sasakern 13/12/2023
Meu livro favorito. Prepare-se para chorar.
Para mim, uma pessoa atormentada constantemente pela depressão e pelos pensamentos suicidas, é difícil encontrar uma obra que fale do assunto de forma que me deixe confortável e que eu goste tanto. Para Onde Vão Os Suicidas é diferente de tudo que já li e me cativou completamente. Obrigada, Felipe Saraiça pela história maravilhosa.
Antes de falar do livro quero falar do autor. Felipe Saraiça é de um talento e sensibilidade absurdos. Tive o prazer de conversar com ele nas redes sociais e, quando não pude conhecê-lo na Bienal por conta de algumas circunstâncias, ele gravou um vídeo no telefone da minha amiga com uma mensagem para mim. Felipe, espero que você brilhe e que se torne um dos autores nacionais mais lidos do Brasil. Você é incrível!!
Agora, sobre o livro. Uma das características que mais gosto no livro é que ele não faz julgamentos, e nem justifica ações. Ele não julga Angelina, a protagonista, como errada por ter tentado contra a própria vida. Ele não julga aqueles que tem pensamentos suicidas, o livro os acolhe com sua narrativa. A obra é direta de forma poética, trazendo grandes reflexões sobre a depressão e como as pessoas lidam com ela. A depressão é uma doença, como qualquer outra. Deve ser tratada. As pessoas devem ser cuidadas. Para um suicida que não teve ajuda no tempo certo, a morte ainda soa como uma opção. De certa forma, o livro nos conscientiza a enxergar quando alguém precisa de ajuda, acolher a pessoa e a levá-la até tratamento, pois, como uma doença séria, a depressão deve ser tratada com ajuda médica. A narrativa da história é objetiva e dividida em capítulos curtos que são devorados loucamente por leitores ávidos como eu. Algo que eu gosto muito nessa obra é que todos os personagens apresentados poderiam facilmente ser os protagonistas do livro porque todos têm uma profundidade absurda. Isso se dá pela construção intimista que dá destaque para os sentimentos e atitudes de cada um. Dessa forma, causa uma grande empatia, algo essencial para toda a narrativa. Conforme cada personagem é desenvolvido, Saraiça desmistifica diversos dos estereótipos associados a suicídas e promove ao leitor a reflexão sobre vida, morte e como lidar com sentimentos complexos. As poesias, sempre presentes, são um show a parte conduzindo o leitor a uma viagem de emoções. Este é um livro que fala sobretudo de esperança e amor. Sentimentos que as vezes faltam nas pessoas, mas que podem sempre brotar no coração de alguém através de gestos simples e delicados. Junto de Angelina, o leitor passa a enxergar a dor do outro e busca uma forma de trazer o amor a vida de volta a essas pessoas. No final, o pensamento que fica é: temos que sempre ter empatia e gentileza sempre para cuidar de nós e dos outros.