O Livro do Juízo Final

O Livro do Juízo Final Connie Willis




Resenhas - O Livro do Juízo Final


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Marcio Garcia 16/02/2021

Esperança e impotência, fé e desespero, empatia e ódio
Como não gostar de um livro que te mostra os limites do ser humano? "O Livro do Juízo Final" não é somente uma aventura de viagem no tempo, é um livro sobre amizade, empatia, solidariedade, esperança, persistência, simplicidade, fé, mas também sobre arrogância, vaidade, impotência, tragédia.

A viagem de Kivrin, uma historiadora da Universidade de Oxford em 2054, à idade média apresenta um relato que ela, como uma forma de ironizar as preocupações do seu tutor sobre sua viagem, o Sr. Dunsworth, chama de "O Livro do Juízo Final", em referência aos textos sobre a Peste Negra do irmão John Clyn, um frade que viveu na Irlanda, e relatou o que viveu e viu antes de também sucumbir à doença.

O ano escolhido é 1320, cerca de 28 anos antes da Peste Negra chegar à Inglaterra. Dunsworth tenta dissuadi-la de ir, uma vez que a Peste não é o que o preocupa em 1320, mas sim porque estão mandando uma jovem historiadora, sozinha, para o meio das demais doenças da época (cólera, tifo,...), degoladores, estupradores e fogueiras de bruxas. Dunsworth não consegue dissuadir Kivrin, que almeja fazer essa viagem.

O salto (forma como a viagem no tempo é conhecida) está sendo coordenado pelo Sr. Gilchrist, o arrogante substituto do Sr. Basingame, diretor do Departamento de História, durante a ausência deste para suas férias na Escócia. Nota-se que esta viagem está sendo preparada totalmente fora dos protocolos normais, antecipando cronogramas, alterando classificações de risco, em uma época de preparação para o Natal, com pouco pessoal qualificado disponível.

O fato é que o salto acontece, mas logo após, o técnico responsável, Badri, acredita que há algo errado, comunica o fato a Dunsworth e cai prostrado, vítima de um vírus que atinge Oxford, deixando a cidade e arredores em quarentena.

Daí para a frente a aventura começa. Kivrin sozinha na idade média e Dunsworth, em 2054, tentando descobrir o que poderia ter dado errado.

Em um paralelo de eras, o livro nos leva a conhecer diversos personagens que cruzam com Kivrin e Dunsworth. Cada um com sua personalidade, suas aflições e sonhos. Na idade média, Kivrin se depara com um mundo totalmente desprovido de recursos, com pessoas ignorantes e crédulas. Dunsworth, por sua vez, dispõe de tecnologias (apesar de eu não entender o paradoxo dos telefones) e facilidades do mundo moderno, mas encontra tantas dificuldades quanto as de Kivrin, apesar da natureza diferente.

Este livro nos faz rir e chorar, nos faz refletir sobre nossa efêmera existência, nos faz pensar que, por menores que sejam nossas contribuições, elas fazem a diferença e que devemos persistir sempre, por mais que as dificuldades se apresentem e por mais que sua humanidade e convicções sejam testadas.

"O Livro do Juízo Final" é cheio de repetições inúteis, é incoerente ao apresentar o ano de 2054, tem personagens com estereótipos exagerados, insiste em situações inverossímeis e talvez pudesse ter sido escrito de forma mais cuidadosa com relação a esses detalhes, mas isso tem pouca relevância perante as mensagens que trás e, por elas, este passa a ser um dos meus livros favoritos de ficção histórica.
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Aline BS 27/08/2020

Um dos melhores livros que li esse ano!
Em 2054 Kivrin Engle, estudante (historiadora) faz uma viagem no tempo para o ano de 1300. A Idade Média é um risco mas os contratempos e perigos foram além do que se podia supor (em ambas épocas).
A história é narrada contando separadamente o que ocorre nesses 2 períodos do tempo, e acredite, em ambos as coisas estão bem complicadas.
Eu não posso falar muito pois tudo é tão relevante e vai se descobrindo aos poucos que seria fácil dar um spoiler e estragar as surpresas.
É um livro muito bem estruturado. A história se divide em 3 partes. A primeira nos ambienta mas sem enrolação, então desperta o interesse do leitor a cada palavra.
Na segunda parte temos o desenvolvimento da história, aqui me apeguei aos personagens, principalmente Kivrin, Agnes, Rosemund, Pe. Roche, Prof. Dunworthy, Colin e Badri.
A terceira parte é cheia de revelações, complicações nos problemas e desenrolar com desfecho final. Eu saltitava de entusiasmo! Eu chorei, ri, me emocionei!
Um livro que trata bastante de doenças epidemicas/pandemicas (por isso resolvi ler agora), se passando em clima frio em época do Natal.
O futuro não é tão utópico e diferentão, o passado mostra os costumes abordando diversos assuntos (como o papel da mulher na Idade Média, hábitos anti higiênicos, crenças, etc.) Gostei muito! Li em poucos dias.
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gabbs 15/04/2020

