Laís 10/08/2017 Maylis de Kerangal é uma autora francesa bem renomada lá fora, com vários prêmios conquistados e dois livros adaptados para as telonas. Um deles é o lançamento da Rádio Londres - Coração e Alma, que foi para o cinema no inicio de 2017.
O livro vai contar a breve história de Simon Limbres, um garoto de 20 anos que, após sofrer um acidente de carro, tem morte cerebral declara. Por fora, o corpo é o mesmo, a aparência é de quem está dormindo. Mas, por dentro, Simon apenas vive enquanto as máquinas sustentam seu coração. Esse é só o primeiro capitulo.
Os médicos, diante desse falecimento tão precoce, precisam lidar com a difícil tarefa de conversar com os pais a respeito da doação dos órgãos e tudo que envolve esse processo. Vocês sabiam que um único corpo pode salvar a vida de várias pessoas? Alguém na fila de espera pode receber o coração, outro os olhos e outro os rins.
Eu nunca havia lido um livro de ficção que abordasse de forma tão crua essa questão. A doação de órgãos, embora muito importante, é alvo de críticas em diversas religiões, além de existir o mito da profanação. Essa história não irá abordar a morte de forma sensível – pelo contrário, o livro é bem carente de dramas. É uma história objetiva, que descreve a linha muito tênue entre a vida e a morte, entre o falecimento de um e a oportunidade de outro.
Sobre a narrativa, eu acredito que esse livro não irá agradar a todos. A história possui pouquíssimas falas, sendo um texto bem denso, carregado de um tom poético e muitas metáforas. Sem falar que alguns parágrafos ocupam páginas! Foi uma leitura difícil até a metade do livro, já eu não estava conseguindo me envolver na escrita da autora. Depois, um pouco mais acostumada, acabei mergulhando nas últimas páginas e adorei o que encontrei.
Essa história foi diferente de tudo que eu li. A leitura deixou um incomodo, sabe? O que é a morte para alguns, é a vida para outros. Eu achei a escrita bem interessante (embora cansativa), marquei várias citações que me deixaram extasiada refletindo. Também foi uma leitura bacana em nível de conhecimento, porque a autora fala sutilmente informações sobre os hospitais, as doações e o processo necessário.
No final, acabei adorando essa história, mesmo que tenha tido algumas ressalvas no meio do caminho. O que me tocou, foi à profundidade a qual a autora mergulhou para falar sobre esse assunto tão delicado.
Sobre a narrativa, é legal ressaltar que, o que não foi tão fácil pra mim, pode ser perfeitamente agradável pra você. Isso difere muito de leitor pra leitor.
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