Anderson668 11/03/2020
Um livro que deveria ser obrigatório
De todos os livros que já li sobre contexto histórico e social, esse foi um dos livros que mais me fez pensar sobre como os espaços públicos não são para todos os públicos, em como o Estado, as instituições e organizações discriminam o pobre nos mais diversos espaços sociais.
Neste livro, Milton Santos mostra como o pobre vive em um ciclo vicioso de falta de acesso, educação e formação cultural, sendo limado dos espaços de poder e conhecimento. Para além dessas questões, o autor também fala sobre a falta de acesso social e econômicos que bairros mais pobres e periféricos possuem. E tudo isso ele vai exemplificando.
Por exemplo: já parou para pensar por qual motivo pessoas pobres, que moram em bairros mais distantes do centro da cidade, não frequentam cinemas de rua ou galerias de arte? Para eles frequentarem estes espaços precisam: (A) Reconhecer que podem frequentar esses espaços; (B) precisam sair cedo de suas casas, pegar e pagar ônibus para terem acesso a esses espaços (levando em consideração o tempo longo de espera); (C) Ter disponibilidade de pagar em serviços - como cinema, museus, exposições, teatros - sem afetar seu planejamento mensal de despesas e; (D) por fim, enfrentar a volta para casa, com os perigos eminentes na cidade. Já o rico mora a poucos minutos desses espaços e, para complementar, tem uma diversidade de opções (por exemplo, o corredor da vitória em Salvador que é rodeado de museus e cinemas) ou a Avenida Paulista, em São Paulo.
Isso é um retrato da desigualdade social, econômica e cultural, isso é uma desigualdade que vem da estrutura polícia brasileira.