Império das Tormentas

Império das Tormentas Kelley J. Skovron




Resenhas - Arqueiro


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Carla 27/04/2018

"A pessoa que você acredita ser é apenas uma parte sua, assim como todas as verdades não passam de verdades parciais.”
Essa é a história de duas forças que se unem. Uma é Bleak Hope, que teve sua família e seu vilarejo massacrado e assassinado. Ela jurou vingança e acabou se tornando uma grande guerreira vinchen. A outra é Red um garoto órfão, de olhos vermelhos que foi criado nas ruas e adotado aos 8 anos por Sadie Cabra, uma criminosa pseudo-pirata. Em determinado momento a vida desses dois jovens se encontram e é a promessa de uma aliança muito forte em busca de vingança.

"Um imperador pode ser falho ou cruel. Mas o império é maior do que um homem. E sempre vale a pena lutar por ele. Talvez, quando chegar a hora, seja você quem vai corrigir o curso do império."

Império das tormentas é o primeiro livro de uma série. Acredito que o seu objetivo é nos introduzir a esse mundo criado por Jon Skovron. O livro termina exatamente onde a história finalmente começa. Todo o seu conteúdo é de apresentação, da história dos personagens, do seu crescimento e amadurecimento. Temos o contato com as história desde o início dos dois protagonistas, Red e Bleak Hope.

"Aquilo era o brasão dos biomantes do imperador. Você não tem a mínima chance de chegar perto daquele homem. –Vou chegar –disse ela baixinho. –Algum dia. Nem que eu leve a vida toda. Vou encontrá-lo. E matá-lo."

Você deve está pensando o quão chato deve ser um livro tão introdutório, mas na verdade não é. A vida desses personagens é muito intensa, interessante e cheia de aventura. É uma introdução sem dúvidas cheia de ação.

De órfã traumatizada a guerreira Vinchen. De órfão sem rumo a líder nato. Esses são os nossos protagonistas. Uma protagonista forte e com muita representatividade feminina. Um personagem masculino que mostra sua força pelo tamanho do seu coração e da sua humildade.
Ambos com uma história de vida bem dramática e até triste, mas que fazem da tristeza a sua força. Existe um grande desenvolvimento de personagens nessa história e até o fim da mesma é notório o quão evoluíram. Eles são extremamente cativantes, assim como os personagens secundários. E muito divertidos e engraçados.

"Estou me sentindo idiota. – Isso são as vozes das outras pessoas na sua cabeça, dizendo que uma mulher não pode ser capitã"

"Mas era só isso. Uma coincidência. Mas por que parecia mais do que isso? Uma vez o grão-mestre Hurlo tinha dito que não existiam coincidências. Que os que diziam acreditar nelas simplesmente se recusavam a enxergar a conexão subjacente entre todas as coisas."
Nova Laven tem um dialeto próprio, cheio de gírias. Confesso que essa foi a parte mais irritante nessa leitura. É muito gíria esquisita, além de palavrão e palavras pejorativas.
O desenvolvimento é bem fluido e até bem interessante, mas por algum motivo não me prendeu. Eu gosto do gênero e a premissa é muito boa, mas não funcionou muito bem comigo. Não achei em hipótese algum o livro mal escrito, até achei bem estruturado, de escrita gostosa de ler. Os personagens me ganharam e tinha uns que eram HILÁRIOS! Mas de alguma forma nada que eu tivesse gostado muito me fez amar essa história.

O fim do livro é, com certeza, um final que implora pelo próximo volume porque é onde as coisas irão começar a acontecer. Mas essa foi uma introdução muito boa. Apesar de não ter amado, quero essa continuação. Só não sei se estou ansiosa para ela.
Se você gosta do gênero, acredito que você vai gostar muito desse livro. Apesar de tudo, recomendo!

"Se você acredita que vai conseguir, sempre há uma chance de conseguir. Mas se acha que vai fracassar, vai fracassar sempre. Nunca se permita perder antes de começar."



site: @sharingbooks/ www.sharingbooks.com.br
MILA 27/04/2018minha estante
Estou lendo, então eles só se encontram no final do livro? :O


Carla 27/04/2018minha estante
Não!!! Mais da metade, mas não é no fim... mas a história mesmo vc percebe que é o fim desse livro! É tipo Espada de vidro, Corte de névoa e fúria que tem um SUPER gancho pro próximo!


