ViagensdePapel 30/06/2017
“Interpretemos sempre (o trickster) como seres transitórios.”
Lewis Hyde era um nome estranho para mim. Porém, o título e a capa do livro chamaram muito a minha atenção: trapaça, mito, arte e um Hermes estampado na capa. Confesso que fiz uma pesquisa rápida para saber se seria o tipo de livro que me agradaria e na época ainda não havia nada sobre esse título (o lançamento é bem recente).
Uma conclusão, até muito simplória, é de que Hyde é um gênio. Não só isso: é um bom contador de histórias, desses que não deixam a peteca cair, enlaça uma história na outra e faz citações. Sua maestria na escrita, interpretação dos mitos, explicação simbológica e a astúcia em ligá-los a pintores famosos como Picasso e Duchamp, entre outros, nos faz ter em mãos mais que um livro, é uma obra prima!
Os deuses tricksters não são somente os deuses da trapaça, eles favorecem os homens em diversos momentos de sua história, pois eles são tão imperfeito quanto a humanidade.
“O trickster cria o mundo, dá a ele luz solar, os peixes e os frutos, mas cria-o como ele é, um mundo de constante necessidade, trabalho, limitação e morte.”
O trickster, mesmo sendo um deus, tem desejos e fome e por conta disso trama para satisfazê-los, às vezes cai em seu próprio estratagema e é capturado.
O autor dá uma volta no globo ao relembrar, entre muitos outros personagens e histórias, o Hermes da Grécia, Krishna da Índia, o Exu da África, o Corvo e o Coiote da América do Norte. Esse último eu nunca tinha ouvido falar, mas lembrei comicamente de um desenho animado da minha infância: papaléguas e o coiote. Só então me toquei de que o desenho pode sim se tratar de uma releitura do trickster dos povos nativos do norte americano!
O trickster não é um vilão, tampouco é um herói. Ele é quase um meio termo – é um deus da desordem para que as coisas possam se ordenar. Parece complexo isso, mas Hyde deixa tudo muito simples e compreensível ao ir adicionando histórias e elementos a sua narrativa.
Leia a continuação da resenha, acesse o link abaixo:
site: http://www.viagensdepapel.com/2017/06/28/resenha-a-astucia-cria-o-mundo-de-lewis-hyde/