lominha_machado 09/03/2018"'Evite ter certeza daquilo que você desconfia' my ass. Minha vida tinha acabado. Eu morri em Nova York numa manhã ensolarada de sábado."
O Ano em que morri em Nova York como a própria capa diz é "Um romance sobre amar a si próprio", há muito tempo eu não lia um livro com essa intensidade. De fato, estou há semanas lendo esse livro, e não foi uma leitura fácil pois ao decorrer da história ele nos faz pensar em nossas próprias vidas e nos faz refletir muito. Uma das coisas mais interessantes do livro é que não é informado o nome da protagonista e isso faz com que seja impossível não se identificar com ela, pois as reflexões dela são "suas". Esse livro não é nada do que eu esperava, é algo muito além, e é algo que eu precisava e nem sabia. Acho que todo mundo que lê esse livro fica com essa sensação, pois ele fala diretamente com você, ele fala sobre se descobrir, se redescobrir, ser quem você é, ser completa sozinha, se conhecer e saber seus pontos fortes e fracos, abraçar suas fraquezas e seguir em frente. Mas não é aquele livro que diz: "Você precisa se amar", é aquele livro que te ensina a se amar.
"Como a vida poderia ser melhor?, eu pensava todas as noites. E pegava no sono agradecendo ao universo, numa época em que eu ainda não sabia que os agradecimentos mais nobres são aqueles feitos enquanto tudo está de pernas para o ar e você acha que não passar pela tempestade, mesmo que, no fundo, naquele lugar que acessamos poucas vezes, mas cujo acesso, por mais rápido e breve que seja, é capaz de nos levar ao êxtase, saibamos que existe uma nobre razão cósmica para tudo, especialmente para as dores mais profundas."
No livro a protagonista conta sobre seu relacionamento e vida perfeita. Mora em Nova York com sua namorada, a qual ama mais que tudo e que tem uma ótima vida, ela se sente completa e feliz. Todos invejam seu relacionamento. Até que em um momento Tereza (Sua namorada) precisa viajar a trabalho e após isso as coisas começam a mudar um pouco e nossa protagonista começa a desconfiar de uma traição (E fica aquela coisa tipo em Dom Casmurro, não há provas, Capitu traiu Bentinho? Tereza está apaixonada por outra? Houve Traição? Será?). E após essa desconfiança nossa protagonista acaba voltando para São Paulo e embarca em algumas aventuras que a leva a um caminho de autoconhecimento e renascimento. Quem era ela sem a Tereza? Como encontrar a Felicidade Novamente? Como ser completa, quando sua "metade" parte seu coração? E então acompanhamos a protagonista fazendo essas descobertas, é tudo tão sem máscaras, tão "cru", tão real. Enquanto os outros personagens se revelam, a protagonista começa a se revelar também e quando você menos percebe você está fazendo a mesma coisa.
"O amor não pede nada em retorno, não exige, não cobra. Ele não conhece preocupação, apenas compaixão. Esse é o amor, então você pode perceber que o que conhecemos aqui na maioria dos relacionamentos não é de fato amor."
Milly Lacombe nos conta uma história maravilhosa - um pouco autobiográfica - e nos trás personagens incríveis, muito bem-criados, extremamente humanos e transparentes, é tudo tão real, os problemas, as dúvidas. A história tem um lado mais espiritual, um pouquinho de "auto ajuda", e mesmo sendo cansativo você quer muito continuar a leitura para também se descobrir. A leitura além da carga emocional enorme foi mais difícil para mim por sem em primeira pessoa e com poucos diálogos, então as vezes parecia aqueles monólogos enormes e ficava um pouco cansativo, mas não consigo imaginar o livro escrito de outra forma! O livro mistura com histórias do passado e do presente, porém a autora não se perdeu ou deixou pontas soltas em algum tempo, é tudo escrito e construído de uma forma que o passado leva a protagonista ao presente, ou o presente é explicado por algo do passado.
"Ficamos assim, então: eu não me amava porque não sabia quem eu era e, sem me amar, não era capaz de amar outras pessoas."
Na obra há assuntos que não são muito tratados normalmente e nem da forma que foram tratados. Então acaba sendo uma história bem interessante para conhecermos assuntos como rituais místicos, chá de Santo Daime, retiros, questionamentos filosóficos... E também há muitas referências à autores clássicos e grandes filósofos. A Diagramação do livro está muito bem-feita, não encontrei erros ao decorrer da leitura. A capa é simples, mas adorei a fonte usada!
"É curioso que usem a expressão vida e morte. A morte não é o contrário da vida, mas do nascimento. A vida não tem contrário."
Enfim, mesmo que não seja uma leitura que tenha sido fácil, eu recomendo esse livro para TODO MUNDO. Para aqueles que se sentem perdidos, para aqueles que sentem que tem a vida perfeita. Para aqueles que sabem quem são, e para aqueles que não tem certeza de nada. Esse é aquele livro que quando você termina, você tem a certeza de que não é a mesma pessoa que leu a primeira página. E todo mundo precisa dessa injeção de amor e de ensinamentos sobre a amar a si próprio. Esse é aquele livro que não há palavras exatas para descreve-lo, ele nos faz rir, nos faz chorar, nos faz amar e odiar e principalmente nos faz crescer. Apenas leia, e eu te garanto que você vai aprender alguma coisa para levar para vida ♥
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