Rafael 28/04/2022
Comprei até panos novos para passar para o PKD
Se você leu “Fluam, minhas lágrimas, disse o policial” e não gostou, infelizmente teremos que sentar até você ler direito. Talvez eu use da força para te convencer. Que obra prima! Eu comecei a leitura sem saber a premissa da estória (como sempre) e fui completamente surpreendido! Eu queria saber mais e mais a cada página. Escrita em 1974, é uma obra extremamente atual e que faz diálogos perfeitos sobre identidade, percepção, fama e exclusão social.
Jason Taverner é um seis. Sim, seis. Um indivíduo que passou por um experimento genético e que criou indivíduos magnéticos, com beleza física, charme e especialmente carisma, além de vantagens de memória e concentração (inclusive, se alguém souber onde tem, quero ser cobaia). As pessoas se sentem atraídas facilmente por um seis. E Taverner, com essa vantagem, se torna um astro da TV com milhões de telespectadores (com a fama na cabeça e uma paixão por Heather) mas, depois de um incidente, acorda em um quarto de hotel sem saber como chegou ali, e, ao se dar conta, percebe que não há qualquer registro sobre sua existência. Ninguém nunca ouvir falar do seu programa de TV, dos seus álbuns, quiçá, da sua fama. É nesse desespero que Taverner começa a descobrir uma nova realidade, a de um ser inexistente. Ao buscar ajuda, ele se depara com Kathy, uma mulher forte e que sofreu uma perda ainda inaceitável. Daí em diante Taverner se encontra em uma busca constante para tentar recuperar sua identidade e, de certo modo, sobreviver nesse mundo.
Nessa loucura, Taverner acaba tendo problemas com a Pol pela sua identidade falsa (como ele conseguiu essa identidade seria spoiler aqui). Felix Buckman nos é apresentado como membro da Pol que persegue Taverner, mas também tem em sua estória surpresas a serem reveladas ao leitor, principalmente envolvendo Alys Buckman, sua irmã. Os próprios sentimentos de Buckman acabam se tornando uma discussão: homens podem chorar sem um motivo específico?
Esse livro tem diálogos que marcam MUITO (capítulo 11 é um grande exemplo): “- Amar não é apenas querer uma pessoa do jeito que você quer um objeto que vê numa loja. Isso é apenas desejo. [...] Quando você ama, para de viver para si mesmo”. Sem citar outros vários trechos.
Eu amei com todas as forças possíveis. Muito. Até o momento, melhor leitura de livro único de 2022.