A ironia do destino...
Comecei a ler esse livro no comecinho do ano, ganhei de natal, e esse livro fala sobre (dentre outras coisas) uma epidemia/pandemia. Durante a leitura começaram a surgir as notícias sobre o coronavírus. Pois é.
Lembro que quando terminei o livro, chorei muito depois de algumas taças de vinho sobre o quanto a Peste Negra tinha sido algo horrível e que íamos todos morrer.

Enfim.

Amei os personagens, por algum motivo que não sei explicar. A história não é lá tudo isso. Mas gostei muito da alusão histórica que o livro trás, fez eu entender melhor sobre a Idade Média e terminei o livro com sentimento de ter aprendido algo.
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Danizio0 04/02/2020

Um dos piores livros que eu já lê
Esse livro é um grande exemplo que nem toda ideia por mais fantástica que seja, se não tiver uma boa execução, ela não será nada.

Aqui no ano 2050 graças aos avanços tecnológicos é possível viajar ao passado, mais os únicos que podem fazer as viagens no tempo são os historiadores, Krivin está se preparando para fazer a sua primeira viagem ao passado, mais tudo da errado e ela acaba num lugar muito mais perigoso que deveria.

Esse foi um dos piores livros que eu li nesses últimos tempos, mais porquê? Bem, o livro tem uma idéia inicial muito boa, que faz você comprar ele só de ler a sinopse, mais quando você vai ler o livro o que você vê são, personagens sem o mínimo de brilho e que não cativam o leitor, que não geram um mínino de apego ou interesse, um enrredo fraquíssimo que não empolga e faz você querer abandonar o livro muito antes de chegar até mesmo na metade, Um livro com um Plot Twist que nas primeiras páginas do livro o leitor já sabe quase tudo que vai acontecer, pegaram uma idéia para um livro incrível e jogaram tudo que poderia vir de bom com essa idéia no lixo, uma verdadeira decepção.

Mais apesar de ter lido e não ter gostado de nada nesse livro, eu recomendo que se você tiver curiosidade leia, porque eu posso ser só mais um velho chato quero não gosta mais de nada, ou também porque os nossos gostos podem ser diferentes e vai que você acaba amando esse livro.

site: https://www.instagram.com/dan_fae/?hl=pt-br
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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 19/09/2019

Já Li
Viagem no tempo é meu tema preferido. Não à toa, aqui no Perplexidade e Silêncio já resenhei onze livros que, em maior ou menor grau, entregaram uma literatura de viagem no tempo de qualidade. Por isso, quando vi a sinopse desta obra de Connie Willis, fiquei bastante curiosa para saber como a estória se desenrolaria. E foi uma decepção do começo ao fim.


Escrito e publicado em 1992, "O Livro do Juízo Final" tem como protagonista Kivrin Engle, uma jovem que é fascinada pela Idade Média e, a despeito de todos os avisos do perigo que corria, decide viajar no tempo para experienciar como foi este período da história da Humanidade. No enredo, Kivrin está no ano de 2054 e a Universidade de Oxford desenvolveu técnicas e maquinários que permitem a viagem no tempo para historiadores e antropólogos, desde que eles atuem apenas como observadores nos tempos em que estudam.
Dunworthy, um dos professores de Kivrin, está extremamente preocupado com a viagem no tempo dela à Idade Média, mas a garota ignora seus alarmes sobre ladrões, degoladores e estupradores. Além disso, Kivrin garante que está viajando para o ano de 1320, bem antes da Peste Negra acontecer, em 1348, mas Dunworthy segue neuroticamente aflito com o futuro da aluna.
Assim, a narrativa intercala as experiências de Kivrin na Idade Média e a Inglaterra de 2054, devastada por uma epidemia que tem início nas vésperas de Natal e extermina centenas de pessoas.

