Thaisa 23/08/2023
Preciso começar essa crítica pontuando que, por alguns capítulos, eu realmente acreditei ter pulado algum volume ou mesmo estar lendo um mangá totalmente diferente, mas que alívio foi perceber que não - o que aconteceu foi mais complexo do que eu imaginaria nesse momento da trama... De repente, após tantas informações sobre o universo de "Attack on Titan", há um salto temporal de 4 anos - e o foco deixa de ser os protagonistas que acompanhamos até agora e passa a ser os titãs.
Apesar de conhecermos novos personagens, eles estão totalmente interligados à outros titãs que são conhecidos do leitor, sendo que, além de sabermos mais sobre a guerra que está acontecendo no mundo, veremos como tudo que envolve a trama de "Attack on Titan" é um reflexo da realidade e das complexidades exploradas não apenas em ciclos de violência, mas no controle de massa, na lavagem cerebral e na vida de tantas pessoas que acreditam serem inferiores apenas por serem quem são. Conforme o volume avança, descobrimos que personagens que considerávamos vilões foram extremamente afetados por ideologias que transformaram suas personas.
Enquanto o traço de Hajime, já consolidado, brilha ainda mais em quadros onde há conflitos (algo que, em volumes passados, deixou a desejar) o que realmente choca o leitor é o enredo que Isayama criou: suas múltiplas camadas, os fatores históricos, forjados na realidade e mostrados apenas de um outro viés, além de nos presentear com personagens tão complexos e prolixos, explorando desde questões de saúde mental até o que o trauma pode gerar, podendo vir de um acontecimento único, de um relacionamento familiar ou até mesmo do preconceito que se encara durante a vida.
O que me tirou um pouco da leitura foi o súbito começo e a saudade de ver protagonistas tão queridos, mas entendo perfeitamente o motivo do mangaká ter escolhido ir por este caminho, em especial nesse instante da trama, cujo intuito é demonstrar que uma guerra envolve mais do que apenas fatores ideológicos, mas, sim, pessoas reais que são colocadas em um conflito que não deveriam...
Nesse caso, é pior ainda, já que vemos crianças que crescem sendo manipuladas para acreditar em uma verdade que não só não é real como ainda culmina em toda uma sociedade que gostaria de destruí-las, mas que também demonstra, com maestria, que o ódio é semeado e ensinado desde a infância.
Assim que compreendemos quem é quem, a narrativa volta a fluir, nossa curiosidade apenas aumenta e buscamos conjecturar sobre uma possível junção de pessoas que estão em lados opostos, visando a sobrevivência e o fim dessa batalha infindável.
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