Christiane.Leite 17/05/2023
O Caminho das Borboletas, de Adriane Galisteu, é um livro que promete levar o leitor a um mergulho emocional na vida do icônico piloto Ayrton Senna. O livro parece concentrar-se mais na própria Adriane do que em seu relacionamento e na vida do piloto. A narrativa se torna, em certos pontos, um tanto egoísta e superficial. A autora romantiza sua relação com Senna, omitindo detalhes relevantes ao desenrolar da história. Não explica, por exemplo, porquê a família de Senna era contra seu relacionamento com Adriane. Omite que deixou de trabalhar quando namorou Senna. Não se pronuncia sobre o questionamento da época de que, caso ela fosse de fato uma modelo bem-sucedida antes de conhecer Ayrton, realizaria trabalhos na Europa, afinal, tinha apenas 19 anos. Não menciona que, no dia do acidente, teria ficado em Portugal após uma briga, pois Senna a teria flagrado ao telefone, em uma conversa íntima com um ex-namorado. Não diz uma palavra sobre a afirmação de Xuxa, de que Ayrton teria ligado para ela, decepcionado com Adriane, combinando de encontrarem-se para conversar e tentar reatar o relacionamento. São muitas lacunas que Adriane deixa de preencher sob a chancela de "Ayrton me amava". Na verdade, o que se vê é uma adolescente, que era "Garota Shell", conseguiu conquistar o piloto nº. 1 e passou a fazer de tudo para não perder as vantagens advindas do relacionamento. Em tempo: Adriane não só não fazia trabalhos na Europa, como, após a morte de Senna, precisou morar de favor na casa do empresário Braguinha (ex-presidente da Bradesco Seguros), muito amigo de Senna, pois não tinha atividade nenhuma, senão posar de namorada do piloto nº. 1 do mundo. Braguinha, inclusive bancou o retorno de Adriane ao Brasil, com assessoria de uma conhecida agência de marketing. Mas esse detalhe (obviamente) também é omitido no livro. Acredito que a família de Senna tinha bons motivos para ser contra o relacionamento. E o próprio Ayrton já estava abrindo os olhos. Adriane foi a única que teve vantagem na tragédia da morte de Senna. Ao contrário de muitas viúvas anônimas de pessoas famosas, ela buscou com afinco se manter na mídia às custas do luto.