Gente

Gente Fernando Sabino




Resenhas - Gente


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Fabi 14/09/2022

Fernando Sabino abre a intimidade para falar de seu grupo de amigos: escritores, jornalistas, artistas plásticos - a classe intelectual dos anos 60. Alguns deles também com profissões ordinárias.
Ele conta histórias engraçadas, a maioria surpreendentes desses rapazes - sim, embora algumas mulheres escritoras sejam citadas, o seleto grupo era formado só para rapazes.
Fala pouco de si e investe na fofoca de alto nível. Brincadeira, mas nem tanto.
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Henrique Fendrich 05/09/2019

Fernando Sabino e sua gente
Fernando Sabino não tinha do que reclamar: os amigos nunca lhe faltaram. E isso ia muito além dos seus amigos de quarteto (Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino). Também não se resumia ao seu companheiro de Editora Sabiá, o cronista Rubem Braga. Sobre estes, inclusive, Sabino tinha uma dificuldade terrível de escrever alguma coisa. Travava. Intimidade demais. Mas Sabino tinha outros tantos amigos, na literatura, na música, no jornalismo, nas artes plásticas, na arquitetura, e todos figuras de destacada atuação e reconhecimento por vezes internacional. Cada um desses amigos mereceu uma espécie de “crônica-perfil”, que um dia Sabino juntou e publicou na ótima coletânea chamada “Gente”.

Na literatura, Sabino parece ter sido amigo de todo mundo. Lá estão textos sobre Mário de Andrade, com quem se correspondia, Manuel Bandeira (ao lado de quem sentou no ônibus sem ter coragem de se apresentar), Augusto Frederico Schmidt (um dos textos mais divertidos), Pablo Neruda (de quem mereceu um artigo o espinafrando), e ainda Drummond, Marques Rebelo, João Cabral de Melo e Neto, e até alguns que moravam mais longe, como Erico Veríssimo, Jorge Amado e Dalton Trevisan (só o fato de ter arrancado algumas opiniões de Dalton já vale a leitura).

Há também os poetas-músicos, como Vinícius e Jayme Ovalle (a julgar pelo texto, um personagem incrível). Na música há gente do porte de Villa-Lobos, Tom Jobim, Artur Moreira Lima, Dorival Caymmi… Na pintura, Portinari, Di Calvacanti, Salvador Dali… Na arquitetura, Lúcio Costa e Niemeyer. Até o Pelé foi ouvido. E por aí se seguem uma infinidade de personagens bastante respeitáveis em suas áreas de atuação.

Sabino captou bons momentos deles, quando não estavam praticando as atividades que os consagraram, e através deles conseguiu revelar um pouco mais da humanidade (e um pouco da loucura) que se esconde por trás de cada um. Também ele, Fernando Sabino, acaba de certa forma virando um personagem do livro, não tanto pelos raros textos que o envolvem, mas pela maneira como se relaciona com seus amigos.

Tudo isso, naturalmente, na escrita habilidosa e sempre ágil de Sabino, que tem uma das prosas mais gostosas de se ler da nossa literatura.

site: http://rubem.wordpress.com
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Marta.Souza 15/06/2016

uma leitura indispensável
Gente
Que livro ótimo.
É uma coletânea de crônicas em que Fernando sabino retrata alguns artistas que ele conheceu ao longo de sua carreira. Lendo-o fiquei sabendo de fatos inéditos sobre Drummond por exemplo. Ele ainda fala de Jorge Amado, Cartola, e etc. O autor conseguiu juntar esses relatos dos encontros ,com a escrita sobre o ato de escrever, resultou num livro de leitura indispensável.
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Fabio Shiva 25/01/2014

Benção, meu padrinho!
Gente, como escreve bem o Fernando Sabino!

Escrevo isso porque decidi, por uma dessas cismas, começar e terminar a resenha com a mesma palavra que dá título ao livro. E também, sobretudo, porque é a mais ululante verdade, que talvez não seja tão óbvia para os leitores mais recentes: Fernando Sabino é um grande escritor.