O primeiro - e principal - problema deste livro é a repetição incessante de palavras, frases, passagens e acontecimentos. É de dar nos nervos! Connie repete as mesmas coisas o tempo todo, como se o leitor tivesse algum tipo de lapso de memória e fosse se esquecer do que leu dois parágrafos acima. Fiquei me perguntando como os editores deixaram um escrita tão maçante acontecer. É insuportável! Só não desisti da leitura nos primeiros dois capítulos porque sou realmente muito fã de viagem no tempo e queria ver onde a estória ia chegar.

Pois não chega a lugar nenhum. Fiquei esperando algum incidente emocionante acontecer - como, por exemplo, descobrirmos que o professor Gilchrist deixou Kivrin viajar no tempo doente de propósito, num paradoxo da viagem no tempo, ou que Badri foi infectado por ordem de Gilchrist para disseminar a população crescente da Inglaterra. Mas não. Nada acontece. São páginas e páginas intermináveis e maçantes onde o auge do conflito é simplesmente Badri ter errado nas coordenadas (o que é discutido no primeiro capítulo). Não há surpresas, emoção e muito menos dinamismo no enredo.

E, para ficar ainda pior, as personagens são muito chatas. O menos pior é o adolescente Collin, mas ele só ganha destaque quase no finalzinho do livro, infelizmente. Kivrin, que tinha tudo para ser uma protagonista feminina incrível (e morrer queimada na fogueira acusada de bruxaria) não entrega quase nada. E, claro, os diálogos são sofríveis e os relacionamentos entre as personagens são banais. Ou seja, não há nada que salve esta leitura.

site: https://perplexidadesilencio.blogspot.com/2019/09/ja-li-100-o-livro-do-juizo-final-de.html
mauriloamml 30/04/2023minha estante
É inacreditável a quantidade de repetições. Dá nos nervos ler mil vezes seguidas que a a peste chegou em Oxford em 1348, que a peste matou de um terço a metade a população da Europa, que não chegou em partes da Escócia... É muito chato!!!!




Biblioteca Álvaro Guerra 13/09/2019

Em meados do século XXI, a jovem estudante Kivrin Engle se prepara para viajar no tempo. Ela pretende fazer um estudo de campo sobre uma das épocas mais sombrias da história da humanidade: a Idade Média. Em um primeiro momento, tudo parece ter corrido bem com a empreitada, e ela finalmente está no século XIV. O que Kivrin não sabe é que o técnico responsável pelo seu salto temporal, de volta para 2054, está terrivelmente doente. Seu retorno pode estar comprometido, e isso pode afetar todos os habitantes do Reino Unido. De 1300 a 2050, Connie Willis faz um trabalho magnífico na construção de personagens complexos, densos e pelos quais é impossível não sentir empatia. O livro do juízo final é ao mesmo tempo uma incrível reconstrução histórica e uma aula sobre o poder da amizade.

Empreste esse livro na biblioteca pública

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788556510389
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Luan 16/05/2019

Muita pretensão para pouco resultado
Ficção científica com viagem no tempo são elementos convidativos que me fazem comprar um livro. Gosto do tema e ele me atrai facilmente. O livro do juízo final tem estas características. Por isso me interessei de início. Sem buscar conhecer muito a história, mas vendo algumas opiniões positivas, eu comprei e li. E comprovei que nem sempre estes elementos são certeiros para uma obra, assim como receber os maios prêmios literários não definem a qualidade de uma obra.

Em O livro do juízo final, Connie Williams nos leva a 2054, onde a sociedade já convive com avanços tecnológicos, como a viagem no tempo. Em Oxford, na Inglaterra, uma universidade costuma levar seus pesquisadores a diversos lugares no passado a fim de realizar estudos mais precisos sobre a história. Um destes casos é com Kivrin, uma aluna que decide viajar para a Idade Média, um período considerado perigoso para esta atividade. Tudo, aparentemente, ocorre bem no salto dela para o passado. Mas uma misteriosa doença acomete o técnico responsável por operar o sistema e isso pode acabar impedindo a volta da estudante para o presente.

É com esta premissa que O livro do juízo final é apresentado e nos dá uma sensação de saborosa aventura entre o presente e o passado. Mas na prática, não é isso que acontece. É possível dizer que o livro é dividido em duas partes. A primeira, bastante chata, lenta, onde praticamente nada acontece, e a segunda, na reta final, onde a aventura se desenrola e aí sim consegue animar o leitor.

