/2023

Nadando no nada
Que angústia! Raíza nos arrasta para dentro de sua cabeça confusa, inquieta e borbulhante. E a gente acompanha suas tentativas frustradas de se relacionar com todos ao seu redor.

Ela simplesmente não consegue estabelecer uma relação saudável com ninguém.É muita dependência emocional, fruto talvez de um sentimento de abandono e vazio existencial.

A questão é que suas obsessões acabam se traduzindo de diferentes formas, como na rivalidade doentia com a mãe ou na falta de amor próprio que amarga com o amante.

Mas é tudo fachada. O nariz em pé de Raíza é uma casca que esconde problemas mais profundos e íntimos, que talvez um psicanalista (o bruxo da prima Marfa) conseguiria trazer à tona.

Seu estar no mundo é um mal-estar.

Não ajuda nada o calor dos infernos do Rio, que cozinha-lhe os miolos e dita o clima nauseabundo da narrativa. De algumas páginas pinga suor. E Raíza presa naquele aquário, fervendo viva.

O livro acaba no momento em que todas as temperaturas se acentuam, depois do inferno. É um novo nascimento, uma troca de pele. Não existe outra opção senão amadurecer, enfim.
Thais Franco 28/03/2023minha estante
Nossa, que resenha belíssima!


Eduardo 01/04/2023minha estante
Thais Franco, muito obrigado!




Mari 08/05/2021

Primeiro livro lido dessa mulher,e que livro, amei como ela descreveu cada personagem,com um final muito legal.Simplesmente leiam! ?
@eu_rafaprado 13/07/2021minha estante
Eu sou o Rafa e tenho um clube do livro que se chama ?Lendo Mulheres Nacionais?, este mês estamos lendo Verão no Aquário da Lyginha! Da uma olhada no meu IG : Eu_Rafaprado , quem sabe você não se anima em participar


Mari 14/07/2021minha estante
Tá certo,obrigada!




Renato Medeiros 25/09/2010

Ensaio para a obra prima

A relação conflituosa entre mãe e filha se configura como o eixo de Verão no Aquário, segundo romance de Lygia Fagundes Telles. Publicado em 1964, o livro ainda parece ser o embrião de outro romance, As Meninas, publicado nove anos depois e considerado por leitores e críticos como sendo a obra-prima da escritora paulista.

Raíza é uma jovem em constante devaneio, que vive presa em sua redoma fictícia, sendo afetada pelo ar abafado de um caloroso verão. Alimenta em si sentimentos de inferioridade e aflições por acreditar sofrer a rejeição de sua mãe. Já Patrícia é uma escritora reclusa e que aparentemente não se importa com sua filha, não demonstrando grandes afetos, provavelmente pelo fato de Raíza pensar e agir de maneira contrária aos seus princípios retos e conservadores.

É desse desencontro entre as duas que surge a vontade de competição, que faz a filha disputar com a mãe a atenção de André, um jovem religioso, amigo de Patrícia e que Raíza julga ser amante dela. Entretanto, mesmo que de maneira inconsciente, a jovem parece disputar mesmo é a atenção de sua mãe, pois demonstra ter inveja do carinho que ela deposita inteiramente em seu amigo ou amante. Sendo assim, o interesse de Raíza por André, que ela acredita ser amor, pode não representar nada mais além de ciúme.

Quase todas as personagens de Verão no Aquário são bem definidas e aprofundadas. Mesmo que nem todas se relacionem diretamente com o que fora chamado de eixo da narrativa, cada uma tem sua importância e suas peculiaridades destrinchadas. Tia Graciana, Marfa, Dionísia, por exemplo, têm suas presenças indispensáveis e justificadas. Até mesmo Fernando, amante de Raíza e que supostamente tem papel secundário, contribui significativamente para se compreender melhor a protagonista. Porém, esse romance não é o primeiro nem o mais brilhante em que Lygia Fagundes Telles executa a elaboração de suas personagens. Em As Meninas há uma evolução nesse aspecto. Isso evidencia o quanto a autora é comprometida com a sua literatura, empenhada em criar mais do que meros personagens e situações para preencher espaços.

Qualificar Verão no Aquário como ensaio de As Meninas pode ser bastante perigoso, mas a comparação parece ser inevitável para quem teve acesso aos dois textos e principalmente para quem leu As Meninas primeiro e pôde observar o quão forte é a carga literária contida em suas páginas. Verão no Aquário é inteiramente narrado por Raíza, que em seu fluxo de pensamento leva o leitor a permanecer em constante contato com sua mente contraditória, ambígua, porém própria. Aliás, investir no psicológico de suas personagens é uma característica marcante na obra de Lygia Fagundes Telles. Contudo, em As Meninas essa qualidade é intensificada em um texto que tem sua narração alternada pelo fluxo de pensamento de três personagens - e de outra voz anônima -, utilizando-se de linguagens distintas para cada uma. Sendo assim, Raíza se apresenta como o que mais tarde viria a ser desenvolvido nas personagens Lorena, Lia e Ana Clara.