Para mim, felizmente, essa verdade sempre foi muito clara. Considero o Sabino uma espécie de mentor ou padrinho literário, inicialmente para o pequeno e ávido leitor que eu era aos 8 ou 9 anos de idade, quando fui presenteado com os primeiros volumes da coleção “Para Gostar de Ler”. Nessa época o Fernando Sabino me marcou principalmente por ser o mais “fortão” dos quatro grandes autores das crônicas da coleção, sendo os outros três: Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga e Paulo Mendes Campos... e também como o autor de “O Homem Nu”, certamente a melhor história da coleção e a mais famosa de todos os tempos do Fernando Sabino.

E há pouco tempo fui descobrir que o Sabino apadrinhou também meus primeiros passos como escritor... Pois ao fazer uma palestra por ocasião do lançamento de meu livro “O Sincronicídio”, percebi que por volta de 80% das dicas mais preciosas que guardei sobre a arte de escrever vieram todas de um único texto do Fernando Sabino! Foi, aliás, numa tentativa de reencontrar essa maravilhosa crônica que engatei na leitura desse “Gente”. Não achei o que eu procurava, mas encontrei bem mais do que buscava!

Trata-se de uma deliciosa coleção de crônicas retratando artistas e celebridades que o Sabino teve a oportunidade de conhecer ao longo de sua vida e carreira. Um exercício da mais fina arte da escrita, sem frescuras, mas com muita finesse! Verdadeira aula de como tratar com amor e carinho a “última flor do Lácio”. Lendo a crônica que ele escreveu sobre o Pelé, pensei que ler um texto de Sabino é meio como ver o Pelé jogando, dá gosto ver a simples genialidade do craque!

São muitos os ilustres retratados: Erico Verissimo, Vinicius de Moraes, Jorge Amado, Dorival Caymmi, Cartola e muitos outro gênios brasileiros, mas tem até deliciosas surpresas como o encontro de Sabino com Salvador Dali ou Alfred Hitchcock, por exemplo. E a cada crônica, fica mais evidente que o retrato mais nítido que vai sendo traçado é o do próprio Fernando Sabino, como na obsessiva pergunta feita a seus retratados:

- Você tem medo de morrer?

Não tenha medo não, Fernando, que tão cedo você não morre! Enquanto houver alguém que ame a língua portuguesa, certamente você estará vivo no coração dessa pessoa!

Quero registrar, por fim, que essa leitura foi marcada por uma forte reflexão provocada pelas palavras do amigo e colega escritor, Sergio Carmach, autor de “Para Sempre Ana”. Honrando-me muito, Sergio afirmou que eu era um dos poucos autores da nova geração a flertar com a Literatura. Essas palavras só fizeram sentido realmente para mim quando mergulhei na leitura de “Gente”, ao acompanhar Sabino e outros grandes em seus geniais pensamentos sobre a Literatura... que não significa exatamente a mesma coisa que escrever um livro e publicar num pedaço de árvore um bocado de palavras impressas. Nem todo livro é Literatura, e aparentemente a Literatura está cada vez menos presente nos livros, desde os tempos de Fernando Sabino... ou talvez esteja apenas sofrendo mutações, e hoje seja uma X-Literatura!

Sou muito grato por essa maravilhosa leitura, que tanto somou de tantas formas em minha vida. Sou grato sobretudo pela lembrança de como o ser humano pode ser bonito e infinitamente criativo, um lembrete precioso quando os jornais e o mundo nos convidam a ver só o lado feio e destrutivo. Nada disso: a humanidade nasceu foi para ser linda! E que bom, meu Deus, que eu faço parte dessa família humana! Que bom que eu também sou gente!


***

Trechos do livro GENTE – Fernando Sabino

Sobre o racismo no Brasil:
“Evidentemente o preconceito existe, embora talvez mais atenuado que em qualquer parte do mundo, e nem por isso menos odioso. No Brasil, lugar de negro é na cozinha. Os que ousam sair de lá é porque já deixaram de ser negros. Pouco importa a cor da pele: ser negro é antes de tudo ser pobre. Negro rico é coisa rara, causa estranheza. E contra o pobre, sim – branco ou negro –, o brasileiro tem preconceito.”

