Bia 20/02/2022
Não julgue um peixe porque ele não sabe voar
A HQ ilustra bem o Transtorno do Espectro Autista e suas particularidades, e tem a genialidade de mostrar como é a vida de uma pessoa adulta com autismo, uma vez que a maioria das obras falam mais sobre a experiência de crianças com autismo e seus pais, se esquecendo um pouco que essas mesmas crianças crescem e também se tornam adultas. Assim, foi bem interessante acompanhar as diversas nuances da personagem antes, durante e após o diagnóstico, e como a vida dela foi afetada ao descobrir sua própria singularidade.
Dou três estrelas não pelo fato da história ter sido ruim, mas sim pelo fato de que ela poderia ser atualizada, pois ela trata da Síndrome de Asperger como algo dentro do autismo, enquanto que uma nova nomenclatura já estabelecida pelos manuais diagnósticos deixa bem claro que não há distinção e o que antes era classificado como Asperger entra no Transtorno do Espectro Autista (TEA). Além disso, essa distinção pode trazer pensamentos capacitista, já que se pensava nessa síndrome como um quadro ?mais leve? de autismo e que era mais aceitável ser Asperger do que ser Autista. E outro fato é que alguns relatos apontam (junto com um livro que fala sobre o tema) que o cientista Asperger, a qual o nome da síndrome remete, era associado ao partido nazista e fez diversas experiências com crianças deficientes.
Então, uma atualização da nomenclatura da HQ falando sim sobre o Espectro Autista seria muito mais informativo, e evitaria a propagação de um conceito que já é retrógrado e que não é mais aceito por muitas pessoas na comunidade neuroatípica.