MILA 27/04/2018minha estante
Entendi


MILA 27/04/2018minha estante
Eu não cheguei na metade


Carla 27/04/2018minha estante
Ah, tem bastante aventura ainda =))




Ananda.anandareads 14/04/2018

Ambicioso
Ambicioso é como eu começo a descrever essa fantasia. Império das tormentas nos leva a conhecer Bleak Hope que assistiu a sua vila ser assassinada por biomantes do império. Homens da ciência e magia que destroem tudo que tocam. Incentivada pela vingança, Hope é achada em um barco e mandada para uma espécie de mosteiro onde vivem os guerreiros que defendem todo o império, os Vichen. Lá ela é treinada em segredo pelo mestre do mosteiro e está determinada a ter a sua vingança contra os biomantes responsáveis pelo extermínio do seu povo.

Do outro lado temos Red, um garoto que se alia a uma bandida e juntos formam uma dupla que parecem mãe e filho. Red é órfão e está determinado a provar o seu valor para Sadie Cabra e ser aceito na comunidade de círculo do paraíso. Ele então começa a ficar expert nas artes da bandidagem local e se torna um dos maiores ladrões da cidade.

Apesar de nada terem em comum a não ser o fato de que ficaram órfãos aos 8 anos e terem tido tutores para os guiarem tanto para o bem quanto para o mal, o destino de Red e Hope se cruzam e eles precisam se aliar para derrotar um inimigo em comum.

É um livro com piratas, magia, jogos de poder, guerreiros e revolução. O que me incomodou não foi bem o começo lento do livro que demorei bastante para entrar na história e me inteirar de tudo o que acontecia, e sim a linguagem. No fundo o livro possui uma espécie de dicionário para todas as gírias usadas na história, mas ainda assim dificultou bastante para que eu entendesse algumas coisas e apesar de ser uma obra divertida e cheia de ação, esse pequeno problema me desanimou em alguns momentos pois eu precisava ir buscar o significado de algumas gírias usadas pelos personagens para entender o contexto da coisa toda.

Bleak Hope é uma garota com sede de vingança, ela se torna uma guerreira letal pronta para vingar o seu povo, achei que foi uma personagem bem construída apesar de algumas ressalvas aqui e ali, eu entendi o seu propósito e dor, ela tem um objetivo e não deixa que nada se coloque em seu caminho.

Red é um ladrão engraçado mas com um passado difícil também, que não deixa que isso o defina e mostra a que veio. Ele é inteligente e muito esperto, mas não espera nada da vida, está satisfeito com a vida que leva. E é só quando Bleak Hope entra em sua vida que ele passa a ter uma visão mais ampla das coisas e enxergar que a vida é muito mais do que ele vive no círculo do paraíso. Também achei que foi um personagem bem construído, mais até que a Hope. E gostei muito do Red, ele trás uma leveza na história é o responsável pelo alívio cômico durante a leitura. Diria que foi o meu personagem favorito do livro.

Por fim temos outras questões abordadas aqui, como disputas de território de gangues dos bairros pobres de Nova Laven. A busca de poder dos biomantes que usam pessoas para experiências cruéis e aterrorizantes. Os piratas que algumas vezes dominam os mares do império, e o império propriamente dito com todos os seus segredos sombrios e assustadores. É um livro que tem de tudo um pouco e por alguns momentos me senti em um filme em que várias coisas acontecem ao mesmo tempo e você não sabe para onde prestar atenção, isso e o fato das gírias me levaram a dar 3.5 estrelas ao livro mas não tiro sua originalidade e criatividade.

Foi uma leitura um pouco cansativa mas divertida, uma fantasia ambiciosa, diria que o autor é bem visionário e os outros livros podem ser melhores do que esse primeiro que ao meu ver foi mais uma introdução aos personagens e o que está por vir. Recomendo.
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Lina DC 04/04/2018

"Império das Tormentas" é o primeiro livro da trilogia e nos apresenta a infância até o início da vida adulta de Hope e Red. O livro é dividido em quatro partes e os capítulos vão alternando a narrativa em terceira pessoa entre os dois protagonistas. Ambos perdem seus pais aos 8 anos de idade e vão tornar-se indivíduos leais aos seus mentores, porém, com ensinamentos e crenças completamente diferente.