Quanto à linguagem, a autora dá um salto de qualidade em As Meninas, quando modifica a forma de dizer e pensar de cada personagem, todas as vezes que o ponto de vista da narração se alterna. Em Verão no Aquário essa linguagem ainda não sofre experimentações, possui a qualidade e a elegância, mas não há a ousadia do trabalho posterior. Outro detalhe que torna ainda mais íntima a relação entre os dois textos é a apropriação do vício de Marfa, que sempre repete a palavra/pergunta "compreende?" após suas falas, constante em Verão no Aquário. Esse recurso é novamente utilizado, de forma amadurecida, na composição da personagem Lia, de As Meninas, que repete palavra semelhante: "entende?".

Dispondo de alguma linearidade, Verão no Aquário é dividido em quinze capítulos que possuem certa independência, mas que mantêm ligação entre si. Entretanto, é mais um livro que pode ser chamado de "romance de meio", que começa quando já se começou ou pelo menos já deveria ter começado quando se tem acesso, na primeira página, ao fluxo de pensamento de Raíza. Cabe ao leitor juntar indícios do que houvera para reconstituir o que linearmente deveria ter sido o início. A autora envolve o seu leitor em dúvidas que nem sempre serão elucidadas e permite que ele também construa, pensando o pensamento de sua personagem-narradora.

Embora não seja o melhor texto de Lygia Fagundes Telles, Verão no Aquário tem seu destaque garantido por suas qualidades estéticas e pelas possibilidades de discussão que pode trazer à tona.
Andinho 02/08/2013minha estante
Gosto de VERÃO NO AQUÁRIO. Desde seu título e narrativa. Acho-o melhor que AS MENINAS. Mas da Lygia eu aprecio AS HORAS NUAS. Bela resenha!!!!




Diessica 27/06/2021

Poético e profundo
Pode parecer estranho, mas sinto que li esse livro no momento certo. A escrita é muito poética, não tenho muito o que dizer, ótima leitura.

????
@eu_rafaprado 13/07/2021minha estante
Eu sou o Rafa e tenho um clube do livro que se chama ?Lendo Mulheres Nacionais?, este mês estamos lendo Verão no Aquário da Lyginha! Da uma olhada no meu IG : Eu_Rafaprado , quem sabe você não se anima em participar




anaartnic 17/07/2023

O espontâneo pode ser o sinônimo do amor?
"Estou só, logo existo - Eis uma oportuna paródia para um dia de ressaca. E solidão"

Eu poderia dizer simplemente o nome da autora para destacar a grandeza desta obra, a LyFa Telles tem um poder muito grande sobre as palavras, manipulando-as como se fossem ondas que imergem o leitor em suas histórias. Eu me senti num aquário, eu senti o calor do sol, a frieza dos quartos da casa de Raíza, eu me senti lendo uma grande obra.

A grande particularidade e o que diferencia a autora é a maneira que ela adentra no cenário de ficção sem abrir mão da sua realidade. Lygia não nos deixa sem refletir em nenhum de seus livros, e isso é o que mais amei nela desde "As meninas".

Este livro pode parecer um mero clichê do triângulo amoroso que envolve mãe filha e um jovem inexperiente, mas LyFa não nos derrama esse enredo de obviedades, há um que de mais profundo no simbólico de cada um dos personagens. Destacandi a nossa protagonista, Raiza, que se destroi e adia cada vez mais sua reconstrução, afinal "hoje era trde demais para começar qualquer coisa".

São personagens imperfeitos, há ciúme, inveja, preguiça, talvez todos os ditos pecados capitais estejam inscrustados nestes seres tão defeituosos e, por isso, tão humanos.

É simplesmente a tentativa de reconstrução desta jovem em meio a decadência de sua família (ou classe social?), os pensamentos e crises de Raíza representam todo um sistema, a beleza da tentativa de uma mudança no florescer, onde o problema, porém, se encontra na raiz. Raíza.

"Estou amputando com cortes tudo o que apodreceu em mim"

O tal do triângulo, por fim, se torna mera moldura em meio a obra prima que é apresentada ao leitor, e todos os livros deveriam ser como Verão no aquário: bem mais que símbolos facilmente reconhecidos e além, muito além, do que aparentam ser.

Nada é a toa com a LyFa Telles.
Bernardoo 05/01/2024minha estante
Que resenha maravilhosa




And 09/01/2016

Mulheres
Se a mente de uma mulher funcionar assim como a protagonista do livro, então nós homens devemos tomar muito cuidado com este grande mundo por trás de uma mulher que abre infinitos parenteses e pontos de vista, acorda a cada dia uma mulher diferente com desejos e sensações novas.
A história não me prendeu muito, mas gostei do modo como foi escrito e de como a autora leva o pensamento do leitor junto em seu próprio devaneio.
É preciso recomendar este livro às pessoas certas.
Line 24/07/2017minha estante
interessante isso de recomendar este livro para as pessoas certas, rs




Felipe 15/06/2021

Não consegui me conectar com este livro. Acho honesto da minha parte já iniciar deixando isso claro pois a Lygia é a minha autora da vida, entretanto, Verão no Aquário não conversou comigo.

