Jeff.Rodrigues 03/04/2018Resenha publicada no Leitor Compulsivo.com.brRobôs alienígenas gigantes protagonizando uma disputa que pode significar a sobrevivência da humanidade. Junto a eles há tensão política, interesses não muito bem revelados, um improvável retorno a vida após a morte e uma tecnologia capaz de vaporizar cidades inteiras num estalar de dedos. Esses são os ingredientes do segundo volume da trilogia “Arquivos Têmis”, que colaboram em muito para colocar a série em um patamar de clássico da ficção científica atual.
Deuses Renascidos se passa dez anos depois dos eventos narrados no primeiro livro, Gigantes Adormecidos. As coisas não mudaram muito, e a equipe ainda se vê às voltas com dúvidas sobre a tecnologia usada na construção do misterioso robô cujas partes do corpo estavam espalhadas ao redor do mundo. Se entender o robô é difícil, pelo menos existe a certeza de que ele pertence a uma civilização extraterrestre mais avançada. Mas eis que um robô surge do nada no meio de Londres. Ou melhor, são treze robôs que aparecem nas cidades mais populosas do mundo. E aí, meu povo, como faz? A humanidade está ameaçada? E do que esses robozinhos são capazes? As respostas virão numa leitura alucinante!
Sylvain Neuvel manteve o estilo narrativo de dividir os capítulos em entrevistas ou trechos de diários e depoimentos, isso confere uma agilidade absurda para a trama. É um recurso narrativo que não só funcionou como encaixou perfeitamente bem para a série. Some-se a isso as tiradas de humor dos personagens que estão mais afiadas e conferem um clima descontraído sensacional. Sério, diversas passagens me arrancaram bons risos. E falando neles, os personagens que já haviam mostrado seu lado cativante no primeiro livro, aparecem bem à vontade, com seu lado pessoal sendo mais aprofundado e segredos e histórias de vida sendo revelados. É impressionante a capacidade do autor na criação de tipos simpáticos, até mesmo os menos bonzinhos. Ah, e finalmente a figura do misterioso interlocutor sendo revelada.
Como disse em outras resenhas, é muito comum que os livros 2 de uma trilogia sirvam muito para ligar as obras 1 e 3. Ou seja, sua história é uma trama de transição. Não gosto disso, mas entendo que às vezes o recurso funciona. No caso de Deuses Renascidos, encontramos o contrário. O livro tem início, meio e fim muito bem definidos em uma história de tirar o fôlego, sem se desconectar do que veio antes e com a deixa para o que vem depois. Os melhores ingredientes para uma grande história estão presentes e convencem. Há um domínio narrativo fantástico e nós sentimos segurança até nas explicações menos convencionais. Tudo amarradinho e sem lacunas.
Sylvain Neuvel é um autor promissor e que precisa ser conhecido. “Arquivos Têmis” ganhou (mais) fôlego e mostrou que está em linha ascendente, o que gera todas as expectativas do mundo para o terceiro, e último, livro. Aos fãs da boa literatura, em especial da ficção científica, por favor leiam esta série. Gigantes Adormecidos e Deuses Renascidos têm tudo para se transformarem em um marco. O único problema será controlar a ansiedade na espera pelo próximo livro.
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