Para Hope, tudo começa quando o capitão mercador Sin Toa atraca em seu povoado, o Bleak Hope, e vê o local completamente devastado e sem uma única alma viva, com exceção de uma garotinha traumatizada. Sabendo que não pode manter uma garota no navio (afinal de contas, mulheres atraem mau agouro no mar), Sin Toa a leva para o grão mestre Hurlo, chefe da ordem dos Vinchen em Ermo dos Ventos. O monastério é um local exclusivo para homens, mas o grão mestre se compadece da garotinha e decide acolhê-la por alguns anos (antes que comece a atrair a atenção dos demais homens do local) e a batiza com o nome de seu povoado: Bleak Hope. Trabalhar no monastério é uma tarefa difícil para uma jovem garota, ainda mais quando ela é desprezada, hostilizada e até mesmo agredida por muitos dos homens presentes no local. Porém, o grão mestre enxerga uma faísca em Hope e decide quebrar um dos votos mais importantes da ordem: treinar uma mulher para ser uma guerreira.

Em paralelo temos a história de Red. A mãe de Red era a segunda filha de uma família abastada, uma "rebelde" que decidiu sair de casa e se tornar uma artista. Com o tempo ela começou a fazer sucesso, mas também viciou-se em drogas, o que resultou em uma característica peculiar no filho.

"Os olhos do garoto se abriram. Eram de um vermelho intenso, como rubis. Sinal de uma criança nascida de mãe viciada em especiaria coral, uma droga muito forte e que devorava lentamente o cérebro. A maioria das crianças que nascia dependente de coral não passava do primeiro mês de vida." (p. 22)

Após a perda de seus pais, Red foi parar nas ruas e seu caminho cruza com o de Sadie Cabra, uma criminosa que tem planos para o futuro. A partir de então, Red é treinado para realizar furtos e a aprender a sobreviver nas difíceis ruas de Nova Laven, um local onde só sobrevivem os mais aptos...

Os anos se passam, e tanto Hope quanto Red vão tendo algumas aventuras. Mas isso muda quando a ordem descobre o que o grão mestre fez e a garota precisa fugir para sobreviver. Durante essa jornada solo, o caminho dos dois protagonistas se cruzam e juntos, aliados com seus amigos e companheiros, eles irão enfrentar o império em nome da vingança.

"A lâmina reluzia rubra ao luar. Era o primeiro sangue que ela derramava. Tinha esperado sentir alguma coisa. Satisfação. Pesar. Mas só sentia a mesma antiga escuridão. Só que agora isso não a amedrontava. Dava-lhe forças." (p. 76)

O livro é simplesmente espetacular! O autor criou personagens ricos e não estou falando apenas dos protagonistas. Sadie e Hurlo, por exemplo, são mentores completamente diferentes em valores e ensinamentos, mas ao mesmo tempo são muito parecidos. São leais, apesar de não demonstrar afeto, fica claro que ambos gostam muito de seus protegidos e que estão dispostos a tudo para mantê-los a salvo. Os amigos de Red também complementam o enredo com suas histórias pessoais e personalidades fortes. Rolha, o leal amigo e Urtiga, o primeiro amor de Red são companhia constante do protagonista e se envolvem de corpo e alma em cada uma das aventuras.

Outro ponto que vale muito a pena ressaltar são os biomantes, cientistas que pegam criaturas vivas e as alteram em nome do Império. É entre eles que iremos conhecer Brigga Lin, um biomante que irá mudar a ordem de tudo o que se conhece até o momento. A trama é muito rica e cheia de detalhes, além de ter uma linguagem própria, como tommys e mollys , charcado, gafa e muito mais (tem um capítulo extra no final do livro com a tradução dos termos).

A trama é extraordinária, pois está sempre surpreendendo. Quando acreditamos que conhecemos o que vira a seguir, o autor simplesmente joga tudo pro alto e muda para algo completamente novo, louco e ao mesmo tempo fascinante. Até mesmo as loucuras e reviravoltas tem pleno sentido quando analisamos a trama como um todo.

Em relação à revisão, diagramação e layout a editora Arqueiro realizou um ótimo trabalho. O livro contêm um mapa, um capítulo no final do livro com os termos locais e uma capa que combina bem com o conteúdo (apesar de sentir falta dos olhos vermelhos no modelo masculino).

