Janaine.Mioduski 09/08/2022O fim da jornada...O Labirinto dos Espíritos é o quarto e último volume da série o Cemitério dos Livros Esquecidos, a epopeia pessoal do saudoso Zafón. Confesso que nenhum dos livros posteriores conseguiu superar o que a Sombra do Vento foi para mim, uma experiência literária sem igual, entretanto, o 4º livro cumpriu o que se propôs: ser o fim da jornada da família Sempere.
É inegável o talento do autor em criar ambientações incríveis e personagens inesquecíveis (Fermín é Rei!), mas acho que esse livro pecou em querer ser épico demais. O livro é a personificação do que várias vezes é repetido durante a história: importa mais como se conta, do que o que se conta. E com isso o autor cria e desenvolve tramas paralelas, que embora muito bem escritas, mal se tocam de maneira convincente e que ao final acabam de maneira fácil demais, e até covarde em alguns arcos.
Os pontos positivos desse último volume são o amor pela literatura, os ótimos personagens e a ambientação perfeita de mistério e clima Noir. Gostei que o grande vilão desse livro foi o franquismo e o rastro sangrento de crimes que deixou para trás após décadas de regime.
Em resumo, é um bom livro, muito bem escrito, mas ao contrário do afirmado pelo autor, acredito que o que se quer contar é tão ou mais importante do que como se conta.
“Este lugar é um mistério, Julián, um santuário. Cada livro, cada volume que você está vendo tem alma. A alma de que o escreveu e a alma de quem o leu e viveu e sonhou com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e fica mais forte. Há muitos anos, quando seu avô me trouxe pela primeira vez aqui, este lugar já era velho. Talvez tão velho quanto a própria cidade. Ninguém sabe com certeza desde quando existe, ou quem o criou. Vou lhe contar o que o seu avô me disse. Quando uma biblioteca desaparece, quando uma livraria fecha as portas, quando um livro se perde no esquecimento, nós que conhecemos este lugar, os guardiões, fazemos com que chegue aqui. Neste espaço, os livros de que ninguém mais se lembra, os livros que se perderam no tempo, vivem para sempre, esperando que algum dia possam chegar às mãos de um novo leitor, de um novo espírito. Na loja nós os vendemos e compramos, mas na verdade os livros não tem dono. Cada livro que você vê aqui foi o melhor amigo de alguém. Agora eles só tem a nós, Julián. Você acha que conseguirá guardar esse segredo?”.