Adriana Scarpin 15/02/2018Décimo sexto livro do clube de leitura feminista da Emma Watson no GoodreadsNo primeiro capítulo a autora traz a história das questões raciais na Inglaterra, o que é muito interessante pois não chega até nós essas informações, nós sabemos da questão colonial e das grandes guerras, mas não o que passava aos negros dentro da própria Inglaterra, a própria autora menciona o fato de não existirem filmes ingleses sobre a história negra no país.
No segundo capítulo Eddo-Lodge menciona como funciona o racismo estrutural na Inglaterra (que acaba não sendo muito diferente do Brasil), menciona a possibilidade da política de cotas, tudo sob um viés intersecional da qual as maiores prejudicadas são as mulheres negras como sempre.
No terceiro capítulo a autora destrincha o privilégio branco e como seus detentores são cegos com o fato de estarem inseridos nesse contexto não tendo consciência do racismo estrutural quue permeia a sociedade.
No quarto capítulo Eddo-Lodge começa com uma entrevista a uma espécie de Bolsonaro britânico, para logo em seguida explicitar o cerne da questão que envolveu o backlash contra o Idris Elba como James Bond, a Hermione teatral ser negra e o John Boyega como herói de Star Wars - todas essas pessoas com uma linha de pensamento deveras distorcido estavam com medo de um suposto genocídio branco (!!!) e é isso mesmo que eles tem medo, clamam que os negros farão com os brancos o que fazem com eles.
No quinto capítulo a autora dá as bases para a interseccionalidade, de o quanto é absurdo um feminismo que não leva em consideração o viés de raça e classe, ela pontua de como o feminismo branco inglês é resistente a esse conceito prevalecendo um olhar que nulifica o sofrimento de grande parte das mulheres.
No sexto capítulo discute-se as questões de classe na Inglaterra e o quanto são intrínsecas com a de raça, através de um panorama econômico elenca que racismo e xenofobia são a arma do privilégio branco quando deveriam focar no disparatado sistema capitalista que privilegia os mais abastados.
O sétimo e último capítulo serve como um pedido para os que detem privilégios se tornem mais cônscios do racismo estrutural e que o futuro depende de como podemos reestruturar essa realidade.
Fico feliz que a Emma Watson tenha escolhido esse livro tão pesadamente intersecional para o Our Shared Shelf, ela que já foi acusada de feminismo branco, isso trará uma nova visão a milhares feministas ao redor do mundo, não só a respeito do racismo estrutural na Inglaterra de que não temos muito conhecimento, como bem da interseccionalidade em si.
Ah, a julgar pelos homens brancos dando uma estrelinha ao livro no Goodreads aparentemente Eddo-Lodge fez um ótimo trabalho. Rá!