"O livro das tormentas dizia haver somente um céu, mas muitos infernos. Cada inferno era único, mas tão cruel quanto os outros. Isso, segundo o livro, era porque não havia limite para o sofrimento humano nem fim para o número de modos com que o mundo poderia infligi-lo." (p. 31)
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Paulo 16/03/2018

Criar bons personagens é fundamental para uma boa história. E não digo só se focar nos protagonistas e torná-los interessantes, mas também se debruçar sobre os personagens de apoio. Aqueles que integram a vida dos protagonistas, que fornecem as motivações e objetivos finais. Mostrar por que eles são importantes para a história. Mesmo que eles não levem a história adiante, mas de alguma forma eles servem como base de sustentação dos protagonistas. Império das Tormentas não é apenas a história de Hope e Red, mas o de todos ao seu redor.

A escrita do Skovron é muito boa. Rápida, dinâmica, você devora o livro em alguns dias. A gente quer saber o que vai acontecer a seguir porque tudo é legal. O livro tem uma pegada de Young Adult (YA), mas o autor soube trabalhar bem dentro desse gênero e trazer uma história bem diferente. Não é aquele YA com uma pegada romântica demais, mesmo tendo um romance no ar. É um livro de fantasia com um estilo mais despojado, personagens carismáticos e uma ambientação original. A narrativa é feita em terceira pessoa a partir de três pontos de vista: Hope, Red e mais um que eu não posso comentar. O dinamismo do autor está em saber que palavras encaixar para tornar tudo mais simples para o leitor. Mesmo ele tendo criado toda uma série de palavras específicas e gírias próprias do Círculo, a gente consegue se adaptar bem ao que nos é apresentado. Outro elemento de escrita bem realizado é a boa alternância entre as descrições e os diálogos, já que o livro é escrito em um discurso direto. As descrições não são muito longas e os diálogos são velozes.

Algo que eu achei que os meninos da Arqueiro podiam ter feito é deixado o título original Hope and Red. Eu entendi que se tratou de uma decisão editorial a partir do fato de que os leitores poderiam achar que o livro poderia não ser do gênero fantástico. Mas, Império das Tormentas caberia bem como um subtítulo que não haveria quaisquer problemas. Fora que a capa escolhida pela editora foi muito bem acertada porque passa o que é a ambientação da história. A minha insistência no título se deve ao fato de o autor malandramente ter usado os títulos dos dois primeiros volumes como sendo os nomes dos personagens (ou alcunhas). Não vou falar do segundo volume porque é maldade, mas no caso do primeiro Hope and Red é o nome dos protagonistas. Dá uma baita de uma sonoridade bacana ao título, além de o tradutor ter mantido os nomes dos personagens em inglês (baita escolha acertada). Enfim, foram escolhas editoriais e dá para entender perfeitamente as razões, apesar de eu não concordar (são pontos de vista... nada mais. Não tira o brilho da edição nacional que está linda e da tradução impecável).

Como não falar desses protagonistas sensacionais? Quando o leitor se importa com os personagens, sofre junto com eles, se diverte, torce para os dois é sinal de que o autor acertou a mão em cheio. E a construção desses dois é incrível. Aos pouquinhos Skovron vai apontando as motivações para ambos separadamente e depois junta os dois. A partir daí, você não quer mais que eles se separem porque eles são sensacionais juntos. O curioso é que a química dos dois é muito boa. Me fez lembrar uma antiga série de TV chamada Kung Fu, mas com os papéis trocados. Hope seria o artista marcial perdido em uma grande cidade e Red seria o policial sagaz que conhece tudo das ruas (claro que Red é um ladrão aqui). E as interações dos dois passam a ficar naquele choque de culturas entre aquele que valoriza a honra e a justiça e a necessidade de saber ser esperto nas ruas.

Bleak Hope passou por uma tragédia em sua infância. Sua vida é movida por sua vingança. Ela quer matar o biomante que destruiu sua vila e seus pais. Ela treina como uma guerreira vinchen para isso e consegue os meios para tal. Por conta da tragédia, Hope acaba por se fechar em uma casa impedindo que outras pessoas entrem em seu coração. E mesmo assim aqueles que passam por sua vida acabam deixando uma marca, mesmo eles sendo poucos. Ela sente um medo aterrador de perder aqueles que ama. E esse medo vai nublar muitas das suas decisões além de sua ira devastadora contra aquele que fez de sua vida um inferno. Somente quando ela encontrar uma nova razão de viver do que simplesmente vingar aqueles que morreram é que ela vai entender de fato o que é a felicidade.

