baunilha 28/06/2010Quando eu vi esse livro na Saraiva, eu gostei do título, da sinopse, mas não fiquei imediatamente encantada. Como não era um livro baratinho, eu esperei dar uma olhada em algumas resenhas na Internet para ter mais dados sobre o enredo e resolver comprar ou não.
Então eu li umas resenhas que me fizeram voltar lá no dia seguinte e comprar o livro. Uma das coisas que mais me interessou no livro, mais que a temática de vampiros, é essa contextualização histórica que a autora fez. Eu sempre gostei de estudar história – e quase fui cursar História ao invés de Pedagogia – e a Segunda Grande Guerra é um tema que eu adoro. Aliás, eu adoro estudar qualquer tipo de sistema totalitário (vide meu amor incondicional por Vladmir Lenin e Getúlio Vargas).
Bem, esse não é um livro sobre vampiros bons. Eles não têm a intenção de impedir a guerra porque são legais ou valorizam a vida humana. Esses vampiros precisam simplesmente manter seu estoque alimento em quantidade suficiente, e na qualidade desejada. Desculpem a comparação, mas é basicamente como um criador de galinhas que evita que raposas invadam o seu galinheiro.
Assim, junto com outros vampiros, Brigit é mandada a Alemanha, durante o terceiro Reich para tentar impedir que a guerra realmente acontecesse. Brigit é uma vampira milenar. Sim, ela tem mais de mil anos, mas por sua descrição e pela contextualização de sua vida antes de tornar-se vampira, ela deveria ter uns 17 anos ao ser transformada. Os vampiros milenares são mais fortes que os vampiros mais novos, além de mais experientes. Eles resistem há mais tempo sem alimento, além do fato de que os “caçadores de vampiros” precisam de técnicas especiais para reconhecer e matar esse tipo de vampiro. Por isso, apenas os milenares são enviados nessa missão.
Ao embarcar para a Alemanha, ela deixa seu grande amor, Eamon, na Inglaterra porque ele não é um milenar como ela. Ele foi transformado mais de duzentos anos depois de Brigit e a história se baseia na falta, na saudade que um sente do outro de depois de séculos vivendo juntos.
A missão de Brigit e dos outros milenares na Alemanha, além de difícil, não dá certo (como sabemos, a Guerra realmente aconteceu) e ela precisa fugir de volta para Inglaterra, trazendo uma carga preciosa, que o leitor só descobre qual é e sua importância a partir do meio do livro.
A narrativa não é linear e ele é escrito em terceira pessoa, o que possibilita escrever cada capítulo na visão de um dos protagonistas: Brigit e Eamon. O leitor vai conhecendo Brigit e sua história através das lembranças de Eamon durante os dias que passa sem ela. Ele usa as memórias para matar a saudade de que tem e assim vamos compreendendo certas questões.
Do mesmo modo, a partir de Brigit vamos conhecendo melhor os outros milenares e a sua missão. Em um capítulo ela está na Alemanha tentando se alimentar, em outro ela está voltando para a Inglaterra e no próximo, novamente na Alemanha, seduzindo um oficial da Gestapo.
Para os leitores menos atentos, essa não linearidade na narrativa pode parecer confuso, assim como a quantidade de personagens. Para mim, isso não foi problema, e eu até gostei, pois é um bom exercício de atenção ao tempo e ao contexto.
http://leiturinhas.com/2010/06/23/resenha-a-guardia-da-meia-noite/