O Início do Fim

O Início do Fim Luciano Otaciano




Resenhas - O Início do Fim


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Léo 20/04/2017

Supercriativo, envolvente e enfático
A figura de um amante da imagem feminina é, de imediato, percebida no conto, que parece ser escrito como uma carta primeiramente remetida para a alma feminina. O narrador expõe suas memórias de uma época assolada por acontecimentos apocalípticos, mas não como no Livro Sagrado, onde o efeito utópico em seus versículos dão um tom alegórico para a síntese do livro.

Em ''O INÍCIO DO FIM'' percebe-se a realidade do avanço tecnológico confrontado à necessidade de respostas aguardadas pelo narrador, que envolvido por sua emoção em forma de espanto e terror, sente-se inteiramente incomodado com o caos presenciado. Os elementos letais servem como um pano de fundo para uma crítica privativa que o autor deseja transmitir; um conteúdo acelerado, revestido pela ficção, onde ingredientes como a morte e a agonia (até mesmo daquele que lê) servem como alento para uma jornada pós-moderna. ''As mortes começaram no verão, o clima quentíssimo daquela cidade de calor quase insuportável para os mais fracos fizeram o vírus se propagar''.

A patologia e a ciência foram usadas no conto de maneira rasa mas visível, já que se viaja por instantes onde o corpo humano é usado como ferramenta de testemunho quanto a fragilidade, principalmente no trecho: ''Caroços em forma de feijão, só que na pele humana, apareciam aos montes nos infectados. Os órgãos genitais, tanto o masculino quanto o feminino, inchavam provocando uma visão repugnante e asquerosa''. Este é um dos meus minutos preferidos na leitura.

O autor conseguiu caminhar por essa vertente diferenciada, demonstrando muita criatividade ao conduzir o sucinto relato e até mesmo ao intitulá-lo, utilizando duas palavras de sentidos opostos que geram curiosidade e assombro.

O raciocínio ilógico perante ao caos foi contado pelo narrador (neste momento, apenas observador) de forma direta para os que detivessem, anos depois, o seu escrito. Há como realmente imaginar o narrador como uma figura ao estilo de Júlio Verne, que em seus relatos conseguia facilmente misturar a ficção com o verídico. O narrador sem prenome, angustiasse ao entender o contexto vivenciado nos instantes em que escrevia.

Outros assuntos comumente combatidos pelo autor, chegam ao leitor de forma direta como no trecho: ''Passavam horas a fio entretidos com celular e o computador, ficando alheio ao caos em sua volta. Já outras pessoas iam na direção contrária, elas bebiam descontroladamente, fumavam, se drogavam, se prostituíam como animais no cio, que no tesão à flor da pele não pensavam em nada mais, somente o prazer era permitido sentir''.

Em suma, o conto é realmente muito interessante, pois a narrativa tranquila que designa o fim tormentoso dá a exata interpretação de ter sido feita por um narrador muito mais observador do que participativo, alguém ou algo acima do Universo, um ser eterno, um cientista... uma testemunha fiel de uma nova Era. ''... diziam que não haveria cura e que
era um castigo divino. Uma praga bíblica no tempo da tecnologia avançada... Lembro-me que em meus últimos minutos de vida, eu vi uma nova Era''.
Luciano Otaciano 22/05/2017minha estante
Sua capacidade em destrinchar uma estória é absurda. Sua visão da obra ficou perfeita. Grato pela resenha e que bom que o enredo tenha lhe agradado. Abraço!




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