Luiza Helena (@balaiodebabados)
04/12/2018Originalmente postada em https://balaiodebabados.blogspot.com.br/"Viva uma vida pela qual vale a pena morrer.*"
Obsidio é o livro que fecha a trilogia The Illuminae Files e foi bem difícil me despedir da história. Sem sombra de dúvidas eles entraram para a lista de favoritos do ano/da vida.
Enquanto Katy, Ezra, Hanna, Nik e companhia estão a bordo da nave Mao, discutindo que rumo tomar, descobrimos que ainda há vida no planeta Kerenza IV. Os sobreviventes estão sendo meio que mantidos reféns pela BeiTech, em sua boa parte sendo mineiros e escavando um produto necessário para que toda a tropa consiga sair do planeta antes que descubram o que realmente aconteceu ali.
Mas não pense que todo mundo está aceitando essa situação. Temos alguns rebeldes dificultando a vida dos soldados, entre eles Asha Grant (prima de Kady). Como se já não tivesse problemas suficientes na vida, o seu ex-namorado/amor da sua vida, Rhys Lindstrom, reaparece e ela descobre que ele agora trabalha para as pessoas que destruíram sua vida.
Apesar de Asha e Rhys não terem tanto destaque, se comparado com os casais dos outros livros, eles são a representação de dois lados de uma guerra. Asha é uma garota com um passado cheio de atitudes rebeldes, que culminaram na perda de uma pessoa importante na sua vida. Agora ela é uma garota que realmente viu o “exílio” impostos como seus pais como uma segunda chance na vida e estava agarrando com unhas e dentes. Isso até Kerenza ser atacado. Fazendo parte do grupo de rebeldes, Asha é uma garota resiliente e determinada a não se abater sem antes lutar. Como é dito em uma parte do livro, ela não é um gênio da informática como sua prima Kady ou uma ótima estrategista como Hanna, ela só é uma garota que está defendendo sua casa.
"Toda história precisa de seu herói. E seu vilão. E seu monstro.*"
Já do lado de Rhys, vemos o outro lado da guerra. Soldados que estão ali somente cumprindo ordens, criando laços de amizade com seu esquadrão na esperança de não perder a humanidade. Rhys não foi treinado para combate e, quando cai de paraquedas na ocupação do planeta, ele acha que todos ali só estão fazendo o seu trabalho. OK que a extração de minério era ilegal, mas será mesmo que os habitantes também eram culpados? Aos poucos, o especialista vai abrindo os olhos para realmente o que é certo e errado no seu trabalho, sendo Asha a principal pessoa a ajudar.
Já na nave Mao, vemos os sobreviventes de Heimdall e Hypatia enfrentando problemas entre si. Por serem somente “crianças”, poucos levam em consideração as opiniões de Kady, Ezra, Hanna, Nik e Ella, mas eles já viram, passaram e sobreviveram a situações que muitos deles nem sonham. São jovens cujas preocupações deveriam ser deveres de casa e o que fazer no futuro. Fico imaginando quantos jovens também passam por situações assim na vida real, nos locais em constante guerra.
AIDAN com certeza é um personagem que irei sempre lembrar. Nesse livro, vemos o quanto sua relação com Kady influenciou os cálculos da inteligência, chegando ao ponto de AIDAN meio que começar a gerar uma consciência e sentimentos, mas sem deixar de lado seu lado calculista. Porém, seus "sentimentos" de proteção por Kady começam a influenciar suas decisões, todas baseadas no bem-estar da prodígio da tecnologia. O modo como ele começa a ter sentimentos por Kady me faz parar para pensar na questão da tomada de consciência das IAs. (Por isso eu não maltrato nenhum robô).
Apesar dos pesares, eu adorei o personagem porque, no fim das contas, ele é bom ou mau; ele é a verdadeira definição de que os fins justificam os meios feat sacrifício para o bem maior. Afinal, ele foi desenvolvido para calcular e garantir o melhor cenário para as pessoas, mas não significa que seja o cenário que as pessoas querem ouvir.
"Eu não sou bom. Nem sou malvado. Eu não sou herói. Nem eu sou vilão. Eu sou AIDAN.*"
Eu amei como os autores trabalharam seus personagens secundários, fazendo-os tão importantes quanto os protagonistas. Fomos apresentados a uma gama de personagens, com atitudes, opiniões e decisões diferentes e (por muitas vezes) contrárias, mas no final das contas são somente humanos fazendo de tudo para sobreviver. Destaque para Ella Malikova, que não deixa sua condição física ser um empecilho para ajudar e Isaac Grant (pai de Kady), que praticamente adotou todo mundo. Tem uma passagem dele deixando mensagens para os jovens antes do ataque final a BeiTech que é muito fofa e de deixar os olhos marejados.
"Todo mundo está certo, e todo mundo está errado.*"
Como venho falando desde a resenha de Illuminae, acompanhar os livros com o audiobook torna a experiência completamente diferente. Os efeitos sonoros fazem com que você se sinta no meio da ação, o tom de voz dos personagens em vários momentos faz com que você sinta o medo, a dor, o sofrimento e toda gama de sentimentos que eles passam. Em alguns momentos, as descrições feitas de vídeos por alguns narradores possuem frases de alívio cômico, mas nunca esquecendo a real função dos Illuminae Files: contar a história de como BeiTech sem remorso e arrependimento decidiu dar cabo de um planeta no fim do universo como parte de destruir a concorrência.
A parceria de Jay e Amie não termina por aqui. Ambos já estão com um novo projeto chamado The Aurora Cycle. O primeiro livro se chama Aurora Rising, com previsão de lançamento internacional maio de 2019. Segundo o resumo do Jay (melhor pessoa para resumir seus livros em forma de gifs), a história é com se O Clube dos Cinco encontrasse Guardiões da Galáxia, envolvendo elfos com problemas de controlar raiva, procuras por artefatos alienígenas e um mal antigo. Abaixo deixo a sinopse traduzida.
"O ano é 2380, e os cadetes graduados da Aurora Academy estão recebendo suas primeiras missões. O pupilo estrela, Tyler Jones, está pronto para recrutar o esquadrão de seus sonhos, mas seu próprio heroísmo o vê preso com a pária que ninguém mais na Academia tocaria…
Um diplomata convencido com uma faixa preta no sarcasmo
Um cientista sociopata com uma predileção por atirar em seus companheiros
Um gênio dos computadores esperto pronto para arrumar confusão
Um guerreiro alienígena com problemas de gerenciamento de raiva
Uma piloto que não gosta dele, caso você esteja se perguntando
E o esquadrão de Ty não é nem mesmo seu maior problema - seria Aurora Jie-Lin O'Malley, a garota que ele acabou de resgatar do espaço interdimensional. Presa em cochilo por dois séculos, Auri é uma garota fora do tempo e fora de sua profundidade. Mas ela pode ser o catalisador que inicia uma guerra milhões de anos em construção, e o esquadrão de perdedores, casos de disciplina e desajustados de Tyler podem ser a última esperança para toda a galáxia.
Ninguém entra em pânico."
Obsidio foi um final muito acima do que eu esperava, fazendo com que a trilogia mantivesse seu nível alto do início ao fim. Eu torço para que realmente a Novo Conceito ou qualquer outra editora que possa deter os direitos de publicação publiquem essa trilogia aqui, pois é uma história que vale a pena de se ler e maravilhar com o modo como é contada.
"Que possamos nos encontrar novamente em costas distantes.*"
* Traduções feitas por mim
site:
https://balaiodebabados.blogspot.com/2018/12/resenha-337-obsidio.html