Pilatos

Pilatos Carlos Heitor Cony




Resenhas - Pilatos


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Leiliane R. Falcão 28/06/2022

Primeiro livro que me deu vontade de gorfar
Pilatos é simplesmente genial.
Em uma leitura superficial, pode parecer apenas um livro escatológico, nojento, desnecessariamente gráfico.
Porém aqui o que encontramos é um escritor que usa o nosso idioma como arte. E como artista, ele brinca com as palavras, com a imaginação e com a inteligência de quem está lendo.
O enredo é absurdo. Em alguns parágrafos, o livro me trouxe sensações físicas, enjoei e tive vontade de vomitar em alguns momentos. Foi a primeira vez que um livro me proporcionou essa sensação. Na minha experiência, isso só mostra a força narrativa do autor, por realmente levar ao limite a imaginação de quem está lendo.
Fora isso, o livro mostra o tempo todo histórias de pessoas que estão em privação. O protagonista, está privado do próprio p@u, mas há quem esteja privado de alimento, prestigio, de ideias, mas uma coisa todos tem em comum. Estão privados da liberdade. Não é uma sensação agradável ver com uma lupa o que a ditadura faz com a vida de cada individuo.
Como um livro desse passou pela censura da ditadura, é um mistério que eu adoraria descobrir. Se eu soubesse que Cony era tão bom, teria lido antes!
Se eu leria de novo, mesmo com vontade de gorfar? Com certeza, porque não tenho vergonha na cara e o livro é magistralmente bem escrito.
Um livro genial, e não recomendado para pessoas sensíveis. Leia por sua conta e risco, e com um baldinho do lado kkkk
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Silvio 19/03/2021

ahahahahahah....QUAMURRIDIRRI....Geeeente, que loucura!
Não é um livro de humor, de piadas etc. e tal, é crítica/sátira/ironias à sociedade brasileira, mais especificamente à carioca dos anos 70; pode ser para a época atual também.
O autor mexe com muitos pontos da sociedade, tais como o regime militar, comunismo, fascismo, violência e pobreza urbanas, malandragem (a criatividade dos malandros), vigarice, virilidade, mentiras enaltecedoras.
Um fantasiava um pênis exageradamente grande e viril - homem nenhum diz ter o "distinto" pequeno e/ou flácido -, que satisfazia sexualmente todas as mulheres, que eram muitas.
Um tarado ninfomaníaco que se masturbava até seis vezes seguidas (putz!)
Apesar de alguns termos considerados chulos, usa um português fenomenal, uma gramática puríssima e de alto nível. Até aprendi várias palavras novas (e até chiques!), arquimandrita, estro, avoengo, panarício!!
É o primeiro livro desse famoso autor que leio, procurarei outros.
skuser02844 12/10/2021minha estante
É o nono livro desse famoso autor que leio, autor esse que é um dos meus favoritos, mas detestei esse kkkk
Indico Quase Memória, Romance Sem Palavras e A Casa do Poeta Trágico


Silvio 15/10/2021minha estante
Vou verificar. Grato pelas sugestões!




Vilamarc 18/07/2020

Tragicomédia Nacional
Um homem sofre um acidente e seu pau é amputado e lhe entregue num vidro de compota. A partir daí iniciam suas aventuras surreais ao lado de um novo amigo, lunático e fascista, em plena ditadura brasileira na década de 1970 (mas poderia ser hoje) até serem presos e, no cárcere, encontrarem outros personagens tradicionais dos anos de chumbo.
O resultado é uma tragicomédia bem brasileira, mistura de absurdo carnavalesco, pornografia, picardia vocabular, anticlericalismo, ateísmo herético, crítica e sátira política... desbunde total.
No cerne dos diálogos e discursos non sense, toda a bizarrice dos anos de repressão e política militarista. Genial!
Esse livro que eu desconhecia totalmente, me chegou às mãos como livro-viajante da amiga Mayara Moreschi, e é uma das grandes obras de Cony.
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Adriana Scarpin 08/01/2018

Em honra de Carlos Heitor Cony (1926 - 2018)
Quando ouvimos que Cony fora domesticado com sua volta à literatura nos anos 90 há de se concordar, a primeira fase de sua literatura é imensamente superior. Numa alegoria disfarçada de obscenidade (como o são as grandes obras obscenas da literatura) Cony perpassa os anos de chumbo de forma picaresca com a mais fina crítica sociopolítica e de quebra afronta os tolos moralistas com sua divertidíssima linguagem.
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Lili 29/12/2017

Pilatos
Que livro ruim! Realmente detestei. Um amontoado de piadas sem graça e palavras chulas com uma ou outra crítica social contundente.

