Coruja 15/05/2019Calvino começa seu Por que ler os clássicos? com um ensaio que possui a mais acertada descrição que já vi do que seja um clássico. Melhor ainda, pode-se fazer a lista das definições que ele propõe - do rol, uma das minhas definições favoritas é de que "um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer."
Calvino deixa muito claro que os títulos elencados no livro são ‘clássicos pessoais’, sublinhando ser o impacto que eles têm no leitor o que os torna indeléveis. Bloom defende a técnica, mas Calvino nos lembra que histórias são importantes por aquilo que elas representam na vida de seus leitores. São livros frente aos quais somos incapazes de nos manter indiferentes. Em resumo, são as histórias que lemos não por obrigação, mas por amor.
Lembro de pegar esse título num estande de livraria, folhear e depois me aboletar no chão mesmo para começar a ler. E ficar tão apaixonada que, quando deu a hora de voltar para casa, corri para o caixa porque precisava levá-lo comigo e terminá-lo.
Calvino também se tornou um volume de referência para pesquisas preliminares quando termino de ler um livro e vou escrever a resenha ou mesmo preparar um debate do clube de leitura de que participo. As análises que ele faz dos títulos que estão em sua lista de clássicos pessoais - apresentados de forma cronológica - são breves, mas muito pertinentes, concentrando-se normalmente num aspecto estrutural da obra/autor. Por essa razão, Por que ler os clássicos? tem um porém: se o leitor não está familiarizado com os títulos ou o estilo do autor comentado em cada ensaio, vai se sentir bastante perdido no caminho. Ainda assim, gostaria de poder compartilhar ad infinitum o primeiro capítulo dele, que é justamente o ensaio que dá nome ao livro.
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