Eu confesso que esperava algo um pouco diferente para o livro. Esperava ver a protagonista vivendo ao longo de vários anos no passado, fazendo descobertas e tentando buscar uma forma de voltar ao presente. Mas isso não ocorre. Ela fica reclusa, por um certo motivo que faz sentido, a um vilarejo. Enquanto que no presente vemos a equipe responsável pelo salto envolta na doença do técnico, tentando entender o que aconteceu com ele e buscando uma solução para puxar Kivrin de volta – se é possível.

O livro é narrado em dois momentos com capítulos que intercalam o presente e o passado, onde está a protagonista. A parte que se passa no presente é, sem dúvida, a melhor. Mais movimentada e com mais dinâmica, é onde ocorre a ação que dá o tom à aventura prometida na sinopse. Os capítulos que narram a Idade Média são aparentemente bons no início, mas se tornam chatos e monótonos a medida que não há acontecimentos e tudo parece girar em círculos.

No entanto, vários problemas teriam sido rapidamente resolvidos se não fosse aquela velha conhecida conveniência de roteiro. É que, para citar um exemplo, toda vez que um personagem precisava contar ou revelar algo, acontecia alguma situação que o impedia, como a chegada de alguém ou um desmaio. Isso impedia a história de desenvolver. E o tanto que a autora enrolou em situações como essas ou em descrições de fatos desnecessários fez com que o livro tivesse quase 600 páginas. Mas seria muito possível ter uma história mais pontual com menos de 400 páginas.

Soma-se a isso o fato de ter vários personagens desnecessários na trama, que não tiveram tanta utilidade a não ser serem chatos ou incomodar quando não deveriam. Tanto no presente quanto no passado isso aconteceu. Apesar de ter um ritmo bom de leitura, a história não evoluiu dentro do que poderia. Prometeu mais do que entregou, mesmo assim ainda trouxe um final que entusiasmou. Mas ainda não decidi se vou continuar a ler esta trilogia. Só o tempo dirá.
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Paulo 18/12/2018

Alguns autores desvalorizam a pesquisa para a composição de uma narrativa. Sabe quando você passa meses e mais meses se informando sobre determinados temas como a aerodinâmica de uma asa delta, as complexidades da marcenaria ou as característica de diferentes tipos de feno apenas para compor um capítulo do seu livro? Estes detalhes são tão importantes quanto uma boa história. Dão aspectos de verossimilhança. Mas, se estamos falando de histórias fantásticas, por que se preocupar com a realidade? Connie Willis nos mostra isso em detalhes em sua obra O Livro do Juízo Final.

A escrita da Connie continua a me impressionar. Só deixo um parênteses: O Livro do Juízo Final é um livro da década de 90 enquanto Interferências, meu primeiro contato com ela, é um livro mais recente. E este último tem uma vibe muito diferente do primeiro. O que estamos falando hoje é um livro premiado e considerado por muitos como um clássico da ficção científica. É uma escrita detalhista, mas que de forma alguma alija o leitor do que está acontecendo na história. Não senti palavras difíceis e em nenhum momento fiquei perdido. Fica aqui também o destaque para a tradução excepcional feita pelo Bráulio Tavares que manteve a característica da autora sem prejudicar o seu estilo. Os capítulos são redondos e não passam de 15 a 20 páginas. Mas, não pensem que se trata de uma leitura rápida.

E aí vem a minha crítica (a primeira delas). Achei a escrita descritiva demais. Isso vem provavelmente da imensa pesquisa que a Connie fez sobre a Peste Negra e o século XIV. Como um historiador, eu fiquei deliciado em descobrir algumas coisas que eu desconhecia sobre o período. Sim, apesar de ser uma história de ficção científica, ela é baseada em fatos e informações históricas bem precisas. Ao mesmo tempo isso foi o calcanhar de Aquiles da narrativa, na minha opinião. É uma leitura densa, arrastada em alguns momentos. E mais: o leitor precisa manter o foco o tempo todo, caso contrário vai perder algum detalhe exposto pela autora que vai ser importante mais tarde. Chegou um momento em que eu precisei deixar o livro marinando um pouco, e pegar uma leitura mais leve e divertida antes de retomar a leitura. Por que a nota alta? Porque lá para o final da segunda parte e em toda a terceira parte, a espera vai ter valido a pena. As pontas começam a ser amarradas e a autora mostra por que ela era a maior vencedora de prêmios Hugo até alguns anos atrás. A ação corre frenética e a gente fica louco para virar logo as páginas e saber o que vai acontecer aos personagens.

