jota 26/06/2012A mesma história?Balthazar, o segundo volume de O Quarteto de Alexandria, não é a continuação do primeiro (Justine).
O narrador, anos depois de seu romance com Justine, isolado em uma ilha, recebe de Balthazar, as folhas de seu manuscrito com extensos comentários (tão extensos na verdade, que compõem este volume).
Então, os mesmos acontecimentos vividos por todos (Justine, o próprio Balthazar, Mountolive e Clea, especialmente) tornam a ser relatados, agora na perspectiva de Balthazar.
O tempo está parado. A verdade contada pelo narrador em Justine é alterada, ou melhor, nas próprias palavras de Balthazar em seu comentários (ou em seu livro, seria melhor dizer):
“Intercalar realidades é a única forma de ser fiel ao tempo, pois cada um de seus momentos é infinito em sua multiplicidade. Viver consiste no ato da escolha. Sempre fazemos juízos, sempre escolhemos.”
Balthazar escolheu contar a história de Justine à sua maneira. E também de falar de Alexandria de seu ponto de vista. Este volume, mais curto, ainda que também exija muita atenção do leitor, é mais palatável do que o primeiro.
Segundo o que li, os acontecimentos que o narrador e Balthazar trataram somente serão relatados objetivamente (tal como se deram?) na narrativa de outro personagem, Mountolive, no terceiro volume (o tempo continuará parado).
Somente em Clea, quarto volume, iremos observar o desenvolvimento das ações com o passar do tempo.
Lido entre 14 e 26.06.2012.