AleixoItalo 20/07/2020Quais momentos compõe sua vida? Provavelmente ao responder isso passaríamos em glórias, conquistas, traumas e fracassos. Mas deixaríamos de fora a grande absoluta maioria dos nossos momentos: o cotidiano.
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Sem nenhuma pompa e indo direto ao ponto é disso que se trata "O Homem que Passeia": um homem passeando. A trama (ou ausência de trama) de Jiro Taniguchi, é sobre um homem que no caminho do trabalho, do supermercado, ou simplesmente andando a deriva, se deleita com cada pedaço do percurso: admira os céus, para pra respirar o ar, muda de curso apenas para descobrir uma nova paisagem, para pra admirar os animais.
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Com muitas ilustrações em planos abertos, a obra se assemelha à uma coleção de fotografias do cotidiano. Com poucos diálogos, são as belas ilustrações o elemento narrativo principal, mostrando a cidade e seus cantinhos mais simples, que se tornam parte do universo daqueles que passam por ali.
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Nem tudo são flores. Semelhante a um filme em plano sequência, a narrativa principal é o movimento do protagonista, mas faz falta a presença de tramas ou de uma linearidade mais sólida. Os passeios desconexos entre si, e os micro enredos (alguns com muito potencial) acabam se diluindo na ausência de uma história e acabam não criando uma conexão mais forte com o leitor, que só lhe resta uma sugestão forçada para filosofar sobre os pequenos momentos da vida e apreciar os belos desenhos.