Luara 13/02/2021A liberdade como natureza e o que nos aliena da mesmaO autor lança mão de exemplos históricos e algumas indagações, afim de discursar sobre essa servidão voluntária. Para tal, ele argumenta que a razão é investigada como sendo natural, mas a liberdade não, está é da pertença da natureza humana e para elaborar melhor esse pensamento La Boétie se remete a natureza como sendo passível de intervenção, mais precisamente comenta sobre o poder do costume.
Tá ai, uma discussão cara para antropologia, essa da natureza vs cultura. O mais interessante dessa proposição feita por ele é a repercussão semelhante na compreensão dessa inquietação que busca entender se é a natureza que transforma o homem ou é a cultura ou o oposto. Para Franz Boas por exemplo, a própria delimitação do que é natureza é definida por nós, socialmente.
Portanto, o que ele pretende com isso é elaborar no seu discurso uma reflexão que nos possibilite identificar que nossa natureza livre, tem sido limitada por tiranos através de uma cultura. E exemplifica isso muito bem quando desenha uma rede de relações de poder que se desencadeia de modo centrífugo e centrípeto, em um movimento constante na relação entre o tirano e todos os demais homens abaixo dele.
Apesar de considerar o seu discurso belíssimo e inspirador de revoltas, noto o mesmo tom vacilante da avaliação sartriana, que ainda que tenha seu mérito, traz no bojo uma análise que não compreende o que é viver sob condições extremas, onde escolher ser livre não é uma possibilidade.
Em síntese, apesar dele insistir que o homem deve escolher pela liberdade, como algo de sua natureza, ele mesmo conclui, que o que torna o mesmo ser voluntário de sua própria servidão, tem por motivo o costume.