Crisálidas de Papel 28/07/2020
Piano Vermelho
Piano Vermelho é o final da minha saga através dos livros de Josh Malerman (Caixa de Pássaros e Uma Casa no Fundo de um Lago) e, gente, eu tô com muita raiva desse livro. Porque eu o terminei me sentindo BURRA. É sério. E não por uma questão de ler e não conseguir compreender o que o autor quer passar em cada parágrafo (separadamente), mas de não conseguir linkar uma coisa com outra para encontrar o SENTIDO da história. .
SINOPSE:
Ex-ícones da cena musical de Detroit, os Danes estão mergulhados no ostracismo. Sem emplacar nenhum novo hit, eles trabalham trancados em estúdio produzindo outras bandas, rotina que é interrompida pela visita de um funcionário misterioso do governo dos Estados Unidos, com um convite mais misterioso ainda: uma viagem a um deserto na África para investigar a origem de um som desconhecido que carrega em suas ondas um enorme poder de destruição. Liderados pelo pianista Philip Tonka, os Danes se juntam a um pelotão insólito em uma jornada pelas entranhas mortais do deserto. A viagem, assustadora e cheia de enigmas, leva Tonka para o centro de uma intrincada conspiração.
.
O talento do autor é inegável. Ele tem uma mão maravilhosa para criar suspense, situações que nos deixam com agonia e gatilhos iniciais muito interessantes. Mas, assim como em Uma Casa no Fundo de um Lago, parece que tudo que ele tinha era uma ideia inicial, que não conseguiu desenrolar e acabou levantando questões que não pôde responder até o final. (Na verdade, em relação a perguntas sem respostas, Piano Vermelho foi até PIOR do que Uma Casa no Fundo de um Lago.) Eu senti, ao terminar Piano Vermelho, que se todas as explicações estiverem, de alguma forma, escondidas nas entrelinhas, então eu faço parte de um mundo totalmente diferente e distante do autor para compreendê-las.
.
Assim como em Caixa de Pássaros, Piano Vermelho intercala entre passado e presente. O autor faz disso seu estilo pessoal, unido às constantes indagações de "o quê pode haver lá fora?" (monstros em CdP, um som mortal no meio do deserto em PV).
.
Os primeiros 40% da história, salvos alguns momentos interessantes, são arrastados e quase me fizeram desistir. Então, depois da chegada da banda ao deserto, o ritmo melhorou e me agarrou de jeito. Contudo, pouco antes de iniciarmos a segunda parte do livro, já havia capítulos que me faziam torcer o nariz de novo. É uma história cheia de potencial mal explorado, com uma narrativa boa, mas enredo negligenciado. E, gente, pessoalmente eu não acho que nem o melhor estilo narrativo do planeta compense a falta de coerência e o descaso com pontos básicos do enredo.
.
Quanto aos personagens: Philip é carismático e interessante, mas infelizmente os capítulos alternam entre ele e Ellen, e alguns dos momentos da vida dela dão até sono de tão chatos (embora a história do passado da coitada seja um dos pontos altos de PV, devo admitir). Fora esses dois, o resto dos personagens SOME. Até Lovejoy, cujo background é interessantíssimo e eu achei que fosse ter grande importância na trama, acabou sendo mais um nome jogado lá pra fazer volume. Em verdade, toda a parte do deserto (onde Lovejoy poderia ter ganhado mais destaque) aconteceu rápido demais, com estranhezas demais. Argh, alguém me faça parar de pensar em tudo que Piano Vermelho poderia ser, mas não é! 😣 Como o livro se passa em 1957 e aborda personagens que participaram da Segunda Guerra Mundial, há neles um medo por trás de tudo que se diga nuclear, detalhe que achei muito bem colocado e que aumenta a tensão, quando eles precisam decidir entre ir ou não atrás de um som capaz de desarmar ogivas.
.
Aí vocês podem me perguntar: Di, será que com Piano Vermelho não aconteceu aquela mesma coisa de "marketing errado" que você citou em Uma Casa no Fundo de um Lago (caso não saiba do que eu estou falando, dá uma olhadinha na minha resenha desta outra obra do Malerman, aqui nas Crisálidas mesmo 😉)? Sinceramente, não. Assim como não acho, também, que todo meu desgosto com Uma Casa no Fundo de um Lago provenha de erro de marketing, conforme citei na resenha do livro. Mesmo com todo marketing errado do mundo, a gente sabe distinguir obras boas de obras ruins. No caso desses dois livros do Malerman, eles parecem bons, tem uma narrativa tão boa que até confunde a gente, mas, no final, simplesmente não são. Claro que há quem vá discordar comigo, mas novamente afirmo: estilo narrativo foda não compensa enredo cagado. Não neste nível de falta de cuidado que vi em Piano Vermelho.
.
Se você já leu o livro, deve compreender o tamanho da minha revolta u-u. Ainda não leu Piano Vermelho e quer dar uma chance? Vai por sua conta e risco, bebê, que desta vez não vai ter recomendação, não 👀
.
— Di 💥
site: https://www.instagram.com/p/BqQLFN3A6bk/?utm_source=ig_web_copy_link