Clio0 11/02/2019
Em 2017, a editora Darkside trouxe para o Brasil a continuação de A Guerra da Rainha Vermelha - favor não confundir com A Rainha Vermelha da autora Victoria Aveyard.
Em The Liar's Key, Mark Lawrence retorna com as aventuras do príncipe Jalan Kendeth:
"Sou mentiroso, trapaceiro e covarde, mas nunca, nunquinha, vou deixar um amigo na mão. A não ser, é claro, que para isso seja preciso sinceridade, jogar limpo ou coragem."
É realmente interessante ver como essas características se desdobram com o enredo, revelando um personagem mais maduro, porém consistente em seu desenvolvimento. Jalan não foi criado para ser um personagem odioso e, como o livro é narrado em primeira pessoa, todos os fatos passam pelo crivo do que ele chama bom-senso, o que é particularmente hilário quando vem de um berserker.
Se você não sabe o que é um berserker, aqui vai uma rápida explicação: um guerreiro que utiliza sua fúria incontrolável como forma de se tornar imbatível em batalha. O problema é que esse sentimento beira a insanidade e, ao entrar nesse estado, um guerreiro se revela incapaz de raciocinar ou mesmo perceber o que está fazendo.
Ver, então, um personagem que é essencialmente um diplomata, um malandro altamente articulado, ter suas ações dominadas por essa particularidade não é apenas divertido, é verdadeiramente especial ler a interpretação que Lawrence faz dessa construção.
The Liar's Key, bem como seu predecessor Prince of Fools, se passam dentro do universo do Império Quebrado (ou Broken Empire). As duas trilogias ocorrem no mesmo espaço de tempo, mas não precisa ter medo de estar lendo uma reedição com um ponto de vista diferente.
O mundo onde se passa a história é uma distopia pós-apocalíptica que segue a ideia de Arthur C. Clarke "Uma ciência e tecnologia muito avançada pode parecer magia para um povo primitivo". Ideia legal, né? Contudo, o autor vai mais longe e põe física quântica na jogada! No novo mundo, crença molda a magia criada por máquinas.
A classificação precisa de um pouco de cuidado, no entanto, já que o autor pisa na fina linha que separa os livros Young Adult dos livros adultos e a obra não é, propriamente, algo que você deveria pôr nas mãos do seu pimpolho de treze anos. Não há nada explícito, porém a temática é adulta, não espere ver lições de moral nessa história.
Enfim, é uma sequência digna e merecia mais destaque do que realmente recebeu.