Chaiana.Lucca 26/08/2021
Em meados da década de 80 a pesquisadora, bióloga e dezenas de vezes premiada Elizabeth Helen Blackburn participou da descoberta do papel da telomerase, uma enzima que protege os nossos telômeros.
Os Telômeros são as pontinhas dos cromossomos e tem um papel importante na proteção de nosso material genético contra o envelhecimento celular precoce.
A partir de meados da década de 90 o papel do estresse crônico no envelhecimento humano já estava bem consolidado e a pesquisa sobre a ação da telomerase possibilitou entender muito mais sobre o processo de envelhecer.
Em 2009 e juntamente com dois outros pesquisadores, Elizabeth Blackburn foi laureada com o Prêmio Nobel (de Fisiologia e Medicina) e suas pesquisas, sobretudo as que visam elucidar os fatores fisiopatológicos que atuam contra o envelhecimento, continuam acontecendo até hoje.
A base da pesquisa da Dra Elizabeth demonstrou que sem telomerase as nossas células param de se renovar porque tal deficiência deixa nossos telômeros mais curtos e defende, dado o corpo de evidências acumulado, que esta relação está estabelecida com precisão.
“A solução é regular adequadamente a ação da telomerase nos telômeros – nas células corretas e nas ocasiões corretas, porque somente isso vai nos manter – e os telômeros – saudáveis. O corpo sabe como fazer isso, e nós podemos ajudá-lo com um estilo de vida pleno de estratégias de renovação.”
O livro tem escrita didática, e é dividido em quatro partes cujos capítulos contém um resumo do que foi exposto, conta com índice remissivo e quase 30% de seu conteúdo é dedicado à bibliografia.
As pesquisadoras trazem com maestria temas como tóxicos ambientais e disrupitores endócrinos – é um excelente livro e reflete bem a reconhecida generosidade de Elizabeth Blackburn.
“Nós exploramos a conexão estresse-telômeros, explicamos o estresse nocivo versus o estresse típico e mostramos como o estresse e os telômeros curtos afetam o sistema imunológico. As pessoas que reagem ao estresse sentindo-se excessivamente ameaçadas têm telômeros mais curtos do que aquelas que reagem ao estresse com uma crescente sensação de desafio.”
O estresse, seus mecanismos e as formas de combatê-los são bem esmiuçados e elas explicam como pesquisas foram feitas com pessoas de diferentes perfis psicológicos e níveis de estresse e detalham que o estresse não é um mal quando a pessoa o utiliza ao seu favor, ou seja, como se fossem esportistas desafiados a superar um desafio.
“Quando a nossa equipe realizou um estudo sobre o pessimismo e o comprimento dos telômeros, descobriu-se que as pessoas com pontuação mais alta em um inventário de pessimismo tinham telômeros mais curtos.”
Ao final de cada parte há um laboratório onde elas incluem dicas de mudanças de hábitos, explicam como mudar o pensamento para alterar hábitos nocivos e sua visão do mundo e, por fim, como lidar com um mundo lotado de distrações que, no final das contas, findam ‘emburrecendo’ nosso cérebro.
“Conscienciosidade na infância prediz a longevidade décadas mais tarde. Um estudo com pacientes da Medicare apontou que os que tinham mais autodisciplina viviam 34% mais do que seus pares menos conscienciosos (…) “As pessoas mais belas que nós temos conhecido são aquelas que conheceram a derrota, conheceram o sofrimento, conheceram a luta, conheceram a perda e descobriram como sair do buraco.
Essas pessoas têm uma apreciação, uma sensibilidade e uma compreensão da vida que as enche de compaixão, de gentileza e de umprofundo interesse cheio de amor. As pessoas belas não acontecem simplesmente”.
Elas fazem alertas especiais a respeito de suplementos que prometem aumentar a telomerase, inflamações, resistência à insulina e estresse oxidativo, por desenvolverem um ambiente insatisfatório para os telômeros e as células.“
A não ser que a área de suplementos de telomerase demonstre por meio de estudos clínicos amplos e de longo prazo que o uso é seguro, segundo nosso ponto de vista, é sensato evitar quaisquer pílulas, cremes ou injeções que aleguem aumentar a telomerase. Dependendo de sua propensão individual para diferentes tipos de câncer, você pode aumentar potencialmente a chance de desenvolver diferentes cânceres(…)”.
É interessante que existe uma correlação do medo de envelhecer e de uma não aceitação da idade, como formas de acelerar o próprio envelhecimento.
O livro é um mergulho fascinante no coração genético das células. E a constatação de que pais sob condições sócio-econômicas ruins ou lares desestruturados transmitem telômeros mais curtos aos seus filhos.