Não recomendo nem para inimigos.
Cy 30/12/2017minha estante
Aos trancos e barrancos, sobrevivemos. i.i
Eu tô rindo com a nota 0,5. Nunca me atentei que era possível... até surgir Pilatos.




Thiago 26/12/2017

A via Crucis de um falo.
Nono romance de Carlos Heitor Cony, "Pilatos", narra a desventuras de um homem que acaba de acordar emasculado em um hospital, e que após a sua alta se vê numa via Crucis vertiginosa na qual vão se juntando personagens tão esdrúxulos como o narrador, Alvaro Picadura, que sempre traz junto seu falo, apelidado de "Pilatos", numa compota com álcool.
Os sucessivos acontecimentos com o grupo, são muitas vezes escatológicos e por vezes engraçados, como por exemplo, quando eles se veem presos, sem saberem o motivo e um dos personagens, um velho, insiste em comer o falo, achando que se trata de uma salsicha, e que só não obtém exito por ser desdentado.
O livro é repleto de simbolismos e de crítica a política da época, o que torna patente o quanto a nossa censura era ignorante por não ter notado as críticas nem tão veladas assim.
Livro escrito no ápice da forma e do estilo literário de Carlos Heitor Cony, que soube de forma simples e direta, narrar os dramas e anseios que poderiam ser aplicados a qualquer pessoa.
Salomão N. 26/12/2017minha estante
Ótima resenha.
Compacta e eficiente.


Thiago 26/12/2017minha estante
Rapaz, não, chame isso de resenha não, isso é só um comentário!
Ainda estou tentando soltar os dedos e melhorar, para que um dia eu possa de fato fazer uma resenha com todas as nuances e sutilezas que uma resenha de verdade necessita!


Salomão N. 26/12/2017minha estante
Está melhor que as minhas resenhas.


Lili 17/01/2018minha estante
O apelido na verdade é Herodes.




Renata 27/09/2014

livro do dia: Pilatos de Carlos Heitor Cony
Meu livro do dia: Pilatos de Carlos Heitor Cony

Minha primeira (de muitas vindouras) leitura de Cony, é incrível no sentido de não ser crível, é escatológico E engraçado, duas coisas difíceis de bem juntar.

Ambientado em uma descrição leve do centro do RJ foi impossível deixar de acompanhar a saga de "Álvaro? Picadura?!" na defesa de seu ex-Falo habitando em um vidro de compota, como é difícil manter a salvo um vidro de compota!

Os acontecimentos são absurdos, mas as experiências e reações dão conta de dizer das nossas neuroses e loucuras cotidianas.
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jota 14/04/2013

O depauperado
Este livro de Carlos Heitor Cony tem apresentação de Mário Prata – tão engraçada quanto a história aqui contada – e na contracapa vem recomendado por ninguém menos do que um dos maiores críticos literários brasileiros de todos os tempos, Otto Maria Carpeaux.

Que não poupa elogios à obra, dizendo ser Pilatos um livro “(...) originalíssimo. Não tem semelhança com nenhuma outra obra da literatura brasileira.” Verdade que Carpeaux escreveu isso em 1975, mas de lá para cá não surgiu substituto à altura mesmo (mas bem que eu pensei em um ou dois livros de Campos de Carvalho). E conclui: “Quem tiver lido Pilatos estará melhor informado: sentindo toda a infelicidade de nossa condição humana e desumana. E o que se pode esperar mais de uma obra de arte?”

Pois é; livro cheio de humor do começo ao fim, mas que remete para um país que estava vivendo sob uma feroz ditadura militar – o livro é de 1974. Em todos os trechos onde aparecem militares ou eles estão batendo nos estudantes (que protestavam em passeatas) ou em presos sob seus cuidados...

