alexandragnzg 14/03/2024
Sensacional
Drauzio é médico, mas é brilhante em livros reportagem! Como jornalista, a escrita dele me fascina! Li na faculdade há alguns anos, vi deixar abaixo a resenha que fiz pro Clube do Livro na época:
?Prisioneiras? é o último de uma trilogia de livros de temática carcerária (Estação Carandiru e Carcereiros) do Dr. Drauzio Varella. O autor dedicou mais de 28 anos da sua vida voluntariamente a atender presidiários pelo Brasil e, no caso deste livro, passou 11 anos na Penitenciária Feminina Capital, em São Paulo.
A maneira humanizada e a riqueza de detalhes como ele conta o cotidiano da prisão e as histórias de algumas das mais de 2 mil prisioneiras é impressionante. É, sem dúvidas, um livro que incomoda, mostra a face cruel das histórias das detentas sem rodeios, choca, e leva o leitor que não tem conhecimento sobre o mundo das penitenciárias a ver as circunstâncias que tantas mulheres buscam a marginalidade.
Paixões, gravidez precoce, pobreza extrema, fome, aborto, violência sexual e doméstica e homossexualidade são alguns dos temas tratados na obra do médico. Esses e outros motivos levam até hoje milhares de mulheres ao mundo do crime, na esperança de mudar de vida facilmente, fugir de relacionamentos abusivos em casa, trazer sustento financeiro afim de alimentar os filhos, entre outras complicações sociais que as fizeram escolher a ilegalidade como profissão.
A obra também conta relatos das mulheres que se juntaram ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e como funciona a hierarquia com as mulheres na facção. Brigas, ciúmes, hierarquia interna, relação com carcereiros, as moedas de troca dentro da prisão, surtos de doenças nos pavilhões, o tráfico de drogas constante nos dias de visita, gravidez durante o cumprimento da pena, a separação das mães dos seus filhos, o abandono da família e dos companheiros são questões que acompanham a vida de praticamente todas as mulheres detidas na capital paulista.
Por fim, o Dr. Drauzio Varella conta brevemente a trajetória de sua infância, onde começou seu fascínio pelo mundo carcerário e como o voluntariado transformou sua maneira de ver o mundo e, principalmente, o próximo, sem julgamentos a cada história ouvida por ele nas consultas nas galerias da Penitenciária Feminina da Capital.