Fabio Shiva 17/08/2017
Universo Humano
“A mente que se abre a uma nova ideia, jamais volta ao seu tamanho original.”
Albert Einstein
Que livro espetacular!!!
São muito raros e preciosos os livros que nos apresentam a uma ideia verdadeiramente nova. E esse é um dos grandes méritos de “Você é o Universo”, fruto da parceria do renomado pensador Deepak Chopra com o doutor em física Menas Kafatos. A novidade trazida pelo livro é o conceito de qualia, que pode muito bem transformar a vida do leitor, conforme prometido na capa.
Mas o que seria “qualia”? Trata-se de um novo conceito, formulado por cientistas de vanguarda, que muda radicalmente tudo o que a ciência entende como sendo “realidade”. Melhor deixar os autores do livro explicarem:
“Qualia refere-se a como experimentamos a vida e não a como a medimos. A palavra latina qualia significa ‘qualidades’ e diz respeito a um mundo tão inatingível quanto o da física quântica, mas que aponta no sentido oposto: afasta-se dos objetos físicos e vai ao encontro da experiência subjetiva.”
“Experimentamos o mundo neste exato momento como qualia. É a cola que mantém unidos os cinco sentidos. O perfume de uma rosa é um qualia (...), como também é a textura aveludada das pétalas, as cores e os matizes, as sombras e as dobras.”
“Os qualia estão por toda parte. Nada acontece sem eles, o que significa que, ao participarmos da realidade através de um cérebro humano, o nosso mundo consiste em qualia. Se existir alguma realidade fora do que percebemos, ela será, literalmente, inconcebível. E se eliminarmos todas as sensações, imaginação, sentimentos e pensamentos, não sobra coisa alguma.”
“Eis o truque: por serem subjetivos, os qualia atacam diretamente a objetividade da ciência moderna. Além disso, por ser a experiência significativa, os qualia atacam o modelo de uma natureza aleatória, sem importância.”
É o conceito de “qualia” que fundamenta e justifica a fabulosa noção de um Universo Humano, que os autores propõem em substituição ao velho paradigma do Universo aleatório e sem sentido, defendido pela tradicional ciência materialista (que hoje insiste em ser chamada de “fisicalista”, por admitir a existência da energia. Em minha opinião isso não passa de uma tentativa fajuta de salvar as aparências, quando cada vez mais se torna evidente que essa linha de pensamento chegou a um beco sem saída).
Isso tudo parece muito complicado, e é de fato. Mais um mérito para a dupla Chopra & Kafatos, que se esforça para conseguir apresentar de forma acessível e atraente os maiores dilemas enfrentados pela ciência na atualidade.
Antes de apresentar a incrível novidade dos qualia, o livro investiga algumas questões, com o objetivo de demonstrar o quanto o paradigma tradicionalmente aceito de se pensar a ciência já deu o que tinha que dar, e o quanto esse paradigma falhou em dar respostas satisfatórias a respeito da realidade e do universo. Essas questões, chamadas pelos autores de “os mistérios cruciais”, intitulam os nove capítulos que compõem a primeira parte do livro:
1) O que existia antes do big bang?
2) Por que o universo é tão perfeitamente coeso?
3) De onde veio o tempo?
4) Do que é feito o universo?
5) Existe “design” no universo?
6) O mundo quântico tem relação com a vida cotidiana?
7) Vivemos em um universo consciente?
8) Como a vida começou?
9) A mente é uma criação do cérebro?
Depois de tantos questionamentos, a mente do leitor está pronta (a não ser nos casos incuráveis de dogmatismo) para encarar a grande novidade do livro, apresentada na parte dois: “aceitando o seu eu cósmico”.
Apesar da complexidade dos temas, a leitura é agradável e muito instigante. Achei muito marcante o fato do livro tratar exclusivamente da perspectiva científica, embora o conceito de Universo Humano seja algo que evoca inevitavelmente questões de natureza espiritual, como a natureza e o propósito da vida, bem como a existência de uma Consciência superior. O livro trata com muita propriedade desses temas, sem por um momento sequer resvalar em qualquer tipo de esoterismo ou religiosidade. É de pura ciência que os autores estão falando. E que bom descobrir, meu Deus, que a ciência finalmente está se encontrando com a espiritualidade!
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