Já Red é um menino que teve uma vida difícil ao lado de um pai que precisava se prostituir para sobreviver e de sua mãe que era viciada em coral. Aliás, seus olhos vermelhos vem justamente do fato de sua mãe abusar do uso de coral que é uma droga estimulante. O coral vai acabar por pouco a pouco acabar com a saúde e a sanidade de sua mãe até o momento em que ela acaba por morrer. Seu pai segue a mãe após alguns momentos de profunda tristeza e Red é deixado sozinho no mundo. Para a sorte (ou seria azar?) dele ele encontra com a mulher mais maluca e ardilosa do Círculo, Sadie Cabra. Sadie acaba adotando Red como uma espécie de filho e tenta criá-lo do jeito dela. Red acaba sendo formado nas ruas, que vai lhe ensinar os truques da vida. A gente vê que mesmo dentro daquele jeitão malandro, repleto de bravatas do Red, existe uma boa pessoa que se importa com seus companheiros. Quando o seu destino se encontrar com o de Hope, ele não vai saber o motivo de querer ajudá-la. Diga-se de passagem (e isso não é spoiler nenhum), só achei um pouquinho forçado o insta-love criado nos dois personagens, mas beleza. Podia ter sido feito de outras formas, mas okay.

Os demais personagens são incríveis. Não consigo imaginar a história sem eles. Sadie, Urtiga, Rolha, Hurlo, a Velha Yammy, Brackson, todos contribuem para dar toda uma outra camada para a história. Eles preenchem a narrativa com a sua participação tornando a vida dos personagens mais completa. Esses personagens ajudam a tornar os protagonistas mais redondos seja com um conselho, uma rivalidade, uma amizade de longa data, uma relação de companheirismo, alguém que o criou. Do contrário teríamos apenas os dois que mesmo sendo protagonistas fascinantes não tornariam a história memorável. Quantas vezes eu não me diverti com as filosofias de vida da Sadie Cabra? Ou com o jeitão contido de Rolha? Ou mesmo com as artimanhas de Urtiga? O Círculo se torna um lugar repleto de pessoas por causa deles, porque Jon Skovron dá vida a estes personagens.

Skovron foge bem daquele estilo de fantasia tradicional. Ouso dizer até que ele se encaixa perfeitamente bem em um subgênero chamado flintlock fantasy, ou seja, fantasia que se passa em mundos onde a pólvora já foi desenvolvida e faz parte do uso cotidiano. É o que nos vemos aqui. Temos a presença de pistolas, de canhões e de todo o tipo de armas de fogo. Ao lado disso a magia nesse mundo aparece na forma dos biomantes, seres que manipulam o corpo dos seres vivos com apenas um toque. As pessoas podem ser transformadas em seres repulsivos ou ganharem habilidades especiais dependendo do nível de poder do biomante. Ao lado disso tudo temos uma ordem de espadachins que juraram servir ao Império. Como vocês podem ver, Skovron fez uma mescla muito boa de elementos tradicionais ao lado de algo mais moderno criando uma ambientação bacana. E ele consegue explicar isso ao leitor bem harmonicamente. A gente não fica lendo longas explicações sobre as coisas, que a gente chama de info dumping. Tudo tem um propósito.

Fora que eu adorei as passagens dentro de navios. Como eu queria uma história de piratas!! E consegui bem aqui. Dá para perceber que o autor fez uma boa pesquisa sobre navegação porque as passagens são bem descritas e passam uma sensação de realismo. E ele também mostra a navegação sob um ponto de vista comercial, quando Hope entra para uma tripulação de transportadores. Essa pegada de pirataria não é perdida em nenhum momento e veremos isso até no segundo volume já que tivemos alguns desenvolvimentos neste sentido.

Querem um livro de fantasia diferente do que tem nas prateleiras? Esse é o seu livro. Personagens com quem a gente se importa, uma escrita simples e um mundo muito criativo te esperam nessa incrível aventura. Não tem como a gente não se importar com esses personagens. Queremos ver todos eles a seguir, mesmo os vilões. Então, subam no navio, puxem as velas e vamos adiante!!

site: www.ficcoeshumanas.com
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