Não apenas por isso, espanta também que o livro não tenha sido censurado na época, tamanha é a quantidade de palavrões, ofensas e situações verdadeiramente escatológicas que apresenta. Talvez por isso mesmo: as famosas pornochanchadas de nosso cinema eram igualmente liberadas pois não tocavam nas questões políticas.

Mas o livro de Cony vai muito mais longe do que aqueles filmes: é carregado de um simbolismo que provavelmente a inteligência dos censores não conseguia perceber ou então esses caras pensavam que, pelas primeiras páginas, Pilatos não passava de um livro apenas de humor mesmo – ou pior, ainda, de religião. Toda ditadura, além de truculenta, acaba se mostrando burra, não?

Sobre os agentes da repressão: “Da mesma forma que um dia nos prenderam da mesma forma um dia nos soltaram.” Sem explicação alguma e, claro, também sem educação alguma: “Vão pra rua, seus filhos da puta!”. E como sempre, debaixo de porrada.

Bem, como alerta Mário Prata, que ninguém espere encontrar aqui aquele Pilatos que era Pôncio e que tinha síndrome de limpeza, de lavar as mãos. Pois o personagem principal deste livro se chama Herodes e não é propriamente um ser humano, mas parte de um, do depauperado Álvaro Picadura.

Lido entre (muitas risadas) 11 e 14/04/2013.
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Luis 18/12/2011

Metendo o pé na porta : Pilatos, a obra prima antiliterária de Carlos Heitor Cony
Em 1972, Cony já era um escritor e jornalista consagrado. Autor de oito romances até então, o último, “Pessach, a travessia”,lançado 5 anos antes, já havia sido um divisor de águas em sua carreira, pois Cony metia a mão no vespeiro que era a luta armada, não necessariamente endossando sem críticas a causa esquerdista. Mal sabiam seus leitores e admiradores , que a grande ruptura de Cony ainda estava por vir. Naquele ano, ele colocou o ponto final em sua grande obra. O mais iconoclasta de seus romances, o que seria o seu pedido irrevogável de demissão da literatura.
Ruy Castro em seu “O Leitor Apaixonado”, dedica a seguinte descrição a “Pilatos” :
“(...) Uma narrativa absurda, pornográfica, escatológica, um romance para acabar com os romances que ele ainda podia ser tentado a escrever. Um salto sem rede, um suicídio literário, e a prova de que falara sério nos livros anteriores, que já apontavam para a falta de sentido da família, da sociedade e do resto.”
Definitivamente, “Pilatos” era tudo isso e muito mais. Sua editora ficou 2 anos se decidindo em publicar ou não o livro, só o fazendo em 1974, assustada com a virulência do romance.
A história de um personagem totalmente à margem da sociedade, praticamente um mendigo, que teve o seu órgão genital decepado em um acidente e, que desde então, o carrega em uma compota e o defende como o seu maior bem, é recheada de momentos genialmente elaborados, causando por vezes choque e repulsa, mas também profunda admiração pela plenitude de um autor no amplo domínio de sua habilidade literária. Além, é claro, de muito, mas muito, humor. Esse talvez seja o traço mais marcante do livro.
Ao personagem principal, se juntam outras figuras bizarras que o acompanham em suas aventuras pelo submundo do Rio de Janeiro : Um fascista priápico, com veleidades de escritor (talvez por isso, batizado de Dos Passos); um jovem esquerdista permanentemente desligado; um aristocrata falido que faz suas necessidades em uma lata de margarina e um velho demente e esfomeado, que por várias vezes tenta surrupiar o falo da compota, supondo ser uma salsicha.
Como bem disse Otto Maria Carpeaux, “Pilatos” não tem paralelo em nenhum outro trabalho do autor, quiça, de qualquer outro da literatura brasileira ou universal. Com algum esforço, podemos identificar ecos desse mesmo espírito demolidor em alguns livros posteriores, como o recente “Pornopopéia”, de Reinaldo Moraes ou ainda “Confissões de Ralfo”, de Sérgio Sant`Anna. Talvez, alguns títulos de Pedro Juan Gutierrez ou de Bukowski possam compartilhar dessa mesma esfera.
Cony pretendia uma interrupção definitiva de suas atividades de ficcionista. Quase conseguiu. Seu silêncio durou 22 anos até a publicação do premiado e tocante “Quase Memória”. A partir daí voltou à ativa, embora seja na verdade um novo autor. Um renascimento. Ninguém lava as mãos impunemente.

