Malu | @dicas_de_malu 18/12/2017Três contos, três perspectivas diferentes sobre um mesmo sentimento. É assim que eu definiria o livro ABC do Amor, lançamento de 2017 da Galera Record. Nesse livro, três autoras reconhecidas por seus romances apaixonantes, A.C. Meyer, Brittainy C. Cherry e Camila Moreira, escrevem cada uma um conto que aborda o amor em um momento diferente.
No primeiro deles, Doce Reencontro, temos a história de Jade e Alex, um casal que se conheceu na adolescência e acabaram tendo seus caminhos separados por circunstâncias da vida. Anos depois, o destino acaba fazendo com que eles se reencontrem. Será que o amor pode sobreviver a tantos anos e tantas mudanças que ocorreram nas vidas de Jade e Alex?
Já no segundo conto, As cartas que escrevemos, Brittainy C. Cherry apresenta uma história sobre perdão. Depois de anos seguindo sua carreira de ator, Jake retorna para a cidadezinha onde viveu para o casamento de Ana Louise, a ex namorada que ele nunca esqueceu. Será que, depois de tanto tempo, ela ainda o amava como ele nunca deixou de amá-la? Seria esse amor suficiente para que ela o perdoasse?
Por fim, no conto Além das cores, da autora Camila Moreira, é retratado o amor que surge da atração. Em um péssimo dia, Alice é demitida, descobre que seu noivo a traia com sua melhor amiga e que, para o trabalho de conclusão de curso, ela teria que escrever uma biografia sobre o temperamental pintor Leandro Franz. O que ela não esperava é que surgiria uma inexplicável atração entre eles, mas que fantasmas do passado poderiam atrapalhar esse sentimento que estava surgindo e que eles não sabiam como nomear. Seria amor?
De um modo geral, gostei dos três contos e esse livro se mostrou uma leitura rápida e agradável. No entanto, acredito ser impossível falar sobre ABC do Amor como um todo, pois cada autora tem um jeito próprio de escrever e os contos não têm uma ligação entre si. Deste modo, vou falar um pouco sobre o que achei de cada um deles.
Doce reencontro fala sobre um amor que resiste à saudade, ao tempo e à distância. A leitura é muito fluida e, apesar de ser um conto, achei que a autora soube construir bem o romance e tornar o casal convincente. No entanto, senti falta de algum obstáculo para os protagonistas superarem, seja algum conflito do passado ou as mudanças que ocorreram ao longo dos anos que passaram separados, mas que deixasse uma dúvida, mesmo que pequena, se o casal ficaria junto ou não.
Outro aspecto que me incomodou um pouco foi a idade dos protagonistas. Jade tem apenas 23 anos e, antes do reencontro, Alex supunha que ela já estaria casada e com filhos. Sei que tem pessoas que se casam com essa idade ou menos, mas não é comum ao ponto de levá-lo a ter tanta convicção que Jade já deveria ter se casado e tido filhos. Além disso, eles são incrivelmente bem-sucedidos para a idade que têm. Algo que pode acontecer, mas também não é tão comum e fez a história se tornar menos convincente
De um modo geral, é um conto bem escrito e a leitura é bastante fluida. No entanto, mesmo os personagens sendo carismáticos, tive dificuldade de me conectar com eles. Gostei do conto e me diverti lendo, mas confesso que esperava mais e não cheguei a me encantar pelo romance.
Já em As cartas que escrevemos lembrei porque a escrita de Brittainy C. Cherry me conquistou quando li O ar que ele respira. Em poucas páginas, ela consegue conferir sentimento e complexidade aos seus personagens, despertando a empatia de quem lê. Assim, o que mais gostei é que este conto fala sobre perdão e traz protagonistas imperfeitos, que erraram no passado e precisam lidar com as consequências das escolhas que fizeram. Isso os tornou mais humanos e reais, o que tornou o amor deles mais verdadeiro, para mim.
A única ressalva que faço é que toda a trama se desenvolve em um final de semana. Mesmo se tratando de um conto, acho que foi muito apressado, considerando todas as mágoas e problemas que precisavam ser superadas. No entanto, foi uma leitura tão cativante que isso não tirou o brilho da leitura.
Por fim, o que mais me surpreendeu: Além das cores. A sinopse desse conto me desanimou um pouco, porque, normalmente, não gosto de romances em que o casal sente uma atração inexplicável e imediata. Porém, a Camila Moreira tem uma sutileza na sua escrita que tornou o casal e a química entre eles convincente.
Além disso, fiquei impressionada com o quanto ela conseguiu desenvolver os personagens em poucas páginas. Eles amadurecem ao longo do conto, superam traumas do passado e a própria construção do romance, ao contrário do que eu esperava, é gradual e convincente. Foi uma leitura que me conquistou completamente e me deixou curiosa para conhecer outros trabalhos da autora.
Com relação à edição, achei que a Galera Record caprichou. A capa é simples, mas bonita e delicada. Além disso, as páginas amareladas e o tamanho da fonte deixam a leitura confortável. Há ainda as páginas que iniciam cada conto que também são simples, mas bonitinhas e condizentes com as histórias que iniciam.
Assim, ABC do amor é uma leitura fluida, agradável e ideal para quem adora romances. São histórias diferentes, cada uma com seus méritos, mas que, de um modo geral, proporcionam bons momentos. Além disso, os contos são uma ótima oportunidade para conhecer a escrita da A. C. Meyer, da Brittainy C. Cherry e da Camila Moreira, e perceber o estilo de cada uma delas. Terminei a leitura em um único dia, feliz pelas histórias que encontrei e ansiosa para conhecer outros trabalhos das autoras.
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