Morgana Brunner 09/02/2018
Cem dias na prisão - Marcos A. Junior
Oii gente, tudo bem?
Hoje é dia de trazer a resenha do livro que recebi em parceria com o autor Marcos A. Junior, o qual me tornei parceira recentemente. Estava ansiosa para ler algo do mesmo. Ao conferir a sinopse, vi que a obra abordaria um assunto totalmente diferente, algo que nunca trago por aqui. Vou contar tudinho o que achei nesta resenha.
Cem dias na Prisão é aquele tipo de livro que nos leva a pensar no que os presos sofrem nos presídios. Muitos indivíduos possuem penas demasiadamente extensas, o que os levam a habituar-se ao ambiente. Em outros casos, como nos do protagonista, por ser um aspirante a escritor, pegam-se refletindo e revoltados com o descaso, pois são humanos iguais a quaisquer outros e devem ser tratados de uma maneira, ao menos, respeitosa. Não é como se desejassem um tratamento equivalente aos que estão, mas uma alimentação digna é desejável, além de instalações ponderadas, mesmo sem muita comodidade.
"O mundo evoluiu e ele, que sempre fez seu trabalho com eficiência, ficou para trás." Pág. 80
Diante das atrocidades que muitos que estão ali cometeram às outras pessoas, chegamos ao ponto de pensarmos naqueles que entraram sem terem feito nada e que estão ali injustamente, por mero acaso. Aquele tipo de caso sem pé e nem cabeça. Ocasiões que deixam as famílias em desespero e as vítimas sem chão. Apesar desta possibilidade, querendo ou não, todos irão contra o acusado.
Conhecemos Thomaz, um rapaz que estava completando seus 18 anos, praticamente iniciando a sua vida, no dia em que foi capturado. Seu presente de aniversário fora uma prisão inesperada, sem motivos. A única coisa que sabia é que teria de seguir em frente, aguentando firme e forte, pela sua família, mesmo os que o condenaram arbitrariamente, e principalmente por sua esposa grávida, que era seu tudo.
"Todos convivem com as suas piores faces e encontram tranquilidade espiritual em tais brutalidades psicológicas." Pág. 119
Thomaz nos relata a sua tristeza e as atrocidades que teve de aguentar nesse tempo em que esteve preso, sem qualquer regalia ou contato exterior. Apenas recebia visitas, mas raramente alguém ia ao seu encontro, o que o deixara cada vez mais abatido. Fora o fato de tudo ter acontecido de uma maneira tão repentina, o que o fez sofrer aquele “choque” de realidades ao ser encarcerado. Além de esta ser a única vez em que fizera o pai chorar de desgosto. Isso o martirizou por todos os dias em que esteve preso aos próprios pensamentos e anotações. Não queria ter causado tamanha dor a ele, mesmo não sendo culpado.
"A decepção ficou notável em minha expressão após aqueles poucos minutos de enfrentamento próprio." Pág. 207
Esta obra é um relato realista, apesar de não ser um acontecimento vivido pelo autor. É o momento de conhecermos o que os presidiários enfrentam diariamente, onde dormem, o que comem, como vivem, podendo esses serem os últimos dias de suas vidas, dado o conflito recorrente dentro da cadeia, e pensarmos se aquilo é o que queremos para nós, medindo nossos atos futuros.
Cem dias na prisão foi uma leitura rápida e viciante. Pensei que estava começando, mas quando dei por mim, passei da metade em menos de duas horas. Isso foi algo chocante para mim, pois ultimamente ando ficando muito cansada com tudo. Final de ano é assim mesmo.
Houveram momentos da leitura em que tive altos e baixos. Refletia sobre as dificuldades que Thomaz passava a cada dia, além das várias considerações feitas pelo mesmo. Suas palavras eram cruéis e revelavam o que muitas mídias escondem de nós, por não termos conhecimento ou até mesmo evitarmos pesquisar sobre, achando, erradamente, ser uma realidade muito distante de nós.
Sempre gosto muito das edições da Editora Giostri e essa não me decepcionou. As letras são de um tamanho ótimo para a leitura. Para a minha felicidade, não encontrei erros ou acabei não os percebendo, por estar tão envolvida com o que estava ocorrendo na trama.
A escrita de Marcos é ótima! Não é aquela coisa maçante que chega a dar sono. É uma estrutura bem empolgante, por ter exposições, em sua maioria, de até duas frases, o que deixa a leitura mais ágil e bem tocante. Além do mais, eu já tinha lido um conto do autor e apreciado demais.
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