Essa é uma leitura que, assim como a maioria dos textos escritos pela Lygia, perpassam muitas camadas, sejam elas referentes ao interior dos personagens ou às situações que estes se envolvem dentro do enredo. Logo, é um livro denso, que exige curiosidade do leitor de entender o que se desvenda além dos olhos.

No entanto, é um livro narrado em primeira pessoa por uma personagem que, na minha opinião, não teve o menor carisma para sustentar um livro. A obra e o enredo conseguiram ofuscar, de certa forma, a natureza egocêntrica, mimada, confusa e angustiante da Raíza. Senti, na minha leitura, que a obra não merecia ter sido contada do ponto de vista de uma personagem tão cansativa com tantos outros personagens mais interessantes, como a própria Patrícia ou o André. Talvez um livro em terceira pessoa, quem sabe?

Devo ressaltar que a Lygia, entretanto, no meio desses aspectos que citei, conseguiu explorar muito bem as camadas da protagonista. Em alguns momentos, a Raíza era angustiante, insegura e instável. Em outros, era decidida, inconsequente e egoísta. Na maior parte do livro, esses traços de personalidade oscilavam para reforçar a necessidade dela de uma figura paterna (e masculina) e a disputa/competição com a mãe por algo que só fazia sentido em sua cabeça. Mas, como dito, esses traços de personalidade ficaram cansativos com o decorrer da leitura e muito do que me perguntei foi: ela é uma personagem realmente complexa ou é só mimada demais? Foi aí que eu percebi que esse livro não conversou comigo. Não tive tanta empatia com a Raíza.

O livro tem passagens belíssimas e inúmeras simbologias e significados que não cabe sinalizar aqui por serem muitos (e todos bem colocados, como sempre! a Lygia é mestra nisso) e isso, pra mim, foram os pontos altos do livro. Mas, em alguns capítulos, senti que o enredo ficou se movimentando em círculos e talvez isso tenha deixado a leitura muito maçante. A Raíza sempre retornava aos mesmos dilemas e quando eu sentia que algo aconteceria, ela voltava aos mesmos dilemas de sempre.

Recomendaria esse livro? Talvez. Triste por ele ter sido lançado bem no meio de Ciranda de Pedra e As Meninas, os dois maiores romances da Lygia. Perto deles, Verão no Aquário se torna um tanto sem graça. É a protagonista menos cativante em um enredo interessantíssimo.

@eu_rafaprado 13/07/2021minha estante
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ordinary.beraldo 09/07/2021

uma das coisas mais marcantes que li na vida.
lygia conseguiu entregar um verdadeiro romance "lusco-fusco" ou "chiaroscuro"... um romance que traz à tona memória, traumas (e seus impactos naquilo que vem depois de passado), decadência e amor em sua forma mais estranha (e real) possivel.
@eu_rafaprado 13/07/2021minha estante
Eu sou o Rafa e tenho um clube do livro que se chama ?Lendo Mulheres Nacionais?, este mês estamos lendo Verão no Aquário da Lyginha! Da uma olhada no meu IG : Eu_Rafaprado , quem sabe você não se anima em participar




Monique 14/05/2021

" Quem quiser nascer, tem que destruir o mundo".
Sinceramente, mais um livro para reler na vida, riquíssimo em metáforas.
Saí da leitura sem saber se Raíza saiu ou não do Aquário, acho que sim, acho que sim.
@eu_rafaprado 13/07/2021minha estante
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santiagorossa 11/03/2021

Amores podem surgir de ciúmes, desconfiança e podem ser fluidos e supérfluos.
@eu_rafaprado 13/07/2021minha estante
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Lari 29/04/2013

Por que a Lygia é minha autora brasileira preferida?
Verão no Aquário é narrado em primeira pessoa pela Raisa, uma jovem problemática presa entre as lembranças de um passado a que já não pertence, um presente difícil e doloroso, marcado pela difícil relação com sua mãe, e um futuro incerto, sem perspectivas de que seja aquilo que ela havia sonhado para si própria. Acompanhamos a batalha interna dessa mulher que no fundo não passa de uma menina, e que busca, além de encontrar seu lugar no mundo e restabelecer velhos vínculos considerados perdidos, principalmente, o autoconhecimento.

A narrativa não linear, que alterna fatos do presente com flashbacks e até pedaços de sonhos, repleta de metáforas de uma beleza poética inigualável, é apaixonante. Poucos autores têm a capacidade que a Lygia tem de desnudar suas personagens principais, de forma a tornar suas almas nítidas, quase palpáveis ao leitor. É impossível não se angustiar com as angústias de Raisa. Com suas tentativas vãs de se reaproximar da mãe, de derrubar o enorme muro que as separa há tempos, tentativas que acabam sempre cedendo lugar a velha rivalidade entre ambas com a qual a filha já está tão habituada... Rivalidade essa que faz com que Raisa se apaixone pelo homem com quem ela acredita que sua mãe esteja tendo um caso.

Em um período de mudanças sociais e políticas no país e no mundo, são as mudanças internas de Raisa dentro de seu pequeno mundinho que estão sob o holofote em Verão no Aquário.

Uma leitura deliciosa, em que a psicologia anda de mãos dadas com a poesia.
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