Neblina

Neblina Adalgisa Nery




Resenhas - Neblina


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Mih 22/06/2023

A autora faz uma crítica ferrenha no modo em que damos importância ao materialismo e com a forma que desejamos ser enxergados pela sociedade - tudo isso de forma romanceada. O livro é muito bonito, profundo. A personagem narra seu infortúnio de viver em uma família que não se importa com nada além da aparência, mesmo quando tudo parece estar desmoronando.
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Priscila322 26/08/2021

Fascinante
Adalgisa nos leva através destas memórias e desta visão nublada, nos prendendo em uma vida que já foi finalizada desde o seu começo, mas que não deixa de ter o suspense e a emoção da primeira vez.

Ler este livro me fez lembrar muito de "Memórias Póstumas de Brás Cubas".
Não ter nomes ou rostos não faz com que nos prendamos menos nos detalhes da vida desta personagem intrigante.

Fascinante do começo ao fim, intenso, maravilhoso e surpreendente apesar de óbvio.
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kiki.marino 15/01/2023

Eu nem sei o que escrever desta obra, mas ela trouxe consigo uma multitude questões em formas sensoriais sobre o terrível medo do ser humano do silêncio (linguagem) ou do grande silêncio (morte). A protagonista tem uma condição chamada hiperestesia, apresenta um mutismo seletivo e também uma doença misteriosa que a mantem apática e paralisada a maior parte do tempo,que lentamente causa repulsa da sua família, que passa a enxerga-la como um estorvo . Há um mundo lá fora, mas o que importa aqui é sua epifania espiritual/filosofica, sensorial e psicólogica
de tempo e espaço abstrato,que inicia da narração de sua morte e funeral, que abre portas místicas para uma "memória " onisciente, que une todo o conhecimento de presente-passado-futuro de si mesmo e da essência da sua vida terrena. O fio narrativo mundano na trama fica no contraponto das aflições banais de sua família e o abismo que os separa, mergulhados na mediocridade, ambicoes ,egoísmo,a vida. Há bondade pura? A "doente " se vê cada vez mais isolada, escondida da vista dos outros, há um casal de Bondade e empatia franciscanas que são uma fresta da vida lá fora ,porém já não interesse nisto para ela, o seu caminho já é previsto, sombrio mas ao mesmo tempo libertador . Foi-se em paz.
Este não é um tema exatamente original mas a escrita da Adalgisa Nery é autêntica e segura , merece mais leitores, pois são qualidades que não vemos em muitas obras contemporâneas badaladas por editoras e certas premiacoes literárias...
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Maria - Blog Pétalas de Liberdade 30/06/2016

Neblina
"Só uma morta conhece o peso do sofrimento que um corpo vivo carrega a cada minuto da sua existência com arrependimentos." (página 39)

Em Neblina, conheceremos uma narradora protagonista que não conta seu nome, assim como não conta o nome das pessoas com quem mora: o marido, uma irmã mais nova, o pai e a mãe. A obra começa quando o corpo da narradora está morto, mas não o seu espírito, e lhe surge uma segunda cabeça falante no ombro. Aí voltamos no tempo, para descobrir como foram os últimos anos da narradora.

Ela ficou doente, não se comunicava verbalmente com ninguém, estava muda. E sendo considerada uma inválida pela família por causa da sua mudez sem soluções médicas, ela foi sendo deixada de lado, afastada do convívio com a família, isolada. Foi mudada para um quarto escuro na casa, para que o seu antigo quarto fosse alugado para que a família gananciosa tivesse mais dinheiro.

"Sentia-me, não apenas um peso para a minha família, mas principalmente para mim mesma. Sabia que me suportavam, mas que não me amavam. Principalmente o meu marido. Ninguém ama o que tolera. O ambiente que me cercava era o da tolerância." (página 49)

Porém, a nova inquilina se interessou pela protagonista, passando a visitá-la frequentemente e, com o tempo, passou a levar também os seus amigos para que a vissem e conversassem com ela, pois a protagonista falava em alguns momentos. Creio que esteja aí o ponto que me descontentou com a trama: a protagonista não estava muda, ela simplesmente não queria falar, tinha momentos de apatia em que não tinha vontade de se comunicar (não sei se por já saber da sua futura morte), e por isso deixava que sua família fizesse o que quisesse com ela, não tentava se defender. Toda a história poderia ser diferente se ela quisesse viver, quisesse retomar as rédeas da sua vida, mas ela não queria.

A história de vida de Adalgisa Nery é admirável, e por isso quis ler seu livro, mas não é ela quem está em foco nessa resenha e sim a trama que ela escreveu, uma história que não me cativou, onde eu não encontrei uma mensagem que me interessasse enquanto leitora. No início, até me revoltei com a forma desrespeitosa como a família da narradora a tratava, como se não fosse mais uma pessoa, aquela família só se interessava em causar inveja nos vizinhos, em ter bens materiais para aparecer, não era aparecer no sentido de ser amada ou admirada pelos outros, mas no sentido de ser invejada; só que ficou muito repetitivo, não há uma mudança ou uma evolução nos personagens, é sempre a mesma coisa do início ao fim!