O grande mérito em O Livro do Juízo Final são os personagens, sem dúvida alguma. Eu fiquei apaixonado por eles. Ao final do livro eu fiquei triste porque queria ver mais histórias com eles. As relações estabelecidas pela autora entre os diversos personagens, fossem eles principais ou secundários é incrível. A gente consegue se lembrar até de peculiaridades de cada um. Kivrin e o sr. Dunworthy são os nossos protagonistas, sendo Kivrin a personagem que está no passado e Dunworthy no presente da história. E a relação entre ambos é linda, muito mais do que um professor por sua aluna, mais de um pai para uma filha. Connie consegue estabelecer muito bem essa relação e ela é reforçada a cada capítulo que se passa. Claro que não é um amor obsessivo, mas uma relação de um pai que se preocupa com o que vai acontecer a sua filha em uma viagem perigosa.

Kivrin representa o nosso olhar para o passado. Ela vai ser os nossos olhos no século XIV. Admito que demorei para gostar do núcleo dela: Kivrin, Agnes, Rosemund, Eliwys, Imeyne, o padre Roche e Gawyn. Provavelmente pelo excesso de descrições do modo de vida da época, a religiosidade, os costumes tenham me afastado de curtir esse núcleo. Cada vez que Imeyne passava parágrafos e mais parágrafos descrevendo como devia ser o culto em uma igreja medieval, aquilo me cansava. Mas, ao mesmo tempo, serviu para tirar um pouco daquele mito que todo o leitor de fantasia tem de que o período medieval era maravilhoso e repleto de aventuras. Como o sr. Dunworthy explica a Kivrin antes de ela partir, é um período repleto de perigos, doenças, degoladores e muita superstição. Pessoas poderiam ser mortas apenas por erros de etiqueta. Connie consegue reproduzir até mesmo a forma como as famílias se relacionavam. A relação entre mãe e filhas vai parecer estranha, mas não nos esqueçamos que essa noção do amor romântico e caloroso é algo bem recente, vinda do século XIX. Crianças no período antigo e medieval eram tratadas como pequenos adultos. Se casavam logo, e quase nunca por amor.

Connie é uma autora que não tem pena de matar personagens. Se apegou a um? Cuidado! Ela vai matá-lo eventualmente. Os momentos finais tanto no passado como no presente são mortais. Kivrin passa por uma situação inacreditável. Tudo aquilo pelo que ela passa é chocante, é de fato o fim dos tempos. Presenciar aquela situação acaba com a psiquê de qualquer um. Aqueles momentos finais são completamente justificáveis diante do pavor da aniquilação de tudo o que você conhece. E não se tratou de uma magia, de um exército ou de uma arma; foi apenas um micro-organismo capaz de devastar o ser humano. O curioso de tudo é perceber o quanto o ser humano se desespera diante de uma força que ele é incapaz de resistir.

Também somos colocados diante da arrogância do ser humano. Gilchrist e sua equipe representam aqueles de pensamento pequeno e capazes de realizar ações impensadas apenas para se beneficiar de qualquer forma. Não importam os meios para se alcançarem determinados fins. Kivrin acaba pagando pela irresponsabilidade alheia. E mesmo Dunworthy tendo boas razões para desfazer a experiência ele acaba precisando enfrentar inúmeros obstáculos. Em alguns momentos da história, a gente chega a bater cabeças de tantas burocracias e bobagens que o protagonista precisa passar. Esse elemento de vai e vem na história é o que me fez gostar mais do núcleo no presente. Isso somado ao espírito investigativo de tentar descobrir aonde se encontrava a razão de todos os problemas que acontecem na história.

Minha outra crítica diz respeito ao peso da narrativa e à demora com a qual as coisas acontecem. Achei que a narrativa tem muita barriga, ou seja, tem muitos elementos que são dispensáveis. Alguns capítulos são marcados por terem acontecimentos irrelevantes apenas destacando relações entre personagens. Algo que poderia ter sido condensado em cenas menores e sem tanta pompa e descrição. Me peguei cansado ao ter que lidar com as benditas sineiras explicando estilos e formas de tocar sinos. Além disso, as frases são carregadas e exigem atenção. Isso porque o leitor é que vai juntando as peças para solucionar os mistérios da trama. Por essa razão acabamos nos detendo mais nos parágrafos.

