Ramon 22/11/2018
A última superstição
Edward Feser é um filósofo americano e professor de filosofia do Pasadena City College. Suas principais áreas
de pesquisa são filosofia da mente, filosofia moral e política e filosofia da religião.
Nesse livro, o autor ataca o cerne do pensamento que o ateísmo se sustenta, que é o materialismo e suas diferentes formas.
Ao invés de refutar as falácias comumente ditas pelos ateus, Feser vai no coração do argumento e destrói o que sustenta a visão de mundo que os ateus tem (ou pelo menos deveriam ter se fossem coerentes).
Partindo da visão da filosofia clássica de Aristóteles, posteriormente desenvolvida por Tomás de Aquino e os escolásticos, Feser demonstra de modo bem inteligente como o ateísmo é falho e incoerente em explicar a realidade, e em como a filosofia moderna ajudou a difundir esse erro com base numa antireligiosidade
infantil.
O conflito entre fé e ceticismo é filosófico, e suas ideias que fundamentam esse conflito precisam ser analisadas.
Feser se apoia no realismo aristotélico contra o nominalismo, a velha briga entre universais e particulares.
Ato e potência, forma e matéria, causas finais, pode parecer filosofia abstrata demais para ser aplicadas a realidade, mas uma vez que se entende pelo menos um
pouco sobre isso, vê-se que de fato o horizonte de expande.
Feser também analise as famosas 5 vias de Tomás de Aquino, e mostra que nem de longe a tentativa de refuta-las feitas por ateus como Dawkins e cia, chegou perto de faze-lo, mas pelo contrário, só demonstra a total incompreensão da filosofia de Aristóteles da qual Tomás utiliza. De fato, tive o (des)prazer de ler várias partes do livro de Dawkins (Deus, um delírio), e sua compreensão das 5 vias é tão tola, que muito me espante que alguém
as leve a sério.
Feser, falando sobre o projeto materialista:
" Mas esse projeto foi erigido sobre uma mentira. É como no famoso provérbio confuciano: “Quando o dedo aponta para a Lua, o idiota olha para o dedo.” O secularista
moderno está como que completamente obcecado pelo dedo, o que não é surpresa, visto que se, como ele erroneamente supõe, não há no mundo nenhuma natureza permanente e nenhum fim natural, nenhuma causa formal e nenhuma causa final, naturalmente coisa
nenhuma pode apontar para nada que transcenda a si mesma. Na verdade, transcendendo a si mesmo, o mundo material aponta para Deus, mas o secularista só vê o mundo material.
Transcendendo a si mesmo, o lado material da natureza humana aponta para uma alma imaterial e imortal, mas o secularista só vê corpo e cérebro. Transcendendo a si mesmo, o ato sexual aponta para o casamento e a família, mas o secularista só vê o ato sexual. Et cetera , et cetera . Que mais podemos dizer? É a lua, imbecil."
Esse livro é uma aula de filosofia clássica, mostrando que a estrutura que sustenta o cristianismo sobrevive inabalada, mesmo em meio a um mar de críticas da filosofia moderna, e razão disso, como demonstrado, é que boa parte dessa filosofia moderna é incoerente.
Não deixe de conferir e aprender muito com esse livro!