Kelly Oliveira Barbosa 04/11/2020“Martinho era conhecido pelas suas palavras, Catarina, pelo seu trabalho.”A Primeira-Dama da Reforma de Ruth Tucker, é um exemplo do que a autora brasileira Valdecélia Martins denunciou no livro "A Feminilidade Bíblica e a esposa de Lutero": sobre a tentativa de algumas mulheres cristãs com um pé (ou os dois) no feminismo, de levantar a vida de mulheres como Catarina Von Bora e outras da Reforma Protestante, como verdadeiras revolucionárias.
Sim! Ruth Tucker faz isso. Pretendendo escrever uma biografia de Catarina Von Bora e na falta de registros históricos sobre a mesma, como ela alega, usou e abusou dos seus achismos, suposições, viagens e imaginações sobre uma Catarina empoderada.
Todavia, nem tudo está perdido para esse livro. Eis dois motivos pelos quais não abandonei e gostei da leitura:
Um, pelos registros históricos de Lutero. A autora cita vários trechos de cartas que Lutero escreveu para Catarina e outras pessoas, vários trechos dos seus escritos, e ainda, trechos de cartas de amigos endereçadas a Lutero, que são relevantes por si mesmos. Na leitura, acima da opinião da autora, esses registros vão falando e contando a história, oferecendo ao leitor a oportunidade de conhecer um pouco das vivências ou os bastidores da reforma.
Dois e o melhor: a) no capítulo sete pelos vários registros como mencionado, ver a autora, mesmo com toda ginástica que ela tenta fazer para diminuir ou tentar passar uma ideia negativa desse papel, ter que elogiar a maternidade de Catarina. Pois é impossível falar da esposa de Lutero sem destacar seu papel como mãe não só dos filhos biológicos, mas dos vários e vários órfãos que moravam junto com a família. Nas palavras da própria autora: “…a vida de mãe, a faceta mais importante de sua vida.” b) Igualmente, no capítulo oito e nove, Tucker mesmo tentando aqui e lá pintar um quadro horrendo de Lutero (não que ele não tivesse muitos problemas e defeitos), foi obrigada pela lógica de sua própria narrativa histórica, a admitir que Martinho Lutero foi um bom marido para Catarina e um bom pai para os seus filhos.
Dificilmente algo escrito sobre Martinho Lutero, sua esposa e a reforma, não será interessante. Principalmente se bem escrito como é o caso desse livro. Como John Piper diz em sua obra “Pense”, a regra de ouro do leitor deve ser entender o que autor quis dizer retirando o que é bom. Apesar de não concordar com muitas das opiniões mirabolantes da autora, gostei do livro e o recomendo com ressalvas.
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