Connie Willis nos presenteia com mais uma história memorável. Mostrando como realizar uma pesquisa para a composição de uma narrativa, ela nos coloca diante de personagens inesquecíveis. Desmistificando a Idade Média e nos aproximando do que ela realmente foi, Connie nos mostra como podemos ficar impotentes diante de criaturas microscópicas e como o fim do mundo pode ser traumático. Uma das cenas mais belas e temíveis é quando Kivrin e Roche estão na Igreja após toda a destruição deixada pela Peste Negra. Mesmo uma pessoa cética como Kivrin é levada ao seu limite e questiona sua fé e a justiça no mundo. Ou seja, recomendo demais este livro.

site: www.ficcoeshumanas.com
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Eremita suburbana 15/12/2018

Cansativo porém vale a pena
Acho que o livro deveria ter mais foco e não sair divagando, legal porque realmente tem uma pegada histórica peste e negra e tal porém muito longe de ser um livro que eu indicaria e nem iria ler novamente
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Matheus 03/08/2018

Odiei
O livro é chato, repetitivo, prolixo, cheio de clichês, cheio de personagens falando diversas vezes a mesma coisa, cheio de situações mostradas q não acrescentam em nada com a história, chega ao cúmulo de uma personagem desmaiar umas quanto ou cinco vezes quando está prestes a revelar um grande segredo, por favor, nos poupe!
Regina279 02/03/2019minha estante
Desculpe, mas acho que você não entendeu bem o objetivo da história... Mas ok, a experiência de leitura é diferente para cada leitor.


Matheus 11/03/2019minha estante
Quem é você para julgar o entendimento alheio? Para julgar o quanto de Cultura e capacidade cognitiva eu tenho? Na minha opinião o livro é muito chato, prolixo. Se vc gostou faça um comentário com sua opinião ao invés de me dizer q eu não entendi e vir no meu comentário contestar minha opinião.


Matheus 11/03/2019minha estante
Quem é você para julgar o entendimento alheio? Para julgar o quanto de cultura e capacidade cognitiva eu tenho pra entender o objetivo da história? Na minha opinião o livro é muito chato, prolixo. Se vc gostou faça um comentário com sua opinião ao invés de me dizer q eu não entendi e vir no meu comentário contestar minha opinião. Exerça de fato o que vc falou no final do seu comentário e respeite a opinião alheia ao invés de desmerece-la contestando a capacidade do outro.


Regina279 13/03/2019minha estante
Entendo sua indignação, mas desnecessária tamanha grosseria. Desculpe se o ofendi, não era esse o objetivo, prometo nunca mais opinar em qualquer publicação sua.


Matheus 18/03/2019minha estante
Não fui, grosseiro fui direto, racional e acertivo. Você, que pelo que vi se julga boa entendedora, deveria saber q a linguagem escrita não possui as nuances de tom da linguagem falada.




Zana 03/03/2018

Prolixo.
No futuro a estudante de História Kivrin Engle viaja no tempo para pesquisar sobre a Idade Média. Seu orientador se opõe a tal determinação, mas contrariando seus conselhos ela segue adiante utilizando outro departamento da universidade. Algo dá errado e em vez ir para seu objetivo, o ano de 1320, termina projetada para o ano 1348, período de surto da Peste Negra em que metade da Europa terminou por ser dizimada.

Enquanto isso, em 2054 Dunworthy, seu professor e orientador corre contra o tempo, um conflito departamental e uma epidemia de Infuenza que assola a cidade sob quarentena para descobrir o que deu errado no lançamento da sua aluna e tentar o seu resgate. Alternadamente o leitor tem a perspectiva de Kivrin que vivência os horrores da época medieval.

Para preencher as 576 páginas do livro Connie Willis utilizou uma narrativa extremamente prolixa, como uma espécie de looping. Ela repetiu e estendeu exaustivamente situações e diálogos tornando a leitura cansativa e muitas vezes maçante apesar do argumento ser interessante. Então, se você gosta e quer saber sobres fatos da idade média, especificamente sobre uma das piores pandemias da história e eventos relativos como doenças, vírus, inoculação, etc. se jogue na leitura, caso contrário é melhor fugir como se estivesse correndo da peste!
Érica | @aquelacomlivros 04/03/2018minha estante
Você foi corajosa de terminar essa leitura, hein! Rsrs


Zana 04/03/2018minha estante
Desci pro play tive que brincar! ahaha




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