Pequenas Memorias, As

Pequenas Memorias, As Jose Saramago 1922 - 2010




Resenhas -


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Tiago 16/02/2023

Um Saramago diferente do que conhecemos
Neste livro, Saramago escreve uma espécie de autobiografia focada no período da sua infância e adolescência. O livro não segue uma ordem cronológica bem definida. A impressão que dá é que Saramago foi escrevendo a medida em que se puxava da memória os episódios.

O que achei curioso é que Saramago diz abertamente não ser o narrador mais confiável para contar as suas memórias: "Em rigor, em rigor, penso que as chamadas falsas memórias não existem, que a diferença entre elas e as que consideramos certas e seguras se limita a uma simples questão de confiança, a confiança que em cada situação tivermos sobre essa incorrigível vaguidade a que chamamos certeza?. Em outra parte fala diretamente ao leitor que foi um mentiroso compulsivo.

A infância de Saramago foi marcada pelas dificuldades. Ele foi filho de trabalhadores rurais da aldeia da Azinhaga (Golegã). A família se mudou para Lisboa quando Saramago ainda era bebê e nunca tiveram em boa situação financeira, apesar de seu pai ser funcionário público (policial). Moravam em casas muito humildes em Lisboa, com apenas um cômodo e em condições higiênicas bastante precárias. Apesar disto tudo, Saramago nos revela também vários momentos de uma infância feliz. Destaco a relação com os avós maternos sempre que ia visitar a Azinhaga, as brincadeiras de criança na escola, os momentos embaraçosos, as relações com os vizinhos e amigos da família, dentre outros momentos que fazem até o leitor rir, como a história da Pezuda. Ao longo dessas memórias, Saramago também nos revela a gênese de alguns de seus romances que fariam sucesso décadas depois. Outra coisa que gostei no livro foi da homenagem ao irmão Francisco, falecido ainda na infância quando Saramago tinha menos de 2 anos.

É uma leitura bem rápida e prazerosa. Confesso ter tido alguma dificuldade para visualizar o Saramago criança. As vezes vinha à cabeça uma versão miniatura de um senhor careca de óculos caçando rãs no rio Almonda.
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Monica 16/06/2020

Um livro fofo
Neste pequeno livro de memórias, escrito com muito afeto, Saramago escreve sua autobiografia da infância e pré-adolescência, sem ordem cronológica, rigor ou regras de qualquer tipo. Parece até que estamos sentados com as cadeiras nas calçadas numa cidade do interior, ouvindo as histórias antigas de nossos pais e avós, contadas conforme lembram delas.

Uma oportunidade muito agradável de saber um pouco sobre o menino José, que se tornaria um dos maiores autores do século.
Alê | @alexandrejjr 16/06/2020minha estante
Pena que esse não foi editado pela Cia. das Letras.




Kelli 05/05/2018

Relato da simplicidade
Autobiográfico, o livro "As Pequenas Memórias" trata exatamente disto, pequenos trechos de memórias da infância e adolescência de J. Saramago colocados aleatoriamente - acredito que por este mesmo motivo o livro não seja dividido em capítulos, talvez tenha sido assim que o autor foi relembrando ao escrever. O livro mostra algo da vida simples no campo em Azinhaga, aldeia onde nasceu, e depois em Lisboa, sem qualquer ordem cronológica. Recordações dos pais, dos avós, dos companheiros etc, algumas alegres outras dolorosas, até mesmo no momento de escrever.
Para lusófonos brasileiros o livro me parece ainda mais pitoresco, pois o autor usa expressões e falares lusitanos de uma época não tão distante, mas onde a vida parecia ser mais simples.

" Andávamos com a tia Maria Elvira no rabisco do milho, cada qual no seu eito, de sacola ao pescoço, a recolher maçarocas que por desatenção tivessem ficado nas canoilas quando da apanha geral, e eis que vejo uma maçaroca enorme no eito do José Dinis e me calo para ver se ele passava sem dar por ela. Quando vítima de sua pequena estatura, seguiu adiante, fui lá e arranquei-a. A fúria do pobre espoliado era digna de ver-se, mas a tia Maria Elvira e outros mais velhos que estavam perto deram-me razão, ele que a tivesse visto, eu não lha tinha tirado. Estavam enganados. Se eu fosse generoso ter-lhe-ia dito simplesmente " José Dinis, olha o que está aí à tua frente.".

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