Sobre o Brasil:
“No entanto, não há nada mais brasileiro que um brasileiro. É o que intriga a maioria dos sociólogos que se dão ao trabalho de estudar essa charada que é o Brasil. Por mais que cariocas, paulistas, mineiros, gaúchos, baianos ou nordestinos sejam diferentes uns dos outros, há qualquer coisa que os identifica em qualquer lugar do mundo como brasileiros: o seu espírito de independência e seu apego à liberdade, que um dia acabarão fazendo realmente do Brasil um grande país. E talvez de maneira inédita, capaz de deixar perplexos os futuros estudiosos da História.”

Sobre Augusto Frederico Schmidt:
“Tinha um conhecimento da vida às vezes bem realista. Quando comentei com ele que um amigo nosso estava me tratando de maneira meio hostil sem que eu soubesse a razão, perguntou apenas:
- O favor que você fez a ele foi muito grande?”

Sobre os ricos:
“Tenho ouvido vários ricos dizendo que no fundo continuam meninos pobres. Na verdade, para se tornarem ricos, aceitaram o jogo da vida e se transformaram numa das razões da existência de meninos pobres.”

Sobre Literatura:
“Logo passamos a conversar sobre nosso assunto predileto: a difícil sobrevivência da literatura no mundo de hoje, especialmente a poesia, tal como a concebíamos.”
*
“Difícil arte essa, a de escrever para não dizer nada, em que são mestres os editorialistas de jornal. Escrever não é bem o termo: lucubrar talvez seja melhor. Lembrávamos sempre do que disse Sérgio Porto, quando um texto seu para televisão foi recusado, porque não estava como queriam:
- Me desculpem, mas pior do que isso não sei fazer.”
*
“- Sou uma máquina de escrever com algum uso, mas em bom estado de funcionamento. Nunca vivi a coisa literária. Sempre escrevi para ser publicado no dia seguinte. Como o marido que tem que dormir com a esposa. Pode estar achando gostoso, mas é uma obrigação.” (Rubem Braga)
*
“(...) nunca disse que o romance morreu. Ainda outro dia me atribuíram esta soez assertiva. O que eu disse, e repito, é que a literatura, para sobreviver, tem de encontrar novas formas de expressão, adequadas ao nosso tempo. Negar isto é tão ridículo quanto escrever soez assertiva.”

Frase de Jayme Ovalle:
“- O silêncio das coisas tem um sentido. Quem não entende isso, não entende nada.”

Sobre Oscar Niemeyer:
“No entanto há uma aura qualquer de grandeza que dele se irradia, como de todo artista verdadeiro, a partir da espontaneidade com que ignora a sua importância.”

Frase de Ingmar Bergman:
“O sistema de educação tradicional é uma humilhação. E quem humilha os outros, se humilha também.”

Sobre o sistema tradicional de ensino:
“Amar é respeitar o outro na sua integridade como indivíduo. Desde pequeno. Cada ser humano é diferente do outro. Respeitar essa diferença. O que serve indiferentemente para todo mundo não serve para ninguém. O que se ensina a uma criança, no sistema tradicional, é imposto de fora para dentro.”

Sobre a morte:
“- Você tem medo de morrer?”

Versos de Augusto Rodrigues:
“Para acordar
despertar os olhos
e descobrir nas coisas
o que de sonho há.”


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Conheça O SINCRONICÍDIO:
http://youtu.be/Vr9Ez7fZMVA
http://www.caligoeditora.com.br/osincronicidio/


LEIA AGORA (porque não existe outro momento):
http://www.mensageirosdovento.com.br/Manifesto.html


Venha conhecer também a comunidade Resenhas Literárias, um espaço agradável para troca de ideias e experiências sobre livros:
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http://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com.br/
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http://www.facebook.com/groups/210356992365271/
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http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=36063717
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Renata CCS 03/04/2014minha estante
Adorei o livro e a resenha!




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