Israel145 07/09/2012O livro é um apanhado geral da crítica literária do autor referente aos chamados “clássicos” da literatura universal. Neste apanhado, há artigos para revistas, jornais, prefácios de livros e várias outras contribuições do autor sobre grandes autores e obras que foram reunidos nesse livro.
Crítica literária, prefácio e artigos podem ser até ruins de ser lido pelo leigo, tornando a leitura difícil, já que Calvino é um intelectual com uma considerável bagagem literária, mas tem um elo que une o leitor comum com a maioria dos leitores, seja em formação, seja os já formados: o amor pela literatura. E é esse amor que faz com que Calvino chame a atenção dos leitores e lance uma nova luz aos grandes escritores, mas o mais legal é que ele foge das obras “óbvias”.
Todos eles estão lá. Desde as obras do início do milênio até as do século passado e algumas poucas atuais, podemos ver, por exemplo, um Flaubert além de Madame Bovary, que seria sua obra mais conhecida, um Dickens além de Grandes Esperanças, um Melville além de Moby Dick, Um Tolstói além de Anna Karenina. Essa diversificação fugindo do óbvio valoriza a bibliografia dos grandes escritores criando mais alternativas para o leitor comum cair de cabeça e se aprofundar nas obras citadas.
A bagagem intelectual que Calvino carrega em linhas e mais linhas de referências e análises comparadas, torna a leitura leve por que a maioria (nem todos) os artigos aqui tratam dos livros citados como se tivessem sidos escritos no auge da empolgação por uma pessoa que tivesse acabado de ler uma grande obra e estivesse ainda extasiado, mas como o próprio autor revela, houveram casos em que algumas obras foram lidas por ele há uns bons 30 anos atrás, contando a data da publicação do artigo.
Mas é bom salientar que o livro não é uma espécie de guia de clássicos. Há algumas obras que servem sim como pilar para quem busca simplesmente ler um bom livro, outras constam do livro por aspectos literários que talvez não agradem o leitor comum. Mas de fato, é um bom livro para se ler e ter à mão na estante, e como o autor sugere logo no início dessa edição, o leitor deve ter sua própria estante de clássicos, que são para eles os livros que devem ser lidos e relidos, e outra com livros para serem conhecidos durante a vida de leitor, sendo que os da segunda estante podem migrar para os da primeira, ou seja, quem escolhe o que é clássico e o leitor, mas o autor dá uma belo direcionamento para a montagem da primeira estante.