Renata CCS 05/11/2013minha estante
Que bela resenha!


Arsenio Meira 24/05/2014minha estante
EXCELENTE!
Abraços




Felipe 10/03/2011

Surreal
Cony dispensa maiores apresentações, ele é dos maiores escritores brasileiros vivos e membro da Academia Brasileira de Letras. Em sua biografia, o que mais chama atenção é que quando publica um livro, seu nono, na década de 1970, resolve não mais escrever por estar satisfeito. Apesar de ter declinado de sua decisão mais de vinte anos depois, o livro que levou a este extremo deve ser muito especial, se trata de “Pilatos” e não decepciona em momento algum, é um livro obrigatório.
Se fosse possível apenas uma palavra para definir o livro de Cony eu escolheria surreal. Ao melhor estilo Kafka ele nos leva a situação, surreais, que divertem, angustiam e fazem refletir. O personagem principal e narrador, que tem seu revelado apenas uma vez e quase no fim do livro, é um revisor de um órgão de impressa a beira da falência que mora em um quarto de pensão em estado de quase miséria. As coisas pioram para ele quando ele sofre um grave acidente ao ser atropelado.
No hospital ele descobre que no acidente ele teve seu pênis decepado, e terá que se contentar com um tubo plástico no lugar apenas para urinar. Com uma solidariedade mórbida, as freiras do hospital guardam o pênis em uma recipiente, que vira um talismã para o personagem principal que o carregará durante quase toda a narrativa. Após escapar de uma tentativa de homicídio no hospital, ele é liberado e descobre que está na mais profunda miséria e terá que dormir na rua. Lá ele encontra o outro protagonista do livro, Dos Passos.
Juntos, o narrador e Dos Passos passam para situações mais absurdas possíveis. Entre elas, cedem o pênis do narrador para ser filmado como ator principal em um filme, são presos e torturados, participam de casos de sodomia entre muitas outras. As torturas são uma denúncia sutil de Cony ao momento político em que se passava na década de 1970, com a ditadura militar.
Outro destaque do livro são as histórias escritas por Dos Passos, que Cony reproduzir integralmente em seu texto. Estas metanarrativas são mais absurdas e surreais que a própria narrativa.
Porém o grande destaque para mim foi o fim do pênis do narrador e sua ligação com a demissão dele do seu emprego em um botequim de um português. Ambos as situações, que estão ligados, beiram o mais absurdo dos absurdos e por isto mesmo desconfiam que possam até ser reais.
A morte de Do Passos é mais tradicional, assassinado por engano. O livro começa e termina com este episódio e com a incerteza quanto a vida e sobrevivência do narrador, que pode estar muito bem em cada de nossas esquinas.
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Lima Neto 19/02/2010

um bom livro, bem escrito e divertidíssimo, o da saga de "Herodes" e de seu "dono".

a primeira parte é impagável, principalmente o início, quando o personagem se vê deitado num leito de hospital, sem entender nada do que se passava, tendo diante de si enfermeiras com os olhos fixos, ora nele, ora no vidro, ao lado de sua cama, onde boiava um corpo estranho e ao mesmo tempo tão familiar. a partir do momento em que ele (o personagem) se dá conta de que aquilo era seu tão precioso "Herodes", se inicia sua saga, na qual prometeu nunca mais se separar de seu precioso "caralho".
a cena em que ele vai tentar penhorar seu precioso tesouro também é impagável.

no entanto, acho que apesar de a partir da segunda metade ter passagens muito boas, o livro tornou-se um tanto quanto enfadonho e cansativo.

eu também fazia uma imagem diferente desse livro, o que acabei não encontrando.
o livro é bom, sem dúvida, muito bem escrito, isso é inegável, e engraçado.
enfim, um bom livro para quem busca um bom entretenimento.
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Andréa S. 11/05/2009

Hilário
Cretino como Cony pode ser, esse livro é uma peça rara que você simplesmente tem que ter. É engraçadíssimo, o tempo todo, uma leitura fácil, mas que tem um senso de crítica aos homens de hoje em dia, que é bem interessante. Um excelente livro.
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