Felizmente, é um livro curto, e por isso eu não o abandonei, além de eu ser uma pessoa persistente que acredita que até no último parágrafo pode ter uma reviravolta que faça valer a pena a leitura, o que não foi o caso em Neblina. Tem alguns pensamentos sobre a existência humana e a divina que podem ser interessantes, embora repetitivos (como já disse anteriormente). Adalgisa Nery é famosa por sua poesia, e talvez eu tenha encontrado em "Neblina" um toque excessivo de poesia intimista que não busca um sentido global, e sim uma beleza estética ou autobiográfica, sobrando pouco espaço para a prosa e para a narrativa.

Enfim, o que quero dizer é que, ao ler "Neblina", foi como se estivesse posta uma camada de neblina na minha frente, camada que me impediu de ver se há realmente algo admirável na obra, mesmo com os textos complementares presentes na edição. Leio em busca, primeiramente, de entretenimento, coisa que não encontrei na leitura. O que não impede que outros leitores gostem da obra, é apenas uma opinião pessoal.

Sobre a edição: uma capa linda e chamativa, não encontrei erros de revisão, as páginas são amareladas e a diagramação tem margens, espaçamento e letras de bom tamanho.

"O presente tem a importância débil de servir de elo no processamento do que foi e do que será." (página 26)

site: http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2016/06/resenha-livro-neblina-adalgisa-nery.html
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Valnikson 03/07/2016

1001 Livros Brasileiros Para Ler Antes de Morrer: Neblina
No início da década de 1970, Adalgisa Nery amargava o fim de sua prolífica contribuição com o jornal Última Hora e a cassação de seu cargo público pelo golpe militar. Em tais circunstâncias, ela resolveu dedicar seu segundo romance, 'Neblina', a Flavio Cavalcanti, jornalista e apresentador de TV que a acolheu quando estava desamparada e sem recursos financeiros. O oferecimento ao comunicador conhecido como delator da Ditadura muito prejudicou a receptividade do livro à ocasião de seu lançamento, dificultando sua reedição por vários anos. A enigmática narrativa marca a maturidade artística da carioca e apresenta a sensível tradução de uma época marcada pelo silenciamento e pela desesperança. (Leia mais no link)

site: https://1001livrosbrasileirosparalerantesdemorrer.wordpress.com/2016/07/03/68-neblina/
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Croniana 19/07/2016

"[...] Em uma linguagem extremamente poética Adalgisa consegue nos guiar através da neblina com enorme sensibilidade e nos exigindo uma reflexão, realmente, introspectiva. "

site: http://www.cronicasemeira.com.br/2016/06/resenha-neblina-adalgisa-nery.html
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José Vitorino 25/02/2018

Tem tristeza que é bonita.
A princípio esse não é um texto simples, e não me refiro à estética. Embora seja, por uma via ou outra, digesto, Adalgisa compõe uma uniformidade cheia de cactos, que salta às paginas frequentemente, onde o que menos importa é a nossa cumplicidade.

De antemão, a empatia com a narradora/personagem não é peça fundamental, tampouco engrenagem suficiente para que cheguemos ao derradeiro do romance. Antes disso, temos de engolir, arbitrariamente ou não, tudo que nos é disferido, sem que nos deixemos guiar por um ou outro pêndulo de moral. E apesar de ter me agarrado à mão da narrativa, vez por outra, me senti sozinho, açoitado, e talvez seja esse o principal mérito de Neblina.

É necessário que tenhamos em mente, antes de abarcar na prosa de Adalgisa, certa veemência de conduta, para não soçobrarmos diante brutalidade ignóbil do estilo, e da essência do texto. Além do mais, a partir de deduções particulares, é possível que o livro se agigante um tantinho, embora isso não signifique que se dimensionará sempre e a qualquer leitor. No fim das contas, creio que a releitura deva nos emergir, com mais compaixão, no assombroso ventre de Neblina.
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Olgashion 17/08/2021

Pra quem gosta de Clarice Lispector, Adalgisa é um prato cheio no fluxo de consciência da protagonista ainda que esteja alheia (e ao mesmo tempo bem ciente) ao mundo que a cerca
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Victoria.Olzany 19/06/2023

Coincidentemente, li esse livro pouco depois de ler "Amortalhada" de María Luisa Bombal. Ambas as obras partem de um mesmo "princípio", uma mulher que acaba de entrar no pós morte e de lá revê episódios e aspectos de sua vida.
Nesse ponto, Adalgisa é mais original, pois elabora o pós morte de maneira muito mais rica, surrealista. Por isso, achei o começo bem promissor.
Mas depois, quando a personagem começa a rever sua vida (o período anterior à sua morte, quando é acometida por uma enfermidade psiquica, e em que se aborda principalmente o desmonte das relações familiares e a futilidade), achei que a autora se perdeu um pouco. Perdeu a originalidade, a exuberância do texto, que se tornou um tanto repetitivo, despropositado, e exagerado.
Dá-se a morte da personagem, e ela retorna ao abstrato pós morte para se integrar ao futuro sem depois.
Apesar de identificar pontos positivos na obra, acabei achando meio pedante e vaga.
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