Hélio Rosa 19/07/2010
réquiem para Matraga
Quando li Corpo de Baile pela primeira vez, não tive muita certeza de que estava lendo algo original, tamanha a força das citações, que pervazam a obra. Era tudo muito Dante, Shakespeare, Borges, Goëthe, Platão...
Aos poucos, contudo, relendo devagarzinho, e repensando as passagens mais turvas, percebi a força da novidade que as páginas me diziam, e que Augusto Matraga não estava só no sertão rosiano.
Personagens como Miguilim, Tio Terez, o Gorgulho, o Chefe Zequiel, Doralda, Pedro Orósio, Manuelzão, o Urugem, tanta força contida em tipos tão simples, tão colados à realidade local, mas repletos de uma humanidade abissal, e portadores de uma fala que os transcende, e nos recoloca a repensar as grandes correntes e os grandes narradores da literatura universal.