Linne 19/05/2022
O homem é lobo do próprio homem
Essa frase é do célebre Thomas Hobbes (1588-1679), o autor do livro O Leviatã. Uma frase metafórica que traz o ser humano como um animal que ameaça a sua própria espécie, onde a prioridade é o bem individual ao invés do coletivo. Na obra Hobbes traz a ideia de que o ser humano deveria viver em uma sociedade que seria regida de normas para que a " fera" fosse controlada.
Mas o que isso tem haver com o livro Lobisomens e Psicopatas?
Esse livro não conta histórias reais sobre Lobisomens, mas sim traz teses de onde e como surgiram as lendas e casos reais em que a brutalidade dos assassinatos eram mais "aceitas" se fossem cometidos pela besta. O termo lobisomem no título do livro nos traz a ideia de que seria uma obra apenas sobre eles, mas o autor traz diferentes histórias de transformação do homem em um animal ( lobo, hiena, urso, crocodilo?). Além de ressaltar que as lendas surgiram devido a violência da época e por palavras e termos com duplos significados que sugerem: mudar de forma, se tornar lobisomem, loucura, possessão demoníaca e um animal selvagem longe da civilização.
O livro foi escrito no século XIX e essa edição traz uma introdução nova que traz os índices de crianças desaparecidas no Brasil. O que me deixou um pouco frustrada foi que a conclusão não resgatou esses dados, somente trouxe indicações da literatura e filmes sobre o tema. A escrita é rebuscada, mas nada que traga dificuldade para entender o conteúdo.
O livro trouxe casos de serial killers conhecidos como o Barão Gilles de Rais preso após seus servos confessarem as atrocidades realizadas contra crianças e o caso do menino-lobo Jean Grenier que acreditava se transformar em um lobo após passar um pasta no corpo e assim cometia atrocidades contra animais e crianças mais novas.Os casos sempre remetiam a mutilação das vítimas e a prática do canibalismo.
É uma leitura super válida. E uma dica bônus é a série Lore da Amazon Prime, na primeira temporada tem um episódio dedicado aos Lobisomens.
"Não importa o que façamos, o mal no homem sempre parece retornar. Talvez aquele mal seja mais fácil de aceitar se pudéssemos culpar os lobisomens. Porque,veja bem, a besta não é superstição, ela sempre existiu e sempre existirá. Dentro de nós mesmos. " Aaron Mahnke